O príncipe herdeiro Crolse passou a noite acordado — o que não era nenhuma novidade — tentando contatar os dragões. Não podia nem sequer avisar sua família sobre a morte da rainha, pois não levaram uma esfera de ametista, ferramenta usada para a comunicação a distância.
Crolse trabalhou a noite toda, mas isso não fora suficiente para distrair sua mente de sua perda. Seus olhos estavam inchados de tanto chorar. O jovem príncipe olhou-se no espelho após lavar o rosto no banheiro e ficou desgostoso com o que viu. Nada principesco... Pensou, e retornou ao escritório fungando.
– Vossa alteza. – Um servo bateu na porta entreaberta. – Usamos o artefato mágico que nos entregou e conseguimos contatar os dragões. Solicitamos a presença deles e aceitaram sem questionar.
Ok, isso é estranho. Pensou Crolse. Os dragões raramente aceitavam contato com outras criaturas, quem diria convites, ainda mais tão rápido.
– Certo, obrigado. Eles disseram algo mais? – Perguntou Crolse, mexendo distraidamente nas folhas sobre a mesa. O criado pensou por um instante.
– Ah, sim, senhor! Eles também disseram que estariam aqui nessa noite mesmo. E que esse encontro deveria ser sigiloso.
Bem, essa parte eu tenho que concordar... Pensou o príncipe, sentindo-se culpado. Papai nunca faria negócios com os dragões, ele não pode saber de forma alguma!
– Eles disseram o porquê de virem tão rápido? – Crolse franziu o cenho, achando aquilo muito suspeito. O servo sacudiu a cabeça negativamente e Crolse o dispensou. Sentou-se em sua poltrona confortável e o peso do cansaço caiu sobre seus ombros. Fechou os olhos e pensou na pequena Anllye, que deixara aos cuidados de Horiluc. Estava quase caindo no sono, quando ouviu alguém bater na porta do mesmo jeito que a noite anterior. Oh, não...
– Entre! – Crolse levantou, ajeitando suas roupas e dando a volta pela mesa. Doutor Horiluc entrou com uma expressão desolada no rosto. Oh, por favor, isso não...
– Sinto muito, vossa alteza! O coração da princesa Anllye parou.
***
O bebê no berço dourado parecia uma boneca, mas Crolse se recusava olhar para aquela cena. Virou para o médico ao seu lado. Queria chorar, mas já não tinha mais lágrimas e sua cabeça doía.
– O senhor fez tudo o que estava ao seu alcance? – Perguntou o príncipe, sem emoção na voz. Sentia-se completamente quebrado. Horiluc balançou a cabeça, afirmando.
– Sim, alteza. Ela está em seus últimos suspiros, mas aparentemente seu coraçãozinho parou. – O médico ajeitou os óculos no rosto. O príncipe franziu o cenho, talvez ainda houvesse esperança.
– Se os dragões chegassem nesse instante, ela poderia ser salva?
– O processo seria mais delicado, mas sim. Porém não é o caso...
– Certo, deixe-me agir então. – Disse Crolse, arregaçando as mangas de seu traje real. Horiluc o olhou surpreso.
– O que sua alteza fará? Não acho que exista alguma técnica médica ou magia de cura que eu não conheça, ou já não tenha tentado...
– Não é uma técnica médica ou magia de cura, doutor. É a minha especialidade. – O príncipe herdeiro estendeu as mãos sobre a pequena fadinha e um clarão poderoso a iluminou. Ela parecia congelada.
– I-isso é um selo? – Doutor Horiluc tirou os óculos, desacreditado.
– Eu selei o tempo dela, será como se não tivesse passado nem um segundo sequer até que o selo se quebre. – Crolse esfregou os olhos com o indicador e o polegar. – É uma magia muito exaustiva, mas acho que aguento até à noite.
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O Curioso Relacionamento Entre A Princesa das Fadas e o Dragão Amaldiçoado #1
FantasyLivro I Uma princesa fada adolescente preguiçosa está entediada com a vida pacata no palácio. Seu pai está cansado e seus irmãos ocupados. O que fazer agora? Tomar uma atitude? Procurar um novo hobby? Claro que não! Reclamar da vida com seu irmão ma...