Prazer, Christopher Cornell.

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- Prontinho. - Dave afofou uma última vez o travesseiro, depositando-o no sofá.

- Muito obrigada, novamente. - Megan sorriu, bem mais calma. Pela primeira vez em meses, conseguia respirar sem sentir medo. - Não tem obrigação nenhuma de me acolher.

- Realmente, não tenho. - O moreno começou. - Mas eu quero. - Também sorriu, deixando o clima mais leve. - Agora tente descansar um pouco. Amanhã conversamos direito. - Soou como um pai zeloso.

- Ele está certo. - Claire, que observava a interação, opinou. - Precisa descansar. Passou por muita coisa.

- Boa noite, Meg. - Dave desejou, gentil. - Posso te chamar assim, não é?

- Pode. - A morena assentiu, sincera. Somente os mais chegados usavam seu apelido, no entanto, aqueles dois fizeram mais por si em algumas horas do que qualquer um. - Boa noite. - Retribuiu sincera aos que lhe ofereceram tranquilidade.

-Bons sonhos. - Claire disse, acenando levemente. Pegou o namorado pela mão, os conduzindo ao quarto do rapaz e deixando a recém conhecida sozinha.

Megan soltou o ar dos pulmões, não acreditando no que havia ocorrido. Como tudo poderia ter mudado tão de repente? Num momento estava sendo ameaçada de morte, no outro, protegida por pessoas desconhecidas. Era tão absurdo, impossível... Será que Deus ou qualquer que fosse a força regente do universo, teria se compadecido? Dado uma chance a sua filha quebrantada? Queria crer que sim. Permitiu que lágrimas escorressem livres pelo rosto, felizes. Ainda havia muita merda para resolver, mas, por hora, só a sensação de estar segura, longe de Peter e sua ira, era suficiente. Deitou-se sob as cobertas, encarando as grandes janelas que mostravam a noite bem iluminada lá fora. Silenciosa, cúmplice... Postes com lâmpadas alaranjadas, que lhe trouxeram a sonolência. Não soube dizer quando os olhos fecharam, nem se iria sonhar com algo. Só sabia que a chuva começava a cair fina, batendo no vidro, embaçando a vista, as respirações, as dores.

O barulho de panelas fez a jovem sair do profundo breu que sua mente entrou, para o raso nascer da consciência. Franziu o cenho quando a luz do dia entrou pelas fendas mínimas que chamava de olhos. Por alguns segundos esqueceu-se de onde estava, o medo tomando conta ao pensar que Peter lhe puniria por dormir demais. Foi só quando risadas preencheram o ambiente, que as lembranças da noite anterior vieram à tona. Apoiou-se nos braços, sentando-se, o que chamou a atenção dos demais.

- Boa tarde, Meg. - Claire apareceu com um sorriso aberto. - Dormiu bem?

- Sim. - A morena retribuiu o sorriso, mesmo que fracamente. - Já é de tarde? - Indagou, surpresa.

- Parece que dormimos um pouco mais que o normal. - Dave comentou da cozinha. - Acordamos faz pouco tempo também. - Justificou, enquanto trazia uma caneca fumegante, oferecendo a Megan.

- Obrigada. - A mulher agradeceu, assoprando a fumaça do chocolate quente e tomando um gole. Deliciosamente aconchegante.

- Bem, sabe onde é o banheiro. - Claire apontou a porta na parede oposta a si. - Se quiser tomar outro banho, fique à vontade. Dave fez as famosas panquecas dele. - Revirou os olhos, divertida. - Te fará comer pelo menos três. - Riu baixo. - Vou pegar outra muda de roupa pra você. Essa que está, fica como pijama. Ah! E guardei seu vestido junto com a bolsa. - Informou, prestativa.

- Meg! Venha aqui comer minhas maravilhosas panquecas. - O moreno quase ordenou, orgulhoso. - Garanto que uma não será suficiente.

- Eu disse... - Claire resmungou, afastando-se.

- Espero que esteja com fome. - Dave proferiu, quando Meg sentou-se na banqueta alta. Empurrou um prato com a comida, ansioso pelo julgamento.

- Delicioso... - A morena soltou com sinceridade, ao dar a primeira garfada.

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