Capítulo 5

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Ponto de vista da Inês

Eu não conseguia entender aquela garota mas admito que sua coragem era absurda ,me enfrentar na frente das outras lendas era ,no mínimo, uma péssima ideia.

(S/n) atiçava minha curiosidade e me trazia de volta sentimentos que eu nem lembrava como eram e demorava a reconhecer,embora nunca planejasse dizer em voz alta,eu sabia que estava me apaixonando por ela a cada momento.

Embora (s/n) ainda não se lembrasse,eu a encontrei várias vezes na vida e fui ,de certa forma,sua única companhia, durante a infância.

Mesmo na forma de uma borboleta,eu podia sentir a nova vida se mexendo ali dentro ,bem debaixo de mim.E ali,pousada sob a barriga durante a noite,me comprometi a sempre encontrar aquele bebê,o que me dava paz.

Aquele bebê nasceu e conforme crescia eu a visitava,sempre no gramado enorme e com sua supervisão dormindo debaixo da árvore,eu a observava,voando na frente dos seus olhos que me seguiam atentos.Eu adorava observar suas descobertas e ,de certa forma,a via como minha sem saber o que dizer depois... ela era minha o que?Ainda sim eu continuava lá em cada primeira coisa de sua vida... observando ela sentindo uma paz em seu olhar.

Depois de toda a situação estranha com Márcia,(s/n) respirou fundo e se afastou do meu corpo antes de ir pro quarto.

-Algum problema,meu bem?-Questionei curiosa enquanto seguia ela observando (s/n) se deitar na cama.

-Não...eu só quero ficar deitada.-(s/n) comentou encarando os próprios dedos deixando claro que não sabia como se sentia.Era uma mania,adquirida na infância,que ela usava pra fugir de conversas com novos conhecidos e com pessoas que não confiava e,por um momento,o pensamento de não ter sua confiança apertou o meu peito.

-Posso me juntar a você?-Questionei com medo de que ela se afastasse e voltasse para o mundo cinza que foi o início de sua adolescência.

-É o seu quarto, Inês...eu que deveria fazer essa pergunta... mas você pode.-(s/n) comentou encarando a parede quando eu me sentava na cama,apertando meus próprios dedos quando me senti tentada a segurar seu corpo perto do meu.

-Eu odeio me sentir solitária, com raiva ou com medo.-(s/n) comentou após alguns minutos encarando a parede de forma silenciosa.

-Quando eu era pequena...eu não me sentia assim...eu tinha...uma amiga...uma protetora...-(s/n) comentou antes de encarar o teto do quarto colocando suas mãos sob o peito.

-Uma borboleta azul.-Comentei estendendo minha mão para segurar a dela voltando a brincar com seus dedos,colocando meu anel e retirando de cada um deles.

-Era você...e agora que você me encontrou de novo eu me sinto uma bagunça...sinto tantas coisas que parte de mim tem medo do que pode acontecer por causa delas.-(s/n) comentou se virando pra ficar frente a frente comigo sorrindo minimamente quando seus olhos encontraram os meus.

-Como no seu sonho.-Comentei vendo ela assentir encarando o encaixe de nossas mãos.

-Eu diria pesadelo.-(s/n) comentou me fazendo sorrir minimamente antes de abraçar sua cintura, puxando pra perto de mim e escondendo meu rosto em seu pescoço.

-Você não está sozinha nisso... embora eu seja uma entidade eu não estou livre das emoções humanas e você me faz mais humana... você sempre fez...Embora algumas coisas tenham mudado obviamente.-Comentei me referindo ao envelhecimento dela.

-Sim... você pode fingir ser minha namorada e pode me beijar pra tentar fugir da polícia.-(s/n) comentou com um sorriso fofo.

-Acho que eu deveria fazer isso mais vezes... é bom.-Comentei vendo (s/n) rir baixo, acariciando meu rosto por alguns segundos antes de grudar nossos lábios.

Suspirei contra seus lábios e me inclinei contra seu corpo,me aproximando o máximo que podia,antes de encostar minha língua na dela sentindo (s/n) se arrepiar sorrindo minimamente após se afastar.

-Definitivamente vou fazer mais.-Comentei antes de voltar a grudar nossos lábios, sentindo suas mãos apertarem minha cintura e seu corpo ficar tenso quando o meu quadril colidiu contra o dela.

Respirei fundo e acariciei seus ombros sentindo (s/n) relaxar aos poucos, ficando arrepiada quando eu passei minhas mãos pela cintura ,procurando pela bainha da camiseta regata que ela vestia.

-Inês...-(s/n) sussurrou contra os meus lábios e eu me afastei com o tom baixo de sua voz,que denunciava seu nervosismo, percebendo que a situação era demais pra ela no momento.

-Não é que eu não queira...e que...-(s/n) comentou encarando o espaço entre nós antes de morder os lábios sem saber o que dizer.

-Está tudo bem,querida...no seu tempo.-Comentei segurando seu queixo com cuidado para depositar um selinho em seus lábios.

Após um tempo em silêncio apenas abraçada em mim (s/n) se sentou na cama rapidamente e me olhou surpresa.

-O que foi,meu bem?-Questionei curiosa com a mudança repentina.

-Isac... é um anagrama pra saci...o Isac é o Saci.-(s/n) comentou como se tivesse acabado de descobrir o maior segredo do mundo.

-Você é tão inteligente que chega a ser irritantemente atraente...e fofo.-Comentei ao ver sua animação se tornar uma careta confusa.

-Ele tem sotaque carioca, Inês.-(s/n) comentou me fazendo rir de sua indignação.

-Ele é viajado,meu bem.-Comentei vendo ela sorrir minimamente.

-Se ele existe os outros também,certo?-(s/n) questionou curiosa enquanto brincava com os meus dedos.

-Depende de quem você quer saber.-Comentei tentando não ser específica.

-Eu adorava algumas histórias quando era pequena...tipo Curupira, Boitatá,a Mula...-(s/n) comentou e eu sorri.

-Você ama fogo...o que eu posso dizer é Iberê existe os outros eu nunca encontrei...mas eu não vou te levar pra conhecer...ele está longe do que costumava ser.-Expliquei e (s/n) fez um biquinho fofo antes de me olhar indignada.

-O boto tem nome de cidade, Inês...poxa ,Manaus é péssimo... só falta você me dizer que a Iara não chama Iara.

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