Capítulo 1

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Ponto de vista da (s/n) (s/s)

-Eu não sei quem você é...mas tenho certeza de que não é minha neta...SAIA DESSA CASA!AGORA,SUA ABERRAÇÃO!-As palavras maldosas ecoavam pela minha mente enquanto eu andava debaixo da chuva forte sem saber para onde iria.

-SAÍ DA RUA,IDIOTA!-Um motorista gritou depois de ter que desviar de mim me fazendo respirar fundo antes de correr até a calçada mais próxima me encostando contra a parede pra evitar  ficar mais molhada do que já estava observando uma borboleta azul passar na frente dos meus olhos e pousar em uma borboleta desenhada em um pedaço de metal.

-Noite difícil,amiguinha?Bem vinda ao clube!-Comentei me aproximando da borboleta que bateu as asas e logo sumiu me fazendo suspirar pesadamente,encarando a frase abaixo do  desenho um pouco enferrujado.

-Uma casa para os diferentes...Bem vindos...Cafofo Bar.-Li antes de entrar andando pelo bar ,respirando fundo ao sentir o calor humano que o espaço fornecia antes de me aproximar do balcão.

-Uma cerveja,por favor.-Pedi acenando para o homem ruivo atrás do balcão e ele olhou pro lado onde uma mulher de cabelos pretos na altura dos ombros estava sentada.Ao perceber meu olhar em si ela se levantou,vindo em minha direção após pegar uma cerveja e colocando no balcão sorrindo minimamente ao tirar do meu alcance quando tentei pegar.

-Você não tem idade pra beber.-A mulher comentou abrindo a cerveja e despejando em dois copos pegando um pra si antes de colocar o restante fora do meu alcance.

-Quem garante que eu não tenho?-Retruquei vendo ela erguer as sobrancelhas pra mim.

-Tá bom...eu posso esperar os 20 minutos que faltam pra fazer 18.-Comentei encarando o relógio na parede da direita por alguns segundos antes de voltar a olhar pra ela.

-Melhor assim...deveria trocar de roupa...não é bom ficar encharcada desse jeito.-A mulher comentou virando o copo com facilidade antes de me dar um pequeno sorriso.

-Eu não tenho outra opção...-Comentei dando abertura pra ela se apresentar.

-Inês...Acho que posso te emprestar uma roupa e uma toalha...vem comigo.-Inês comentou acenando pra que eu a seguisse até o andar debaixo.

-Meio perigoso pedir pra alguém que você acabou de conhecer te seguir.-Comentei andando lentamente atrás dela.

-Você vai entender isso algum dia mas eu sinto que já te conheço faz tempo.-Inês comentou enquanto puxava uma cortina de bolinhas me mostrando um quarto improvisado.

-Você tá molhada demais...então fica em pé que eu já volto.-Inês comentou e sumiu por outra cortina me deixando livre para observar melhor o quarto.Cheio de tons marrons,bege e vermelho com o cheiro de terra e mato após a chuva cheio de mesas e plantas aromáticas.

Eu observava a coleção de plantas sob a mesa tentando encontrar algo que conhecia quando quase bati de frente com Inês me fazendo pular pra trás de susto quando ela tentou me tocar.

-Do que você tem tanto medo,(s/n)?-Inês questionou tentando se aproximar novamente enquanto eu me afastava quase derrubando algumas coisas no caminho.

-Nana neném que a Cuca vem pegar...Papai foi a roça...-Inês começou a cantar em um tom de voz doce e a sonolência bateu me fazendo me encolher contra um dos poucos móveis.

-SUA ABERRAÇÃO!MONSTRO!VAI PRO INFERNO!-Os moleques gritavam enquanto me batiam chutando meu corpo.

-SAIA DESSA CASA!AGORA,SUA ABERRAÇÃO!-Minha avó gritou e eu me encolhi ainda mais fechando os olhos por alguns instantes antes de ver Inês na minha frente me olhando de forma compreensiva e quase com pena.

-Calma...tá tudo bem.-Inês comentou com o mesmo tom de voz doce de antes enquanto eu chorava abraçando minhas pernas.

-Eu também sei o que é ser rejeitada,(s/n)...eu fui a vergonha da minha família.-Inês comentou se aproximando de mim em passos lentos e cuidadosos.

-Eu engravidei sem marido...fui expulsa de casa assim como você...resolvi  ter meu filho mesmo assim mas...ele nasceu morto.-Inês comentou e eu olhei pra ela ao perceber a dor em sua voz.

-Paguei um preço alto por isso mas eu tô aqui.-Inês comentou antes de se ajoelhar segurando meu queixo com cuidado.

-Você não é uma aberração,(s/n)...você é especial assim como eu.-Inês comentou estendendo a mão para que eu levantasse antes de se afastar de mim pegando um par de roupas cuidadosamente dobrado junto com uma toalha.

-O banheiro é a esquerda.-Inês comentou e eu respirei fundo colocando a toalha no ombro antes de perceber a roupa que segurava.

-Inês...eu aprecio isso mas...eu não posso vestir isso.-Comentei erguendo a camisola e a calcinha na direção de Inês que respirou fundo.

-Vou ver se Tutu deixou alguma roupa dele aqui.-Inês comentou e voltou a sumir pelo mesmo lugar de antes voltando minutos depois com uma calça,uma cueca e uma camiseta regata.

-Acho que essas do Isac devem servir.-Inês comentou e eu assenti pegando as roupas da mão dela segurando seus dedos por alguns segundos enquanto encarava seus olhos.

-Obrigada.-Comentei e ela sorriu minimamente antes de me deixar sozinha.

Depois de me trocar voltei para a parte de cima e me sentei na cadeira mais próxima ao balcão vendo Inês me estender uma xícara de chá.

-Acho que eu ainda prefiro a cerveja.-Comentei com um sorriso enquanto pegava a xícara.

-E eu acho que as roupas ficaram boas em você.-Inês comentou antes de beber um pouco do próprio chá me encarando quando fiquei observando seus lábios por alguns segundos.

-Obrigada...acho que vou esperar a chuva passar pra ir embora.-Comentei ao perceber que o bar já estava praticamente vazio.

-Não seja cínica,(s/n)... você não tem um lugar pra ir...pode ficar aqui o tempo que precisar.-Inês comentou e eu respirei fundo colocando a xícara no balcão.

-Não quero incomodar.-Comentei esfregando meus braços por conta do frio.

-Não vai...a menos que ronque porque terá que dividir a cama comigo hoje...eu vou pegar um casaco pra você.-Inês comentou antes de descer para o quarto e eu respirei fundo.

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