Capítulo 06

920 94 86
                                    

A notícia sobre o casamento se espalhou rapidamente pelo assentamento e os nortenhos ficaram mais empolgados do que Izuna esperava. Os presentes chegaram a manhã inteira e em algum momento, a sala estava cheia de coisas e ajudantes.

Eles adoravam festas, qualquer coisa era motivo para se embriagar e comemorar a noite inteira até o sereno do outro dia e o fato de ser a celebração do casamento do rei deles tornou a euforia maior. Até Abba saiu do pântano sombrio e medonho que chamava de casa para se meter nos preparativos. Izuna pensava que ela iria abominar a ideia, mas, mesmo que não parecesse muito feliz pela escolha do noivo, encarregou-se de ajudar no que fosse preciso. 

Apesar de já ser um homem casado, não conseguia conter o nervosismo quando pensava na cerimônia marcada para dali a três dias. Tudo era completamente diferente de como foi a primeira vez, como se esse fosse o seu casamento de verdade e não o que fizeram no templo Naka. Izuna queria fazer tudo da forma correta, tanto, que fingia que não percebia o olhar zombador de Tobirama quando o pegava se esforçando demais para aprender seus votos na língua do Norte. 

— Saia daqui! — Izuna gritava quando o pegava bisbilhotando e atirava alguma coisa na cara dele, mas Tobirama era realmente muito bom em desviar. 

Mesmo com os preparativos, ainda tiravam alguma parte do dia para os treinos com a espada. Izuna ficou fora da roda, um pouco distante dos guerreiros, assistindo as lutas com uma mistura de admiração e curiosidade, mas logo começou a escurecer e o vento gelado começou a se transformar em uma chuva fina. 

Sua expectativa de ver Tobirama treinando com os outros acabou tendo que ser deixada para outro dia quando o servo veio buscá-lo para voltar para casa. Izuna se despediu com um aceno de cabeça e partiu na chuva branda, caminhando rapidamente enquanto ouvia os gritos dos que permaneceram na praia.

O servo preparou seu banho, deixou o quarto pronto, depois saiu. Izuna ficou sozinho com a chuva que começava a se intensificar lá fora e aos poucos, foi tomado por pensamentos que ele vinha evitando. 

 Ainda não sabia como processar as notícias que continuavam caindo em seu colo dia após dia sem que ele soubesse como reagir. Seu irmão planejou uma tentativa de assassinato para se livrar de seu marido, Tobirama já sabia de tudo desde antes do fato acontecer e simplesmente deixou que seu irmão pensasse que estava no comando de tudo, quando na verdade, ele não estava.

Seu rosto esquentou mais ao pensar em como havia sido tolo por acreditar que ele não sabia da artimanha de Madara. E, no fundo, sentia-se aliviado porque não precisava continuar sentindo como se estivesse escondendo algo dele e sendo um covarde. 

Sua mente estava em paz e seu coração leve, mas ainda assim, havia um peso que o cercava toda vez que fechava os olhos, em cada segundo de felicidade em que ele pensava no futuro. 

A visão que teve o acompanhava por todo lado como uma profecia. Era tão claro e certo quanto o sol que, em breve, seus povos iriam entrar em guerra e ele sem dúvidas estaria no meio dessa guerra, só não sabia ainda em que lado. Na verdade, nem queria saber. Talvez a maior maldição da sua vida não tenha sido nascer ou ter que se casar com um nortenho, mas ter sido escolhido pelo senhor Tsukuyomi para receber seu dom. Se os deuses o tivessem ignorado como faziam na maioria das vezes, sua vida teria sido menos agitada, confusa e problemática; mas por outro lado, talvez não tivesse conhecido Tobirama. 

Seus pensamentos estavam distantes quando ouviu os passos pesados dele se aproximando. Izuna estava deitado, entre os lençóis, quando ele passou direto para o cômodo que usavam para tomar banho. Sua presença era o suficiente para Izuna esquecer das coisas que o perturbavam, mas naquele momento o deixou um pouco incomodado ao vê-lo sujo de sangue e com parte da camisa de lã rasgada.

Barbarian (TobiIzu)Onde histórias criam vida. Descubra agora