ida

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Acordei com as carícias de Tsireya no meu rosto, ela me guiou pelo marui até a nossa mãe. A tsahík nos mandou sentar na sua frente, vejo minha mãe retirar um colar dentro de sua bolsa de couro.

"Aonung" mamãe me chama, me fazendo olhar diretamente em seus olhos "quero que use isso aqui, seu pai me deu isto como presente de acasalamento, assim como a mãe dele" aceno com a cabeça, me virando de costas para que ela colocasse em meu pescoço. Era um lindo colar de contas, havia uma miçanga e uma concha brilhante no centro dele e várias pérolas em volta.

"Dê ao seu companheiro ou use-o como proteção, minha criança" sinto um beijo ser depositado na minha têmpora. Mamãe era cansativa, sempre me acalentava em seus braços quando estava triste, mas nunca ia contra as decisões do papai em relação a mim e Tsireya.

"Irayo, Sa'nok" agradeço, puxando-a para um abraço. Somos interrompidos por uma voz e o Olo'eyktan Metkayina entrando no marui. Todos nós abaixamos a cabeça em respeito.

"Rewon lefpom" ele fala sorridente. Ainda estava chateado a discussão que tivemos ontem, mas no fundo eu sabia que ele estava certo.

"Rewon lefpom, papai" Uma Tsireya feliz pula em seus braços. Papai rir murmurando um "minha garotinha" dando um beijo em sua bochecha, soltando-a no chão e se virando para mim.

"Aonung" Sinto minhas orelhas e minha cauda caírem com o chamado, suspiro já esperando uma suposta bronca. Levo meus olhos para baixo, observando o chão do marui.

"Rewon lefpom, papa..." murmuro baixo, mas o suficiente para que todos escutassem.

"Espero que tenha refletido sobre suas ações, iremos arrumar tudo para partirmos. Se comporte como o bom garoto que você é, meu filho" assim que ele termina de falar, sinto um beijo ser depositado na minha cabeça. Fecho os olhos, apertando eles em seguida.

Papai se afasta, guiando a líder espiritual para fora do marui com ele, me deixando a sós com Tsireya.

"Aonun-" Tsireya tenta falar.

"Não!" Minha voz corta a fala da minha irmã, fazendo-a recuar um pouco "Não quero falar sobre isso, por favor. Minha irmã, vá arrumar suas coisas como o papa falou, irei arrumar as minhas" viro meu corpo e caminho em direção ao meu quarto, arrumando minhas coisas.

Montava tudo nas cestas, o essencial para uma viagem de longos meses. Suspiro quando vejo roupas que só na'vi fêmeas usariam, papai e mamãe nunca firam contra a forma que eu me vestia, mas ele usava isso para que eu fosse forçado a acasalar com quem ele escolhia. Balanço a cabeça com os pensamentos, colocando as mais bonitas dentro do cesto.

Estanco no lugar quando vejo algo brilhante em cima da madeira que usava para jóias. Caminho naquela direção, segurando a pequena jóia que havia pegado no oceano a alguns anos atrás, nunca mostrei para ninguém. Aperto ela nas mãos, levando até o meu peito, fecho os olhos sentindo minha respiração calma.

Solto um suspiro longo, finalmente abrindo os olhos. Guardo a jóia entre as peças de roupas. A última coisa que eu pego é minha lança e meu punhal, colocando na minha bolsinha de couro que ficava no meu peito.

Pego as cestas caminhando até a praia, observo que já estavam todos lá, alguns metkayinas ajudavam a colocar as coisas nos tsuraks, prendendo nas amarras.

"Está tudo pronto, 'itan?" Papai pergunta assim que eu coloco as coisas no chão, pegando um dos cestos para colocar no meu próprio tsurak. Me lembro quando atingi a maioridade há 2 anos atrás, tinha apenas 16, mas havia matado um akula, sozinho e no meio da tempestade, papai sorriu orgulhoso pela primeira vez para mim, me ajudando a fazer a tatuagem no meu peito direito.

Ma Yawntu (Hiatos)Onde histórias criam vida. Descubra agora