KIM.

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Kim Kinham Ayutthaya.

Com uma pressa bastante incaracterística quando se trata do meu jeito de agir, e isso em qualquer circunstância, eu rapidamente me seco com a toalha branca e macia que antes fora lavada, e também delicadamente dobrada e guardada, por Porchay, dentro de um dos armários da lavanderia. Esfrego a tolha, impacientemente, sobre a minha pele. Seco todas as míseras gotículas de água que ainda pudessem residir em meu corpo ansioso.

— Porchay — Experimento o belo nome, o som produzido pela minha voz, a textura das letras na ponta da minha língua. Aprecio as sílabas e provo o gosto. De novo. De novo. De novo. Mais uma vez. Da forma como já havia feito antes, o gemido que saiu e prolongou sua pronúncia. A voz que soou quebrada, rouca, ao dizê-lo.

Porchay, este é o nome do garoto que fizera o meu sangue ferver minutos antes. Ou melhor, o nome do garoto que faz o meu sangue ferver, neste exato momento, enquanto apenas penso no que pode estar fazendo no andar de baixo. Não irei me dar o trabalho de mentir, o questionamento me vem a cabeça a cada cinco segundos.

Mesmo agora, após o banho gelado que havia tomado, aquele que se mostrou ser demasiado revigorante, bastante útil ao me ajudar com a excitação que estava me percorrendo por inteiro, ainda posso sentir a queimação presente em cada polegada do meu ser.

A eletricidade ainda presente na minha coluna serpeteia cada vértebra. Tensão nos dedos dos pés; antes contraídos ao atingir o ápice do meu orgasmo. O formigamento em minha barriga e o tremor na palma; os dedos com cãibra.

Porra.

É, eu não deveria me sentir assim, tão afetado pela presença dele. Nada naquele garoto, com adoráveis e avermelhadas orelhas de abano e, uma altura impressionante para sua, creio eu, pouca idade, deveria ter me impressionado. O jovem adulto, tão tagarela e arisco, entretanto, capturou minha atenção. Então, o improvável aconteceu. No momento em que os meus olhos encontraram os seus, astutos e delicadamente puxados, redondinhos e brilhantes como duas jabuticabas maduras, e os capturaram em um desafio silencioso no qual fui retribuído e com uma veemência admirável, e zero hesitação, – os pontos anteriores tendo um ressalto válido. – eu senti que poderia parar de respirar.

Porchay não é nada parecido com os homens com os quais já me envolvi um dia e, seja por conta do seu jeito de se expressar sem medo e dizer exatamente o que pensa, não conseguindo conter as suas emoções e divertidas expressões genuínas, seja por conta da sua aparência. O garoto no andar principal não é magro e forte. Porchay possui belas curvas. Curvas voluptuosas, estas sendo perfeitamente distribuídas por seu corpo esguio. O seu corpo, este que não é definido, mas que está em desenvolvimento. Porra, ele me parece ser suave em todos os lugares. A sua pele bronzeada, tão linda. Sua expressão delicada, não forte. A cintura estreita, os quadris largos e a bunda farta. Porchay é alto, senão da minha altura, um ou dois centímetros mais alto que eu. E a sua pele, na região do rosto, é salpicada por pequenas sardas de tom claro. Tão claro que quase passam desapercebidas. Mas não por mim.

Novamente, nada nele deveria ter me impressionado. Ele não é o meu dito “tipo”. Ainda assim, cá estou eu, sendo rendido por pensamentos utópicos, voltados para o quão a sua pele parece ser macia e sobre como os seus cabelos, negros como a noite de um céu livre de estrelas, caíam em cascatas encaracoladas sobre os seus olhos, emoldurando seu rosto angelical, dando-lhe um charme adorável. A pequena pintinha marrom, que delicadamente marca sua pele, próxima ao olho direito, também não havia me escapado. Tão simples e bonita, como um único encostar da ponta de um pincel fino, em uma tela imaculada.

É, talvez esse seja justamente o ponto. Tudo, e absolutamente tudo em Porchay, deveria sim, ter me impressionado. Tudo naquele garoto é impressionante. Digno de atenção e de tempo. Ele merece ser admirado com calma, cuidado. E, com zelo sincero. Eu sinto que, quanto mais observá-lo, mais descobrirei sobre ele.

𝐏𝐑𝐎𝐌𝐈́𝐒𝐂𝐔𝐎𝐒 || 𝐊𝐈𝐌𝐂𝐇𝐀𝐘 𝐕𝐄𝐑𝐒𝐈𝐎𝐍Onde histórias criam vida. Descubra agora