Capítulo 05

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Izuna arrancou um pedaço da carne e pendeu a cabeça para o lado, analisando Minato e o filho travando uma luta de espadas curtas perto da mesa.

O garoto era ágil e esperto, mas não tinha nem metade da experiência do pai, e todas as vezes que pensava que finalmente iria render Minato, levava um chute, e começava tudo de novo.

Quando era criança, Izuna tinha vontade de lutar como seus irmãos mais velhos, mas no templo Naka não recebiam instrução militar. "Soldados lutam, sacerdotes rezam, nossa missão não é menos importante do que a deles" as justificativas eram sempre as mesmas, até que ele cansou de questionar sobre isso.

Lembrava que ficar no templo rezando, copiando manuscritos e fazendo suas orações o dia inteiro não era nenhum pouco divertido e certamente não ficou mais interessante depois que ele cresceu. Pelo fato de ter sido uma criança doente e favorecido pelo deus Tsukuyomi com o dom da visão, tinha um tratamento diferente dos outros, então além dos outros aprendizes do templo o tratarem com diferença e não se misturarem com ele, sua educação ainda era mais rígida do que a deles por ser da casa real.

Houve uma época em que odiava sua mãe por tê-lo prometido ao Templo, ela havia roubado todos os anos felizes da sua vida, todos os dias pensava em desculpas e meios de fugir; mas qualquer pessoa que o ajudasse estaria automaticamente colocando sua vida em risco e ele não tinha amigos com quem conversar sobre essas frustrações e que pudessem ajudá-lo.

Aos poucos, ficou entorpecido.

Não lembrava de quando a raiva foi embora, se ele havia simplesmente aceitado seu caminho e o destino que os deuses traçaram. Era fraco e doente, precisava ser realista e compreender que não iria sobreviver nos campos de batalha. Com o tempo, a raiva deu espaço para a conformidade e acabou encontrando alguma paz no isolamento, entregando completamente sua vida aos deuses.

Seu sorriso ficou amargo sem saber porque essas memórias estavam voltando, a convivência com Tobirama o fazia questionar coisas sobre si mesmo desde a primeira vez em que estiveram juntos e esses momentos de revelação interna pareciam vir piorando com o tempo.

Tentou afastar as lembranças e focar na comida, aquele tempo estava perdido e não adiantava cavar em busca de mais ressentimento; mas quando deu a primeira mordida na carne, sentiu Abba com os olhos enormes em cima dele como se pudesse ler o escuro da sua alma.

Perdeu a fome e desviou o rosto, dando de cara com Tobirama sentado na outra mesa, mas não tinha certeza se sua falta de apetite veio por causa da Velha Carniceira ou por não saber o que seria da sua virtude naquela noite.

— Abba quer saber porque meu senhor não usa espada — Kushina interpretou com um sorriso mais largo.

Izuna achava interessante as runas que ela desenhava na testa e nos braços, gostaria de saber o que significava, mas não queria perguntar na frente da Velha Maldita.

— No templo Naka os sacerdotes não têm permissão para usar armas. Nossa confiança está nos deuses, não no fio da lâmina.

Kushina interpretou e Abba fez uma careta horrenda, de quem havia escutado a coisa mais absurda do mundo.

— Ela disse que foi por isso que vocês perderam.

Izuna engoliu o orgulho ferido com um pouco de cerveja e negou com a cabeça.

— Nós sobrevivemos e as vidas de Konoha foram poupadas, os deuses tiveram misericórdia.

Kushina interpretou outra vez e Abba balançou a cabeça concordando com ironia. Seus olhos brilhavam com um pouco de diversão por provocá-lo, ela gostava de brincar com as fraquezas dos outros. Deveria estar analisando a forma mais lenta, cruel e criativa de torturá-lo até a morte.

Barbarian (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora