conflito

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Meu rosto é forçado a virar para o outro lado enquanto sentia minha bochecha arder. Minhas mãos que antes estavam na cintura de aonung, se fechavam em punho enquanto eu mesmo respirava fundo. Aonung tinha acabado de me dar um tapa?!

Observo de canto ele colocar as duas mãos na boca e seus olhos se abrirem em completo choque. Passo a minha língua no canto dos meus lábios sentindo o gostoso ferroso no meu padalar. Limpo o machucado com a minha mão lentamente.

"Fique longe de mim! Não se aproxime ou eu matarei você!" Seus olhos afiados e desafiadores em minha direção me faziam querer rosnar e rir ao mesmo tempo, por que essa coisinha pequena me provocava tanto? Ele quer brincar de me ver irritado? Então iremos brincar...

Agarro suas duas mãos com força, prendendo contra a árvore atrás de si, aproximo o meu rosto suficiente do seu, quase encostando nossos narizes.

"Escute e me escute bem, coisinha insuportável, ninguém, NINGUÉM nunca me bateu e saiu vivo para contar história, agradeça a grande mãe por eu não esfola-lo vivo. Da próxima vez que você ousar fazer isso, eu mesmo pegarei você e não será da forma que nós vamos gostar, me entendeu?" Deixei minha voz sair de forma calma mas grossa, me permito sentir o seu cheiro por alguns segundos para terminar de falar "me entendeu?" Falo irritado, rosnando um pouco, fazendo as suas orelhas encolherem um pouco.

Aonung ainda mantinha o rosto afiado mas estava inseguro agora, abaixando a cabeça em minha direção "sim..."

"Bom. Vou levá-lo para o acampamento" a última frase que dirijo na sua direção, o céu já estava completamente claro agora, ele conseguiria caminhar com mais facilidade pela floresta.

Usava meu corpo para me movimentar com mais facilidade, correndo pela mata na minha frente, ainda era possível escutar alguns "Neteyam... Mais devagar" ou "Neteyam, não tão depressa" essas frases faziam meu corpo se arrepiar, sendo ditas pela boca ofegante do metkayina que se esforçava em me seguir, eu rosnava mas andava um pouco mais devagar, para que Aonung conseguisse me acompanhar.

E finalmente estávamos de volta, parei em frente a entrada da árvore, me virando na direção do Metkayina. Faço a reverência enquanto Aonung revirava os olhos e rosnava um pouco enquanto eu sorria indignado, dou espaço para que entrasse na minha frente.

Os líderes do clã metkayina caminhavam apressados na nossa direção, a Tsahík abraçando o seu filho imediatamente, farejando o filho para ver se havia algo errado. Aonung murmurava um "mãe, estou bem" para tranquiliza-la.

Meu pai se aproximava de mim, colocando sua mão no meu ombro direito, olhando sugestivo para o corte nos meus lábios.

"Lobos víboras" falo baixo o suficiente para que só ele escutasse, papai franze o cenho confuso, ainda avaliando alguns arranhões no meu corpo.

"Estavam perto?"

"Não o suficiente, direcionei eles para o leste, não chegarão tão perto por semanas, mande lo'ak levá-los mais adiante, perto do módulo antigo, assim afastará qualquer criatura que estiver perto" falo com firmeza, o mais velho me olha com orgulho, acenando com a cabeça.

"Irayo Neteyam, estou grato por ter salvado o meu filho. Darei um jeito nele para que isso não volte a se repetir" o Olo'eyktan do mar, faz uma reverência breve me agradecendo, interrompo sua fala, olhando diretamente para o seu primogênito.

"Com todo respeito, Olo'eyktan Tonowari, a culpa não é do Aonung. Eu que o incentivei e falei que a nossa floresta tem uma beleza pura e extraordinária com as luzes das flores noturna. Perdoem-me pelo o meu descuidado" minha mãe me olha em dúvida mas não me questiona. Peço licença para o meu pai e líder que apenas acena, movo o meu corpo para longe da visão de todos no centro da árvore.

Ma Yawntu (Hiatos)Onde histórias criam vida. Descubra agora