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|| UMA VISITA AO CLUBE

Sophie entrou no clube com Rafe Cameron ao seu lado, seu corpo tenso apesar da fachada despreocupada

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Sophie entrou no clube com Rafe Cameron ao seu lado, seu corpo tenso apesar da fachada despreocupada. Por dentro, uma sensação crescente de desconforto se espalhava. Outer Banks era para ser um recomeço, uma fuga do caos de Londres e das brigas incessantes com sua irmã mais nova. Mas, agora, sentia que estava caindo em algo ainda mais profundo.

O ambiente abafado, repleto de risadas forçadas e sussurros venenosos, a fazia lembrar exatamente do que queria escapar. Rafe caminhava ao seu lado como se fosse o dono do lugar, irradiando uma confiança desmedida. Ela, por outro lado, mal conseguia se acomodar. Quando ele a apresentou ao grupo – Topper, Kimmie, Kelce –, as vozes deles eram pouco mais do que ruído de fundo. Sua mente estava longe, até que...

— Nossa, você é a irmã da Alison, né? — A pergunta de Kimmie a arrancou de seus pensamentos.

"Alison...". A menção do nome da irmã fez seu estômago revirar. Uma onda de frustração e ressentimento percorreu seu corpo. Claro, até aqui não conseguia escapar de sua sombra. A mesma irmã que estava se distanciando, nutrindo uma raiva crescente por algo que Sophie nem conseguia entender. Sophie sorriu educadamente, mas por dentro se contorcia.

— É... somos irmãs — murmurou. Mas antes que pudesse responder mais, JJ apareceu.

Ela o viu de longe, e seus olhos se cruzaram por um breve momento. Ele estava trabalhando no clube, mas havia algo diferente naquele olhar. Ela notou que ele desviou quase instantaneamente, a rejeição evidente. Uma inquietação se formou em seu peito. Será que Alison tinha algo a ver com isso? Estaria ela espalhando veneno contra Sophie? Talvez os Pogues agora a vissem como a vilã, parte do mundo Kook que tanto desprezavam.

A conversa à mesa, no entanto, logo se transformou numa discussão venenosa sobre John B e a morte da xerife Peterkin. Topper parecia se deliciar ao destilar ódio, cuspindo insultos sobre os Pogues. Cada palavra era um golpe em direção a JJ, mesmo que ele estivesse do outro lado do salão.

— Ele é um assassino — Topper declarou com uma satisfação fria. — Não sei por que a polícia ainda está investigando.

— Cala a boca, Topper! — JJ se aproximou, seu corpo tensionado como uma corda prestes a romper. A voz dele era um grito de raiva, algo que estava ali, preso, por muito tempo.

Sophie observou enquanto a situação desmoronava rapidamente. JJ, movido pela raiva, fez algo inesperado: pegou um copo e bateu repetidamente nele com uma colher, atraindo a atenção de todos.

— Eu tenho um comunicado a fazer — disse ele, desafiador.

O ar na sala parecia denso, sufocante. Sophie sentiu seu coração acelerar. A tensão subia como um maremoto, implacável.

— Meu melhor amigo, John B, não matou a xerife Peterkin — JJ continuou, apontando diretamente para Rafe, que agora se levantava. — Foi ele. Foi o Rafe quem atirou nela a sangue frio.

O silêncio foi interrompido por risadas nervosas, mas Sophie sabia que JJ falava sério. O brilho selvagem em seus olhos não deixava dúvidas. Então, tudo explodiu. JJ e Kelce se atracaram, e em segundos, havia caos. Gritos, empurrões, o som de copos quebrando no chão. Sophie recuou, observando a fúria de JJ enquanto ele era afastado à força.

Ele estava destruindo tudo — não só o ambiente ao seu redor, mas a si mesmo. Quando o dono do bar finalmente o demitiu, ele jogou o avental no chão com desdém. Sophie viu a dor por trás daquela máscara de raiva.

Ela não sabia o que a motivou a segui-lo. Talvez fosse a tristeza que viu nos olhos dele, ou talvez porque, pela primeira vez desde que chegou a Outer Banks, ela se sentiu conectada a alguém que também estava despedaçado.

Sophie atravessava a porta do clube com passos rápidos, o coração disparado e os pensamentos embaralhados. Ela não sabia por que estava fazendo aquilo, mas algo em JJ a fazia querer continuar, seguir aquele garoto que parecia carregar o mundo nas costas. O clima tenso no clube ficara para trás, mas a pressão no peito dela ainda crescia.

Quando finalmente o encontrou do lado de fora, JJ estava encostado em sua moto, os punhos cerrados, os ombros rígidos, como se estivesse prestes a explodir a qualquer momento. Ela parou a poucos metros dele, sentindo o vento gelado da noite açoitar seu rosto, o coração acelerado.

— JJ... — começou ela, hesitante.

Ele sequer olhou para ela, mas ela sentia a raiva exalando do corpo dele, densa, quase palpável.

— Eu... eu sinto muito pelo que aconteceu lá dentro — disse Sophie, sua voz falhando levemente. — A minha madrasta é amiga do dono, talvez eu possa...

JJ se virou bruscamente, os olhos azuis faiscando de raiva. Ele se aproximou com passos pesados, fazendo Sophie recuar instintivamente, até sentir a parede fria do clube às suas costas.

— Você acha que eu quero essa merda de emprego? — ele rosnou, a voz baixa e carregada de fúria. — Eu não vou trabalhar pra gente que acha que o meu melhor amigo é um assassino!

O olhar dele era feroz, mas por trás da raiva, Sophie podia enxergar a dor. Aquela era uma briga que ele vinha lutando há muito tempo, e cada palavra contra John B parecia um golpe direto em seu coração.

Antes que pudesse responder, uma voz ecoou pela noite.

— Dilaurentis...— Rafe surgiu, andando em sua direção com um sorriso presunçoso. — Vem, deixa o Pogue aí e volta pra dentro. Vem Sophie.

Foi nesse exato momento que algo no olhar de JJ mudou. Ele piscou, como se uma ficha tivesse caído. Ele a olhou com uma mistura de descrença e choque. A "princesinha Kook" que ele conhecera naquela tarde de segunda-feira... era Sophie Dilaurentis. O sobrenome soou como um sino em sua cabeça, ligando todas as peças do quebra-cabeça.

Sophie era a irmã que Alison afastara no momento. Aquela que Alison mencionara na noite anterior, cheia de tristeza pela falta que sentia. A dor nos olhos de JJ foi rapidamente substituída por algo mais sombrio, uma fúria silenciosa e impiedosa. Imaginando o que estaria acontecendo entre Rafe e Sophie e talvez ela não fosse tão inocente assim.

— Você... — ele começou, a voz baixa, os olhos furiosos. — Você é a irmã dela. Irmã da Alison.

Sophie ficou em silêncio, o coração martelando no peito. Ela não sabia o que dizer, não sabia como explicar. Tudo fazia sentido agora, o desprezo no olhar dele, a rejeição fria. Ele associava Sophie com a mesma dor que carregava por Alison.

— JJ, espera, não é assim... — tentou ela, mas suas palavras pareciam frágeis, insignificantes diante da tempestade que ele estava enfrentando.

JJ balançou a cabeça, como se tentasse afastar qualquer pensamento que pudesse trazer algum entendimento.

— Não tenho tempo para uma conversa agora. — Sua voz estava gelada, sem espaço para discussão. — Volta lá pro seu namorado, pra sua vida perfeita, e me deixa em paz.

Sophie sentiu o impacto de suas palavras como um soco no estômago, tirando o ar de seus pulmões. Antes que pudesse reagir, JJ subiu na moto, arrancando o motor com raiva. Ele olhou para ela uma última vez, os olhos cheios de rancor e mágoa.

— Vai embora, princesinha — murmurou, acelerando e desaparecendo na estrada.

Sophie ficou ali, sozinha, o eco das palavras de JJ reverberando em sua mente. Sentiu-se confusa, desolada, como se de repente tudo tivesse desmoronado à sua volta. Não havia como negar o peso das revelações que aquela noite trouxe, e agora ela estava mais perdida do que nunca.

𝐂𝐑𝐔𝐄𝐋 𝐒𝐔𝐌𝐌𝐄𝐑 | OUTER BANKS Onde histórias criam vida. Descubra agora