𝐸𝑟𝑎 𝑝𝑟𝑎 𝑠𝑒𝑟 𝑢𝑚𝑎 𝑚𝑒𝑛𝑡𝑖𝑟𝑖𝑛ℎ𝑎

𝐸𝑈 𝑂 𝑉𝐼!

~𝑺𝒂𝒏𝒆𝒎𝒊 𝒑𝒐𝒗~

Haviam se passado exatamente três meses desde o desaparecimento do meu pai, e pra dizer a verdade, espero que ele esteja morto, em qualquer canto do mundo. Mal consegui dormir, várias coisas passavam na minha cabeça, nem meus calmantes conseguiram me ajudar, nada me fazia bem, nem mesmo conversar com meus amigos, e nem mesmo a Kanae conseguia me animar, e pra falar a verdade tudo que eu queria era ficar sozinho, pensar um pouco em tudo que estava acontecendo, era muita informação para uma pessoa só, primeiro descubro que o Jun-seo matou meus pais, depois descubro que ele não é meu pai, depois a Kanae me contou que está grávida, e enfim quase fui morto, era muita coisa para eu assimilar, mais isso não iria me impedir de ir para a escola.

*

Cheguei na escola atrasado de novo, mais dessa vez, não esperei o professor sair da sala, simplesmente entrei e me sentei ao meu lugar, e assim como o vento, vários alunos se aproximaram de mim, me perguntando coisas do tipo: 𝑶𝒏𝒅𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒂𝒄𝒉𝒂 𝒒𝒖𝒆 𝒔𝒆𝒖 𝒑𝒂𝒊 𝒆𝒔𝒕𝒂́?, 𝑻𝒆𝒎 𝒎𝒆𝒅𝒐 𝒅𝒆 𝒒𝒖𝒆 𝒆𝒍𝒆 𝒗𝒐𝒍𝒕𝒆?, 𝑪𝒐𝒎𝒐 𝒔𝒆 𝒔𝒆𝒏𝒕𝒆 𝒔𝒂𝒃𝒆𝒏𝒅𝒐 𝒒𝒖𝒆 𝒗𝒐𝒄𝒆̂ 𝒏𝒂̃𝒐 𝒆́ 𝒇𝒊𝒍𝒉𝒐 𝒅𝒆𝒍𝒆?, Entre outras palavras, eu não queria responder essas perguntas, então simplesmente fiquei em silêncio.

-Ei dá pra vocês deixarem ele em paz?, Ele passou por muita coisa, ele não precisa ficar respondendo essas perguntas curiosas de vocês!- Daki diz me puxando para me sentar perto dela. Kanae havia faltado na escola, pois ela teria uma consulta com a Tamayo para saber como está o seu bebê, e eu teria uma consulta com o psicólogo Yoriichi daqui a três horas, e eu estava completamente pronto para me abrir com ele, para me livrar de todos esses problemas.

-Shinazugawa San, meu irmão mandou te dizer que houve um imprevisto, e o horário da consulta foi mudado, agora você precisa estar lá daqui a quatro horas- o professor Kokushibou diz após se aproximar para entregar uma prova para mim- como você faltou bastante por conta das suas razões pessoais, você perdeu muito conteúdo, então a direção pediu para eu te entregar essa prova, para você recuperar as notas que você perdeu

-Ok, obrigado- digo.

*

Fiz a prova, e logo era a hora do intervalo, então rapidamente comprei um suco de maracujá e fui para o terraço para tomar um ar, eu queria evitar as perguntas, queria evitar respondê-las, eu só queria ficar sozinho, para poder me recuperar de tudo que aconteceu naquele dia. De repente Tomioka apareceu, e veio na minha direção, imaginei que ele iria vir me fazer perguntas ou algo do tipo, mais ele simplesmente passou reto por mim e foi para o parapeito, e ficou lá um bom tempo, respirando fundo, e de olhos fechados.
Me aproximei dele, e fiz o mesmo, fechei meus olhos, e fiquei sentindo a brisa do vento.

-Olha, eu sempre te achei estranho sabia?- digo

-É mesmo?, Devo me preocupar com isso?- ele pergunta seriamente

-Olha, eu não gosto de você, e também não sou seu amigo, nem nada do tipo

-Legal, mais não sei se você percebeu, mais foi você que se aproximou de mim do nada, tá tentando conversar comigo só pra dizer que é uma boa pessoa, mais não quero perder meu tempo com você, e também não quero te irritar, sei que você precisa se acalmar, então com licença- Tomioka diz

-Você se acha né?, Idiota!- digo

-Vai pro inferno!- diz Tomioka. Naquele momento, uma raiva profunda me consumiu, meu sangue começou a fever nas minhas veias, fiquei completamente cego pelo ódio, as palavras do Tomioka me lembravam daquele velho maldito que era o Jun-seo, então não consegui me segurar. Dei um forte soco no rosto do Tomioka, que caiu rapidamente, então não perdi tempo, e comecei a enforca-lo com todas as minhas forças. Fui completamente tomado pelo ódio, eu não conseguia ver mais o rosto do Tomioka, pois agora eu só conseguia ver o rosto do Jun-seo,e fazendo ficar mais bravo ainda. O rosto do Tomioka estava coberto de sangue, seus olhos imploravam para poder respirar, suas mãos usavam todas as forças que tinham para empurrar minha mão para longe, mais foi em vão, logo ele foi perdendo suas forças, até quase desmaiar.

-Sanemi!- escutei a voz da Shinobu vindo aos meus ouvidos como um zumbido- Sanemi para você tá machucado ele!

-Sanemi para com isso- diz Uzui me puxando

-O que houve com vocês?!- pergunta Obanai

-Vocês estão ficando loucos?, Poderiam ter se machucado ou coisa pior!- diz Kanao- Ainda bem que a Kanae não está aqui, ela iria ficar em choque ao ver essa cena.

Após ouvir tais palavras, meu corpo finalmente acordou pra realidade, eu estava em choque, estava com medo, não sei porque fiz aquilo, só sei que algo dentro de mim me fez lembrar do meu pai, e de tudo que ele me fez passar ao longo da vida. Corri daquele lugar imediatamente. Meu corpo conseguia fugir, mais minha mente ainda estava presa, presa nas lembranças, presa no olhar suplicante do Tomioka, preso nos olhares assustados de todos que estavam ao meu redor. Meus olhos foram tomados pelas lágrimas, meu corpo estava cansado, eu não sabia o que fazer, até eu esbarrar num cara muito esquisito, ele usava blusas largas, e cobria seu rosto com uma máscara, e em seu olho havia uma gigantesca cicatriz, que pareceu ser bem recente. Levantei meu olhar, e encarei o homem, que abaixou sua máscara, me deixando assustado.

-Olá Sanemi- ele diz

-Você?- pergunto incrédulo

-A quanto tempo não é mesmo?

-C-co- antes de terminar a frases, senti uma forte tontura, e tudo ficou escuro. Acordei novamente em um quarto de hospital, minha cabeça estava doendo pra caramba, eu mal conseguia me lembrar de tudo que aconteceu antes de eu desmaiar, mais por sorte, ou azar, o Obanai estava ao meu lado.- o que aconteceu?

-Você desmaiou de novo, você acabou esbarrando no senhor Ling, e desmaiou

-O senhor Ling?, Eu pensei que...

-Pensou o que?- Obanai pergunta

-É que ele estava de máscara, e sua voz, me parecia a voz de outra pessoa

-Sanemi, você tá ficando paranóico, primeiro você enforca o Tomioka sem motivo algum, e logo depois desmaia após ver o senhor Ling. Cara na boa, qual é o seu problema?- Obanai pergunta meio impaciente

-Eu não sei, eu estou assustado, meu pai desapareceu, a Kanae tá grávida, minha mente tá uma confusão, eu não sei o que sentir, nem o que fazer, e muito menos o que dizer, meus calmantes não estão mais me ajudando, e quando eu vi o Sr Ling pensei que fosse o Jun-seo, por isso desmaiei, eu pensei tê-lo visto, sinto que vi ele, eu...eu...EU O VI, tenho certeza que sim- digo fazendo meus batimentos acalerarem- mais ao mesmo tempo sinto que não o vi, não sei explicar- digo apertando a coberta enquanto meus olhos eram tomados pelas lágrimas, que eu não deixaria cair

-Sanemi calma, você vai acabar tendo um ataque cardíaco- Obanai diz se levantando meio preocupado

-Ele vai vir atrás de mim, eu sei que vai, eu só vou conseguir ficar bem quando ele morrer, aí sim tudo voltará ao normal, eu sei que vai!- digo sentindo uma forte falta de ar- e-eu, v-vou acabar com aquele cara,, você vai ver, eu vou conseguir resolver tudo isso e.....

-Sanemi?, Sanemi?, SANEMI?!- escuto a voz do Obanai vindo bem longe- respira fundo, você vai acabar se matando desse jeito, tá ficando louco?

-E-eu só...quero que...tudo isso acabe logo, para eu finalmente poder ter uma vida normal, e não ter uma vida confusa, onde todos ao seu redor ficam perguntando "como você se sentiu quando descobriu que seu próprio pai matou sua mãe!", Eu só queria que tudo isso acabasse logo- digo me deitando na cama de hospital

-Cara, relaxa, vai ficar tudo bem, eu te garanto amigo, basta se distrair com outras coisas, e logo você vai esquecer tudo isso, apenas descanse e relaxe.- Obanai diz fazendo carinho na sua cobra, que sempre ficava ao seu pescoço

-Até hoje não entendo como você convenceu o diretor a te deixar levar essa cobra pra escola- digo

-Simples, você sabe que eu tenho heterocromia, e um dos meus olhos não funcionam muito bem, então o Kaburamaru me ajuda- ele diz indo até a porta- você é forte, sei que vai sair dessa, é só uma questão de tempo- Obanai diz indo embora.