Inesperado

Capítulo 5 : Quarta-feira triste

Severus acordou com a sensação de que o dia iria terrivelmente errado se ele desse um único passo para fora de seu dormitório. Ele não conseguia sair da cama. Ele sabia que precisava escovar os dentes e se vestir para as aulas, mas sua mente era um obstáculo. Isso o ancorou ao colchão. O arrepio de mau presságio agarrou-o pela garganta.

A luz que entrava pela janela não era quente nem reconfortante. Estava queimando, derretendo seus globos oculares e sufocando. Ele queria se envolver na escuridão e se afogar sob o edredom. Os sons de seus colegas de dormitório se preparando para o café da manhã o fizeram desejar poder colocar ácido em seus ouvidos para que ele não pudesse mais ouvir.

Seu colega de quarto estava falando com ele, mas ele não conseguia distinguir as palavras. Ele estava ocupado se lamentando por ter passado dias cercado por grifinórios barulhentos e desagradáveis. Depois de Hogsmead no domingo, o maldito Black fez a brilhante sugestão de seus amigos, Lily e Severus passarem um tempo juntos para se conhecerem. Ele pensou que Potter iria se opor, mas ele foi o único que pensou que era uma ideia atroz. Claramente, Black estava usando esta oportunidade para ser seu amigo em público sem parecer suspeito.

Lily o convenceu a dar uma chance aos  Grifinórios idiotas, o que posteriormente o levou a passar um tempo com eles na segunda e na terça. Durante o almoço e o jantar, eles comiam juntos na cozinha (ideia de Black), e estudavam juntos quando Severus mencionou a necessidade de estudar como desculpa para não estar perto deles. Lily viu o que ele estava tentando fazer e convidou os meninos para estudar com eles. Os dois dias que Severus passou na companhia deles foram torturantes, e ele acabou com eles.

Potter estava em seu melhor comportamento; ele não chamava Severus por aquele apelido horrível, e nunca retaliava quando zombava de Potter. Ele e Lupin conversavam sobre as aulas e estudavam juntos com mais frequência. Em contraste com os outros membros do grupo, Pettigrew era o menos falante e sempre parecia nervoso ou tímido perto de Severus. Ele não achava que poderia lidar com suas sutilezas por mais tempo.

Ele aceitou relutantemente seu desejo de ser amigo de Black, mas fazer amizade com todos os meninos que pregavam peças nele por três anos parecia errado. Por que eles não trataram Severus assim desde o início? Os 'talvez' do que poderia ter sido se todos tivessem se comportado de maneira diferente desde o início o deixaram louco.

"Snape! Você está vindo ou não? Você vai perder o café da manhã se não sair da cama."

Severus grunhiu em resposta.

"Eu não me importo se você morrer de fome, mas se você se atrasar para a aula e nos perder pontos de casa, eu vou enfeitiçar você.

Ele tirou o braço de seu casulo de cobertores e deu um tapa em seu colega de quarto.

"Foda-se, Snape." Ele ouviu um bufo de exasperação.

O dormitório estava abençoadamente quieto. Ele saiu da cama depois de alguns minutos de descanso em silêncio. Severus escovou os dentes e vestiu o roupão por cima do pijama. Ele não tinha energia para trocar de roupa.

Em vez de ir para o refeitório, ele foi direto para a cozinha. Severus não queria se sentar com seus colegas de casa ou ser incomodado pelos grifinórios. Ele pediu a um dos elfos domésticos que lhe servissem o café da manhã na mesa da cozinha. Como ele e os grifinórios passaram os últimos dias na cozinha, os elfos domésticos não ficaram mais surpresos ao ver os alunos comendo na cozinha.

Severus estava tomando seu café da manhã quando as pessoas entraram na cozinha. Era Lucille Baker e uma lufana mais jovem que ele tinha visto em sua aula de Herbologia. Sonserina e Lufa-Lufa compartilharam Herbologia naquele ano. Embora não prestasse muita atenção aos colegas, sempre acompanhava os melhores alunos nas disciplinas em que não era o melhor. A professora de Herbologia sempre elogiou a garota da Lufa-Lufa por saber mais sobre plantas e como cuidar delas. Herbologia não era uma de suas matérias favoritas, mas era importante que ele conhecesse o básico das plantas porque muitas das poções que preparava as exigiam.