Anahi Puente
— Amiga, acho que todo mundo já está sabendo — Ale fala enquanto seguimos caminhando de volta para o alojamento.
— Faz como eu, finge que não tem ninguém nos olhando — digo, fazendo a plena.
— Não estão nos olhando, estão olhando para você — esclarece.
— Obrigada pelo apoio moral! — ironizo e ela ri.
Tudo bem que eu venho buscando visibilidade há um tempo, mas não era dessa forma que queria que isso acontecesse. Nesse momento, a única coisa que quero é chegar logo ao alojamento e me enfiar no meu quarto. Então poder gritar, ficar com raiva e, quem sabe, chorar.
Nunca fui de chorar. Eu sempre engoli o choro e fui forte porque a vida é injusta e eu aprendi isso desde muito cedo. Então, desde que fui adotada aos dezesseis anos, decidi que eu não derramaria mais nenhuma lágrima. Eu consegui o que muitos no orfanato queriam. Uma família, amor. Mas hoje, talvez eu tenha motivos de sobra para chorar.
Desde ontem de manhã que as coisas estão estranhas, então, hoje, tudo começou a desandar. Eu tinha acabado de ser desligada da equipe de líderes de torcida do London Academics. Passei meu primeiro ano na faculdade trabalhando de barista e nesse ano, quando consegui uma vaga na equipe, eu saí da cafeteria. A ajuda de custo que ganharia por ser uma chearleader era maior que o que ganhava trabalhando no café.
E agora eu não tinha nem um, nem outro.
Bela merda!
Além disso, seria vista como a novinha que deu para um cara famoso querendo dar o golpe da barriga ou buscando por cinco minutos de fama. É claro que já estavam falando isso. Afinal, sou mulher e pobre. Qual a surpresa de a corda estar arrebentando para o lado mais fraco? Nenhuma.
— Any, amiga, acho que...
— Anahi Puente? — Olho para frente ao ouvir meu nome, vendo uma pequena comoção diante do nosso alojamento. — O que você nos diz sobre seu envolvimento com Alfonso Herrera?
E então outra pergunta. E outra. E outra.
Sinto-me tonta em meio às pessoas a minha volta. Respiro fundo, controlando a vontade de mandar o babaca idiota que acaba de se referir a mim como “garota do Quarterback” ir à merda.
— Ei! — grito quando um dos caras segura meu braço. — Largue-me!
Tiro a minha bolsa e dou uma bolsada nele, então outro cara se enfia entre nós e não perco tempo em dar uma bolsada nele também.
— Calma! — Ele levanta as mãos em sinal de rendição. — Eu sou...
Nem deixei que terminasse de falar.
— Saiam daqui! — grito.
Ao meu lado, Ale me ajuda usando sua mochila como instrumento de defesa da mesma forma que eu.
— Ai, caralho! — o cara resmunga quando coloco toda minha força em bater nele. — Estou do seu lado, porra!
Eu o ignoro, estou mais preocupada em me livrar desses cretinos e entrar no alojamento. Então seguranças aparecem me isolando dos repórteres, piso no pé de um e puxo Ale, para que ela também fique a salvo.
— Ela não tem nada a declarar — diz o moreno engomadinho. — Alfonso vai soltar uma nota assim que possível.
Olho para Ale, que dá de ombros sem entender nada, assim como eu. Então o engomadinho ignora os questionamentos e chega perto de nós.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Plano Imperfeito
Romance"- Eu nem gosto de caras mais velhos." "- Você pensa que eu gosto de mulheres mais novas? Você fede a leite!" Ele tem trinta e oito anos e é uma estrela do futebol americano. Ela tem dezenove anos e é uma universitária bolsista. Ele joga profission...