Nem tudo que reluz é ouro

111 10 27
                                    

Se passou mais de um mês e Thoma estava sendo mais cauteloso. Sempre que se encontrava com Ayato, ele simplesmente passava para outro empregado. Era como se o loiro estivesse com medo, mesmo que não fosse por esse motivo.

No passado, Thoma sempre fazia tudo errado e sempre acabava destruindo tudo a sua volta, mas agora que ele vê tudo de outro angulo, suas atitudes precisam continuar na escuridão.

Por agora, Ayato estava caminhando pelos jardins da propriedade e Thoma levava o carrinho com chá e alguns biscoitos atrás do mesmo.

O silêncio se fez presente e Ayato estava odiando isso e não sabia o motivo. Ele realmente estava sentindo culpa pelos seus atos? Não. Isso não era possível.

– Thoma. Por que está tão quieto? – sua voz era densa.

– Nada senhor. Apenas pensando - o loiro apertou mais suas mãos enquanto empurrava o carrinho.

– Eu quero que você fale em voz alta o que pensa.

– Não senhor.

– Agora – sua voz era ríspida e forte.

Thoma não estava mais pensando no desprezo, mas sim na história a frente. Se ele der um passo em falsa, já era.

– Eu penso nos resto da minha vida. – seu olhar era perdido na paisagem a frente, mas andando com passos uniformes.

– Mal começou a trabalhar e já quer desistir? Que patético.

'É pra te salvar, seu merdinha'. Esse era o pensamento de Thoma e se não fosse por isso, ele deixaria Ayato morrer, como o azulado fez com o loiro na primeira vida.

Thoma nem percebeu que estava olhando fixamente para Ayato de forma cruel, fazendo o azulado sentir um frio na espinha. Por que ele tem medo?

– Pare de me olhar assim. Foi uma piada – acenou com a mão em redenção e voltou a andar – E sua família?

O loiro quase ia se esquecendo. Sua família destruída.

Sua irmã mais velha era uma sacerdotisa, fazendo todos a respeitarem até sua morte. Ela morreu dando à luz a uma criança de um homem de cabelo ruivo. Thoma não consegue lembrar do homem.

Aether era o nome do sobrinho dele. Uma simbologia ao quinto elemento Éter, na qual era a única alegria de Thoma.

– Eu tenho um filho.

Ayato parou de uma vez, fazendo Thoma quase bater nele.

– Você é casado? – o mesmo o encarou com o rosto pálido.

Thoma nem sabe porque disse aquilo. Não era filho dele. Mas o mais interessante era como seu lorde reagiu.

– Não. Mas eu considero como meu. – o encarou confuso – Por que o senhor está assim?

Ayato estava estranho. Ele se sentia tão abatido e com o peito doendo. Era aquele tal sentimento chamado ciúmes? Ele pegou a doença chamada 'amor'? Quem foi a mulher que ousou roubar ele?

– N-nada. Vamos.

Não demorou muito para chegarem ao destino. Thoma deixou Ayato sozinho com Ayaka.

O azulado já estava prevendo o que a irmã mais nova diria. Como ouviria os insultos mais absurdos e os tapas na cara.

– O que o 'senhor sem coração' veio conversar? Já não basta fazer um dos empregados sofrerem? Acha que isso é adequado? – seu olhar nunca era para o irmão.

– Eu estava estressado e você sabe como eu sou. Eu só me estressei um pouco e não preciso pedir desculpa para um plebeu como ele – colocou um pouco de chá para ela – Além disso, eu estou doente.

– Contraiu o quê? Vergonha na cara? Sinto lhe informar, mas isso aí já veio de fábrica na sua personalidade – revirou os olhos.

– Não e para de me cortar. Eu peguei aquela doença... amor – Sussurrou a última palavra.

– Quê? Fala da boca pra fora – Virou seu olhar para o mais velho.

– Amor!

A irmã dele cai no riso. O príncipe herdeiro sofrendo de amor e, além disso, não acontece todos os dias.

– Amor? E você tem coração pra isso? Ayato, você é burro? – a jovem se levanta, pondo a xícara na mesa e olhando bem fundo nos olhos dele. – Deixa eu adivinhar. É o Thoma?

Ayaka conseguia ler bem seu irmão. Ayato jamais iria querer alguém, mas ela sabia que, no fundo, o jovem só anseia pelo amor e um toque gentil de alguma lufada de ar fresco.

– Como você sabe? – seu olhar se tornou nervoso.

A irmã dele sabia de tudo. Ela escuta coisas pelas paredes e sempre está em algum outro quarto ouvindo qualquer coisa que não fossem seus pensamentos obscuros.

– Um palpite sem fundamentos – se levantou, caminhando para longe dele – Esse amor vai te matar.

Ayato ficou sem entender. O que ela queria dizer? Seria porque ele é um príncipe e Thoma é só um empregado de baixa renda, visto como um lixo para os nobres? Ou era pelo fato, que Ayaka não queria que seu irmão tivesse fraquezas?

Era bem difícil de saber, já que os irmãos não compartilhavam as mesmas ideias ou discutiam sobre seus próprios objetivos.

***

[Pov. ???]

– O seu império vai cair Ayato Kamisato. Vou matar todos que você ama, mesmo que eu nem saiba como esse mundo chegou aos meus pés – murmuro na escuridão enquanto a noite me engole.

Uma mulher com ideias cruéis e sem escrúpulos, fazendo a noite sua manta da invisibilidade e deixando seu cabelo longo prateado tomar conta da cena.

Tudo para ela, é uma história de ninar, mas sua carne é seu próprio desespero de como queimar sua alma, mesmo que a lua não tenha sua luz.

Para as pessoas, ela é uma simples duquesa, mas no fim do dia, seu monstro interior vem atona. Papéis e canetas fazem seus sentimentos serem sigilosos.

Ela sou eu. E estou pronta para destruir tudo que cada personagem da minha peça fez e que a luz me faça sua.

Nada pode fazer esse ciclo vicioso acabar. Nem mesmo se Thoma morrer diversas vezes para Ayato. Nem se eles tiverem um final feliz.

Porque no final do dia, serei eu que terei essa coroa de sangue na minha cabeça.

How I Became the Emperor's BrideOnde histórias criam vida. Descubra agora