O desespero em seus olhos

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O frio que fazia naquela noite de outono deixou todos os homens apreensivos ao esperar o navio cargueiro atracar no cais abandonado. Os homens de Vlad Galli encontravam-se a postos armados a espera de todo tipo de situação, e entre eles podia-se ver Cosimo, um homem jovem com cabelos longos loiros, olhos claros e uma luva marrom em uma, única mão. Ele era o homem de confiança de Vlad para qualquer mediação de mercadoria, ainda mais as quais valiam milhões como aquela que chegaria a qualquer momento. Cosimo olhou em volta, enquanto mantinha-se agachado acompanhado por mais três homens atrás de um container. Havia atiradores posicionados e o seu celular encontrava-se ligado para qualquer informação de seu informante na policia. Nada daria errado. Antes de dar meia noite, avistou uma luz ao longe acender e apagar três vezes, sorriu confiante ao sair do esconderijo e coordenar os homens. O navio havia chegado. Em poucos minutos o navio intitulado El Mar atracou, e dele saíram homens carregando diversas caixas, apagou o cigarro e caminhou acompanhado por um dos homens ate o capitão do navio, um homem velho com um sorriso falso estampado. Nada disseram ao parar em frente ao outro, duas maletas foram colocadas em frente ao capitão, enquanto o mesmo abriu uma das caixas. Conferiram e se despediram em seguida. O carregamento de armas havia sido bem sucedido e nada poderia estragar aquela noite festiva para os capangas de Galli.

***

O escritório de Galli permanecia na penumbra a espera da ligação de Cosimo. Vlad sabia que a probabilidade de algo dar errado era mínima, mas infelizmente imprevistos aconteciam, e ele não poderia dar margem ao azar. Não na posição em que estava. Se aquela negociação falhasse ele teria que entrar em contato com os Galli, e isso ele não desejava. Enquanto pensava nas próximas transições escutou o seu telefone tocar, e ao atender sorriu satisfeito. Desligou poucos segundos depois sentindo o seu corpo relaxado. Levantou-se de sua cadeira e se pôs a caminhar pelo escritório ate parar em frente a janela. Ficou vislumbrando o seu jardim e a rua movimentada. Vlad permaneceu em silêncio apenas apreciando a vista quando escutou um barulho vindo da sala, sem demonstrar nada, sacou a arma que estava presa em sua calça e foi para sala silenciosamente.

O corpo de Vlad esgueirava-se pela casa com maestria apesar do pouco barulho que fazia. Seus olhos captaram todos os objetos e lugares da casa por onde passava tentando identificar algo diferente neles, mas nada percebeu. A medida que se aproximava da cozinha escutava um barulho estranho, segurou a arma com mais firmeza e assim que parou em frente a porta, olhou para a cena a sua frente confuso. Luna encontrava-se encolhida no canto da cozinha com os olhos apavorados, enquanto na sua frente Fred, um de seus seguranças que costumava entrar em sua casa para comer naquele horário todos os dias, olhava frio para a mulher desesperada a sua frente. Vlad guardou a arma e suspirou ao perceber o problema em que Luca havia lhe entregado. Um problema que ele não fazia questão alguma de ter em sua vida.

–Fred, s'il vous plaît, saia – Vlad tornou sério olhando para Luna que mantinha seus braços em frente ao seu corpo. O Segurança assentiu e sem perguntas saiu deixando-os a sós. – Se demonstrar esse desespero para todos os homens que vir, é melhor não sair do quarto – Vlad se viu falando sem importar-se com os sentimentos dela – Nesta casa vive entrando e saindo homens. Não tenho opções quanto a deixa-la aqui, já que prometi a família que ficaria, mas não irei tolerar isso. Esta é a minha casa e eles são a minha família, é patético demais ter que restringir a entrada deles aqui por sua causa. – Vlad disse olhando duro para ela e não estranhou vê-la chorar em sua frente. Deu de ombros ao dar as costas a ela, mas antes que saísse do quarto escutou um barulho estranho e ao se virar a viu caída no chão, desmaiada. – Luca, terá que me pagar muito caro por tudo isso – Vlad murmurou ao parar ao lado do corpo dela. Com facilidade agachou-se no chão e a ergueu em seus braços. – Não parece a mesma jovem que me enfrentou naquela boate.

O Estranho Mafioso [Retirado 6/4/2018]Onde histórias criam vida. Descubra agora