desastre

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Já estava esperando sentir a dureza dos grandes galhos da árvore, mas só senti uma superfície firme porém macia. Abro os olhos vendo um peitoral forte e musculoso abaixo das minhas mãos e de mim.

"Por quanto tempo você vai precisar ficar em cima de mim, princesa?" O maldito apelido saindo por essa maldita boca, sentia os poucos pêlos em meu corpo se arrepiarem.

Rolo para o lado, sentindo minhas costas encostarem na árvore, enquanto um dos meus braços permanecia em meu rosto, escondendo o rubor das minhas bochechas. Ouço uma pequena risada, me fazendo bufar.

"Você tem que parar de cair pelos cantos. Mesmo que eu seja responsável por você, ainda não consigo salvar você de tudo" Neteyam falava debochado, estendendo uma mão para mim. Bato em sua palma com força, empurrando ela de lado, fazendo com que sua cauda se mexa irritada para os lados.

"Isso não teria acontecido se você não ficasse aparencendo pelos cantos do nada" resmungo irritado, me levantando lentamente. O acuso, empurrando meu dedo no seu peito.

"De nós dois, você que apareceu do nada. Eu estou na minha casa, fazendo minha ronda noturna para proteger o seu lindo rabo" ele retruca irritado e eu sentia minhas bochechas arderem.

"Não preciso que fique me dizendo o que devo ou não fazer e eu não quero a sua ajuda, eu também sou um guerreiro. Se eu quisesse, acabaria com você aqui mesmo" rosno mostrando todas as minhas presas, neteyam franze o cenho, bufando divertido.

"Eu não perguntei se queria a minha ajuda, se você não entendeu ainda, eu tenho o dever de cuidar de você. Espero não ter que ficar repetindo isso todas as vezes que você cair por ai" sentia seu olhar pesado e desafiadores sobre mim, me fazendo encolher levemente, tentando fugir de seus olhos.

"Eu não preciso de babá" eu não deixaria um omaticaya qualquer me dizer o que eu tenho ou o que eu não tenho o que fazer. Neteyam revira os olhos, sorrindo ladino para a minha fala.

"Se continuar caindo pelos cantos desse jeito, você definitivamente precisará de uma babá. Você é alguém difícil, Aonung. Eu também não queria ter que ser babá de um na'vi como você, irá atrasar os meus treinos e minhas obrigações como futuro líder, mas é a tarefa que me foi passada pelo Olo'eyktan. Só espero que você facilite, ou as coisas ficarão feias e não serão para mim" ele murmura a última parte e eu fico me perguntando o que seria.

Vejo seu corpo abaixar e levantar logo após, Neteyam abre as mãos me mostrando a tornozeleira e o acessório que eu havia feito. Deveria ter caído quando eu caí.

"Acho que isso é seu" suas mãos colocam os objetos delicadamente sobre as minhas. O toque dos seus dedos gelados devido ao frio da floresta, queimava a minha pele quente.

Neteyam ia seguir seu caminho, mas se vira um pouco surpreso quando eu agarro o seu braço direito. Ele se vira lentamente para mim.

"Me desculpe, está bem? Você me recebeu muito bem. Eu só... É complicado" murmuro abaixando minha cabeça em vergonha, minhas orelhas encolhiam. Sinto uma de suas mãos acariciarem a minha orelha direita, me fazendo levantar a cabeça rapidamente.

"Está tudo bem. Eu sei que a responsabilidade de ser o mais velho é difícil" sua mão se afasta, voltando para segurar a corda do arco que carregava em suas costas.

"Isso é para você. Todos nós fizemos presentes para os membros da sua família e eu fiz o seu. Não é algo feito pela Tsahík, mas fiz o melhor que eu pude. Eu sei fazer acessórios muito bem, mas não sabia fazer algo parecido com o que os omaticayas usavam, a única idéia que me veio foi de usar as penas" entrego os objetos na mão do omaticaya, apontando para as três penas no acessório de cabelo.

Ma Yawntu (Hiatos)Onde histórias criam vida. Descubra agora