Capítulo 7

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O sol começava a nascer no horizonte quando James finalmente chegou em casa. Ele não tinha demonstrado para Katherine, mas a descoberta dela ser uma caçadora o abalou profundamente. Alguém tão gentil e prestativa! Acolhia os rejeitados, os sem teto - como poderia ela caçar e matar seres como ele?

Ao entrar pela porta, ele foi recebido por Demétria, sua demônia de estimação - como ela mesma gostava de se chamar, embora James a considerasse uma amiga e empregada. A jovem parecia preocupada, questionando o mestre sobre a demora e o fato dele não ter se preocupado em evitar a luz do sol.

Ele contou tudo o que aconteceu e a demoniazinha ficou furiosa, acreditando que ele deveria matar Katherine. Sua bronca acabou atraindo Frederick, outro servo da mansão e um vampiro transformado por James.

— Bem-vindo de volta, mestre. – cumprimentou Frederick. – Demétria não parava de reclamar que o senhor não chegava nunca, estávamos preocupados. Como foi o baile?

— Desculpe a preocupação. – disse James com um suspiro. – Tive alguns contratempos.

— O que aconteceu? – perguntou Frederick, curioso.

— Katherine... Me descobriu. – respondeu James olhando para o chão. – Não sei o que fazer, agora ela nunca irá me ouvir. Todo o meu plano foi por água abaixo.

— Senhor... Com todo respeito, ela iria descobrir de uma forma ou outra. Melhor agora do que quando estiverem noivos, assim ela pode fugir e nunca mais voltar — disse o servo, com um sorriso. Ele parecia feliz em saber que a garota não teria reagido bem à descoberta. — Se precisar de ajuda, pode contar comigo, mestre, Além disso, lhe trarei um cálice de sangue para que você possa se recompor.

— Fred, por favor. Você sabe o quanto a amo, o quanto, isso foi muito inapropriado. – James engrossou a voz, desconfortável.. – Irei descansar agora. Por favor, me deixe em paz. Vocês dois também deveriam descansar, merecem isso depois de esperar por mim.

— Me desculpe, mestre. – Frederick abaixou a cabeça, se penalizando por ofender James, antes de se retirar com Demétria.

Com a ordem dada, os dois servos partiram, deixando James sozinho em seu trono. Frederick logo voltou com o cálice, contrariando o mestre. Ele se reclinou na poltrona e suspirou, bebendo um longo gole e sentindo o sabor metálico do sangue em sua boca. Frederick sempre o mimava, mesmo que James preferisse guardar sua sede para momentos especiais. O vampiro mais jovem era um fiel aliado, mas também um amigo, e aparentava ter uma leve paixão por seu mestre.

Enquanto o dia se arrastava, James permaneceu imóvel, perdido em pensamentos sobre sua amada. Perguntava-se como seria seu próximo encontro, o que diriam um ao outro. Quando o sol se pôs, ele levantou e se aproximou da janela para admirar a lua. Costumava fazer passeios noturnos com Kath nessa hora, quando a lua iluminava seus cabelos ruivos e a deixava ainda mais linda.

Enquanto isso, na casa Dortaam, Katherine observava a mesma lua, dividida entre seus pensamentos sobre James e o que fazer com a mordida. O sacrifício seria o caminho certo, uma morte honrada para evitar a propagação da infecção. Mas ela não apresentava sintomas, havia comido normalmente e até sopa de alho fornecida no jantar. Iria atrás de James, precisava descobrir o que estava acontecendo.

Com essa ideia em mente, Katherine se levantou do parapeito da janela e trocou seu roupão de dormir por um longo vestido vermelho bordô, composto por um corpete cuirass de mangas compridas e uma saia que descia ajustada da cintura, e então, à altura dos joelhos, sua parte traseira se abria numa lindíssima forma de leque.

Ela tinha algo importante a fazer e não podia perder tempo.

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