3 - Um Adeus Dolorido

187 28 6
                                    

Bob, um rapaz baixo e muito ansioso, havia acabado de ultrapassar a cerca de arames quando um novo tiro passou raspando sobre a sua cabeça, e ele se precipitou correndo em disparada para a mata, sem sequer se preocupar com os outros ali no chão.

Chrissy parecia estar petrificada, mas Eleven tratou de empurrá-la sem demora pelo buraco na cerca às pressas, a amiga acabou se ferindo nas pontas do arame recém-cortado, porém naquele momento isso era irrelevante. Eddie começou a puxar Argyle, tentando fazê-lo se mexer, mas o rapaz muito ferido caiu no chão em convulsão, havia chegado o momento de Argyle se despedir da humanidade e seguir seu caminho nas trevas. Tudo ao seu redor começou a girar, e ele sentiu um vórtice tragá-lo para baixo.


— Por favor, por favor! Matem-me! Não me deixem assim! Não me deixem virar umas dessas coisas! — Argyle implorou em lágrimas, mas então não conseguiu mais falar, sua língua enrolou dentro da boca, e os espasmos fizeram seu corpo tremer violentamente.


O desespero falou mais alto naquela hora, Eddie não lhe deu ouvidos. Os tiros pipocavam por todos os lados. Assim que Chrissy atravessou a cerca cometeu um erro fatal e se colocou de pé, uma bala entrou nas suas costas, varando seu coração e abrindo um buraco do tamanho de uma laranja em seu peito.

A mulher prostrou-se de joelhos sem emitir um único ruído, e depois caiu com o rosto contra o chão de terra. Eleven viu a amiga se estatelar, fulminada, mas não teve tempo para sentir tristeza. Ela passou pelo buraco na cerca, agarrou Eddie pelo braço e correu para a mata, lançando um último olhar para o amigo que se debatia e espumava no chão. 

Em breve ele seria mais um morto-vivo vagando pelo mundo à procura de alguma vítima; mais um dentre bilhões.

Os dois entraram no matagal ouvindo um último tiro, e depois o som estridente de uma sirene tocando, o aviso padrão de que algum zumbi invadia o quartel ou alguém tentava fugir. Em ambos os casos era uma mera questão de minutos para que vários homens armados surgissem. Mas Eleven, no fundo, achava que não viriam atrás deles, ela tinha certeza, nesse momento o perigo maior seriam as criaturas do lado de fora. Aqueles homens tinham muito medo dos zumbis, não à noite, e naquela mata infestada de criaturas, eles não sairiam.

Eleven e Eddie correram como loucos no meio do matagal de mãos dadas, Eddie por ser maior ia abrindo caminho no meio do mato, praticamente arrastando a morena consigo, tentando enxergar algo. Naquele ponto a iluminação do quartel quase não os alcançava; estavam correndo praticamente às cegas.


— Para onde vamos? Ed não faço ideia de onde estamos, podemos estar correndo em círculos. — Eleven olhava em volta, com medo de encontrar com outro zumbi.


— Iremos naquela direção. Está vendo aquela árvore? — Eddie apontou para um pinheiro com um galho partido. — Vamos marcar aquele lugar e seguir naquela direção. Quando chegarmos lá, marcamos outro ponto de referência e seguimos em frente, e assim por diante. Dessa forma não andamos em círculos.


Eleven apenas seguiu o amigo sem discutir, pois ele tinha muito mais experiência que ela nesses assuntos. E então ela começou a sentir tristeza pelos demais companheiros.

Três estavam mortos e um corria sozinho pela mata, com medo e talvez ferido.


-- Será que Bob conseguiu? Será que ele fugiu, Ed?

Os dois avançavam abrindo caminho pelo capim alto, sempre olhando para trás tentando ver se eram seguidos.


— Não faço ideia, espero que sim El. Acho que ele não foi atingido pelos tiros, e isso já é uma vantagem muito grande.


Survive 2° Temporada - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora