Então era isso o que eu merecia?!

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Ainda sem acreditar no que estava vendo, tentei manter a calma, mas não pude deixar de conter minhas lágrimas... Além do imenso vazio, sinto como se alguém tivesse atirado no meu coração e dado vários socos em meu estômago, sinto como se apertassem fortemente minha garganta, pois até mesmo para engolir uma simples saliva dói.

Ele realmente fez essa merda comigo? Como ele teve a porra da capacidade de fazer essa merda comigo caralho?! Isso não vai ficar assim! Não vai mesmo. E foi logo com aquela garotinha de merda que tanto me desrespeitou! Cheguei ao topo da conversa e finalmente descobri quando começaram a se falar, faz três malditos meses que ele tem me feito de trouxa.

- Essa merda não vai ficar assim! - Falei baixo.

Por alguns segundos fitei o chão, enquanto buscava uma forma de me vingar. E enquanto olhava fixamente para o chão, a tristeza deixava de ser presente dentro do meu ser e um imenso ódio começava a tomar seu lugar. Esse filho da puta vai me pagar! Não, eu não vou tolerar que ele me faça de otária depois de tudo o que passei por ele! Ah, mas não vou mesmo! Muito menos essa garotinha de merda que agora, com certeza se sente superior a minha pessoa. Esses dois não sabe com quem mexeram!

JÁ SEI!

Tive uma brilhante ideia, absolutamente do nada.

Eu vou guardar esse dia! Peguei meu celular, entrei no gravador de áudio e comecei a gravar. Sequei meu rosto, enviei todas as conversas dele, no meu celular, apaguei as mensagens e imagens que ficou no celular dele e limpei a aba de aplicativos usados, para que ele não desconfiasse de nada. Sem perceber voltei a fitar o chão, perdida nos milhares de pensamentos que passavam pela minha cabeça, até cheguei a cogitar em dar um tapa muito bem-dado na cara dele para ficar marcado cada dedo da minha mão, pensei em socar ele na cara para ele nunca mais esquecer a porra do meu nome, pensei várias coisas que eu poderia fazer com esse infeliz, eu quero lhe descer a porrada. E exatamente por isso decidi pegar um cigarro seu para me acalmar, por sentir uma leve energia percorrer o meu corpo, uma energia que me faz sentir que assim que ele aparecer na minha frente a vontade de socar ele não vai ser apenas uma vontade, mas realmente vai acontecer.

O chuveiro foi desligado e por uns dois segundos a casa ficou em silêncio, e foi tempo o suficiente para me fazer voltar a realidade.

Me levantei, fui até a cozinha e acendi o cigarro no fogão, voltei e me sentei no sofá. Verifiquei meu celular para ver se realmente está gravando e sim, está. Apaguei a tela e deixei ele ao lado do meu corpo. Cada segundo parece eterno, não sei se cobro ele agora ou faço algo em silêncio. O nervosismo se fez presente por sentir que a qualquer momento ele estará na minha frente, minha garganta continua doendo de dor por querer gritar horrores e falar mil e uma coisas, mas eu tenho que esperar. E o sentimento de raiva não sei se ainda está tão forte, mas sinto um buraco aumentar dentro do meu peito e no meu corpo a cada segundo, e não é exatamente uma tristeza, mas nesse momento para mim, ele está morto e eu não sinto nada, apenas um vazio imenso... mas o mesmo tempo sinto como se sentisse tudo.

Escutei seus passos se aproximando e no mesmo instante meus pensamentos cessaram. Até que finalmente ficamos frente a frente.

- Aconteceu algo? - Perguntou parado na entrada do corredor, enquanto seca sua nuca.

- Como anda a sua família? - Questionei em um impulso com um sorriso debochado.

- Que família? - Perguntou, e por um minuto pareceu que seus olhos perderam o brilho.

- Não se faz de trouxa. Você acha que eu não sei?! - Falei séria.

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