Seoul

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— Você não vai me dizer nenhum dos seus planos, não é?

— Não, nós temos um jantar hoje à noite na casa de um amigo e já viajamos depois de amanhã. - ele arrumava o próprio gorro enquanto seguíamos no carro de volta para Seoul.

Voltamos no dia 26, depois de passar um Natal preguiçoso jogando videogame e escutando as histórias de sua família, o carro agora estava vazio, e Yeontan tinha ficado na casa de seus pais.

— Na casa de quem? - insisti, já preparada pra resposta.

— De um amigo, nada formal... amanhã você tem um compromisso. - ele tirou a carteira do bolso com a mão direita e me deu um cartão.

O nome de uma médica coreana estava grafado em dourado, e sua especialidade, logo abaixo a hora da consulta. Peguei o cartão, confusa, todos os meus médicos estavam em dia, e meu tratamento também, só precisaria retornar em janeiro.

— É uma ginecologista... - ele percebeu minha cara de dúvida, revirando o cartão. — O quê você escolher, eu concordo. - o sorriso gigante apareceu mas não me esclareceu mais nada.

O que eu escolher?

— Ok. - respondi confusa, talvez eu pudesse perguntar à própria médica na consulta. — Eu não tenho onde ficar, meu apartamento...

— Você fica comigo esses dias... no quarto de hóspedes. - ele se apressou em responder e eu levantei a sobrancelha. — Na volta podemos procurar algo novo pra você.

— Eu tava pensando em ficar no seu apartamento do centro...

— Ah... eu o vendi. - disse pesaroso.

Talvez os meses de separação tivessem sido tão difíceis para ele quanto para mim.

— Então... não existe mais nada? - ele sabia ao que me referia.

— Eu... eu só queria você e só pensava em você, então me desfiz de tudo.

O que isso queria dizer? Ele tinha abandonado a prática de vez? Ou o passado com os desconhecidos? A cinta branca ele ainda guardava, mas o resto não?

Encarei a janela duvidosa do que seria o próximo passo entre nós dois. Eu queria mais, eu tinha me curado e ficado mais forte para isso, mas será que ele conseguiria ir além comigo? E como seria nosso relacionamento?

Chegamos à fria Seoul por volta das cinco da tarde e fomos direto para o seu apartamento de luxo. Minhas caixas estavam todas organizadas na garagem apenas com um A de identificação, Min-Jun tinha deixado um pequeno bilhete desejando Feliz Natal e "boas viagens". Seu apartamento continuava praticamente o mesmo, mas as obras de arte tinham se multiplicado sem controle, eu sorri da cadeira esdrúxula com os glúteos à mostra na sala. Mal entramos e ele já tinha ficado descalço, andava pelo chão frio, de moletom, óculos e gorro, sem querer se proteger.

— Ah, oi... tudo certo pra hoje à noite? Sim, ela está comigo. - ele atendeu o telefone e eu quis ver quem era mas não consegui. — Nos vemos mais tarde. - o sorriso desdenhoso era quase infantil por me deixar curiosa. Ele sabia que eu odiava, e estava adorando.

— Tem certeza... - eu o puxei pelo moletom enquanto falava, o colar que o tinha dado reluziu rapidamente por baixo. — Que precisa fazer isso tudo? - falei em um tom provocativo, trazendo o corpo magro e esguio de encontro ao meu.

Minha mão puxou o capuz mais pra perto, e seu rosto também se aproximou. Ele levou a própria mão direita aos cabelos grandes e sacudiu a cabeça sorridente, o beijo adocicado e lento demorou mais que o habitual, deixando-me levemente excitada.

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