A tia Thana saiu da cozinha e depois de um tempo voltou com uma caixa.
Ela tira uma foto de dentro e entrega para mim.
- Essa é a minha May, mãe da Claire.
Eu olho para a foto e vejo uma mulher muito bonita, ela está sorrindo na foto e da pra ver as covinhas, iguais as minhas, mas fora as covinhas ela não temos mais nada em comum.
- A minha May sempre foi uma boa menina, pode perguntar para quem quiser, ela era inteligente, esperta e trabalhadora, mesmo quando era muito novinha. Quando terminou a escola aqui, a minha May foi para Bangkok para estudar na faculdade, ela sempre vinha me visitar ou me ligava, então eu fiquei alguns meses sem notícias, tentamos achar ela, mas não sabíamos onde procurar. Quase um ano depois que sumiu, ela chegou aqui e estava grávida de oito meses. Ela nunca contou quem era o pai, só dizia que a Claire não tinha pai, que ele tinha morrido.
No ano passado ela foi até a cidade, ela ia no banco e depois comprar algumas coisas pra Claire. Ela foi atropelada, eles conseguiram levar ela para o hospital, mas ela não resistiu. Eu fiquei com a guarda da Claire depois disso, nos tentamos achar o pai, mas não sabíamos nem por onde começar. Eu sou a única pessoa que a menina tem, não tenho nem um parente, nada. No início desse ano eu fui diagnosticada com um câncer terminal, eu tenho com sorte alguns meses de vida.
- Eu sinto muito...
- Não, não vamos nos lamentar, eu vivi o suficiente para ver a minha menina morrer, para que viver mais? Eu estava conversando com o velho Tong, ele estava tentando me ajudar a encontrar o pai da criança, entenda, procuramos por meses até pagamos para alguém procurar e nada. Eu estava preocupada de levarem a minha Claire para um desses orfanatos depois que eu morrer, ou de alguém ruim adotar ela, sabe, como o que vemos na televisão sobre crianças adotadas, então o velho Tong falou que conhecia duas pessoas maravilhosas que amariam e cuidariam da minha Claire para o resto da vida...
Ela comeca a chorar e eu fico sem reação. Quando eu pensei que a situação não poderia ficar mais estranha, ela fica assustadora.
Eu olho para o Phat e consigo ver nos olhos dele, eu tenho medo do que vejo, mas eu sei que ele a quer, ele se apaixonou por ela no momento em que a viu na praia. O tio Tong vira para mim e fala.
- Pran, eu sei que você é mais racional e analítico, sei também que você vai tentar encontrar vários motivos para recusar, mas eu peço que você de uma chance para a menina, em pouco tempo ela não terá ninguém. Desde que a mãe dela morreu ela não deixa ninguém chegar perto, mas olha ela com vocês.
Eu olho para o Phat novamente, então olho para o tio Tong, olhar para o Phat é uma má ideia, eu sempre acabo dando o que ele quer.
- Tio Tong, nós temos que conversar sobre isso primeiro, vocês nos pegaram de surpresa. Eu também não acho que seja fácil um casal como nós adotar uma criança. Eu entendo como essa situação e difícil e sinto muito por isso, mas nós precisamos de um tempo para conversar.
- Claro, é só o que eu peço que você considere isso.No final da noite eu coloco a menina na cama, o Phat abaixa e beija a testa dela, é aí que eu vejo que essa é uma batalha perdida.
Nós chegamos na casa do tio Tong, pegamos algumas cervejas e vamos para a nossa pedra, ficamos bebendo em silêncio.
- Você quer isso, não quer?
Ele passa a mão pelo cabelo e bebe o resto da cerveja.
- E você não quer, não é?
- Não é que eu não queira, mas trazer uma criança para a nossa vida não é uma coisa simples. Você acha que está pronto para ser pai?
- Pran, ela foi feita para nós, você não consegue sentir isso?
Eu sei do que ele está falando, o jeito como ela me chama de Papi e como ela olha para ele com adoração, como se apegou a nós imediatamente após nos conhecer, como é a mistura perfeita de nós dois. Era como se ela tivesse sido feita sob medida para nós.
- Você acha que nós conseguimos?
Ele sorri e acena com a cabeça várias vezes.
- Nós conseguimos, nós somos o equilíbrio perfeito, eu não vou deixar você ser controlador demais e você não vai me deixar estragar ela demais. Nós podemos fazer isso.
- Eu ainda não estou dizendo sim, primeiro nós vamos conversar com um advogado para ver como funciona o processo.Ele me beija, depois me abraça, da pra sentir a felicidade dele e eu sei que mesmo que eu não quisesse, e eu sei que quero, eu faria qualquer coisa por ele.
No outro dia marcamos uma reunião com um advogado local, tio Tong vai junto para ajudar com os detalhes que não sabemos.
O advogado explica que o processo é difícil e demorado, que podemos tentar entrar com uma guarda provisória em caráter de urgência por causa do estado de saúde da avó. Com o consentimento dela será mais fácil, mas é importante tentar localizar o pai da criança. O tio Tong mostra alguns documentos e fala que contrataram até um detetive, mas ninguém sabe onde a May estava no período que desapareceu. O advogado fala que isso vai facilitar também, mas avisa que até a adocao ser concluída vamos passar por todo um processo burocrático, avaliações psicológicas, assistentes sociais, audiências. Vai ser exaustivo.
Ele explica como funciona a guarda provisória, que se conseguirmos acelerar podemos levar ela conosco em um mês. Eu sinto o Phat apertando a minha perna quando escuta isso. Ele está animado. Eu pergunto quais as chances de não dar certo. O advogado conta que essa não é uma situação comum, então não há garantias, mas se tivermos estabilidade emocional e financeira e uma boa base familiar vai facilitar bastante.Saímos de lá com o Phat, animado como eu não via desde o nosso casamento. Ele quer ir ver a Claire.
Quando chegamos ela corre direto para mim.
- Papi.
- Oi querida.
- Tio, colo.
- Porque a princesa não me chama de Papi também?
Ela olha para ele confusa, depois para mim.
- Claire dois papis?
- Sim princesa, Claire dois papis.
- Phat, ainda não é hora.
- Vamos lá princesa, quem sou eu.
Ela olha meio em dúvida e responde.
- Papi?
- Isso mesmo.
Ela da aquele sorriso, abraça ele e grita.
- Papi!!!
Ele começa a dar risada, ela ri junto e eu sei que estou perdido com esses dois.
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Bad Buddy - Depois
FanfictionApós dois anos de casamento Phat e Pran vivem uma vida feliz, está tudo perfeito até que eles resolvem viajar para comemorar o seu aniversário de casamento, então a suas vidas vira de pernas para o ar. Essa é uma fanfic inspirada na série Bad Buddy...