Completo

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Mesmo de dentro da casa eu consigo ouvir o Phat falando, ele está praticamente gritando.
- Pai, eu vou falar isso uma única vez, o Pran é o meu marido, o homem que eu amo,  que eu sempre vou amar, não me importo se você está feliz com isso ou não, mas essa é a nossa casa, então ou você respeita ele ou não precisa mais voltar aqui. Mãe, você também, o Pran é seu filho, você acha mesmo que ele faria algo assim? Como você pode fazer isso com ele? Desde que nós conhecemos ela, eu não duvidei dele um segundo se quer, porque ele nunca faria isso comigo.

Eu me afasto da porta, não quero que a Claire fique escutando. Vou cantando para ela se acalmar, ela está tremendo, tudo isso foi uma péssima ideia, tenho vontade de deixar tudo para trás e ir embora com eles. Ela começa a se acalmar, mas continua soluçando.
- Vai ficar tudo bem querida, vai ficar tudo bem.

Depois de um tempo o Phat abre a porta e todos entram, eu dou alguns passos para trás, me afastando deles.
Todos ficam parados na entrada sem dizer nada, a Claire  levanta a cabeça e olha para eles e eu resolvo chegar um pouco mais perto para apresentar ela novamente.
- Como eu estava dizendo antes, eu quero que vocês conheçam alguém. Essa é a Claire, a nossa filha. Diga oi querida.
Ela vai olhando para eles com a cara assustada, quando olha para o pai do Phat fica encarando ele e vai ficando irritada. A Pá é a primeira a notar.
- Phat! Ela...
- Eu sei...
A mãe dele se aproxima, mas a Claire me agarra e esconde o rosto no meu ombro. Eu explico.
- Ela não deixa ninguém se aproximar desde que a mãe faleceu, então pode levar um tempo até ela se acostumar, sinto muito.
A minha mãe me olha e olha para a Claire, eu sei que todos ainda acham que ela é minha, mas não me importo, a única pessoa que eu preciso que confie em mim é o Phat.

A partir dai foi tudo muito desconfortável, a Pá e a Ink tentaram quebrar o gelo algumas vezes durante o almoço, mas com o pai do Phat de cara amarrada, o Phat nervoso e todos os olhares desconfiados, acho que nada poderia salvar esse dia. Depois do almoço a Claire fala que está com sono e eu subo para fazer ela dormir, deixo ela no quarto e desço.
Na escada eu escuto o Phat.
- Foi um atropelamento, ela morreu no hospital. A avó dela tentou achar o pai biológico, durante o processo tentaram também, não conseguiram, ninguém sabe quem ele é. Foi ideia do tio Tong a adoção.
- Você tem certeza de que ela não é do Pran?
- Absoluta.
Foi a minha mãe que perguntou, o fato dela não confiar em mim me deixa triste. Quando eles me vêem, ficam em silêncio. O Phat me olha e sei que está preocupado comigo, então eu vou até ele e me sento ao seu lado, ele segura a minha mão e aperta.
- Não sei se vocês vão acreditar, mas como já foi dito a Claire não é minha filha biológica, eu nunca conheci a mãe dela, nem sabia que ela existia até a tia Thana nos falar sobre ela e eu nunca estive com ninguém além do Phat durante a minha vida inteira. Se vocês vão acreditar ou não é com vocês, mas ninguém mais vai  falar sobre isso, principalmente na frente dela, toda essa situação já é confusa demais, ela já está confusa demais. Então vocês têm duas escolhas, ou vocês aceitam as coisas do jeito que são ou como o Phat disse, não precisam voltar aqui, não gosto de ir a extremos, mas a partir de agora ela é a nossa prioridade e nós vamos protegê-la.

Mais tarde quando todos vão embora o Phat vem até mim e me abraça.
- Eu sinto muito por tudo isso.
Eu digo que está tudo bem, mas deixo ele me abraçar, eu preciso disso.

Matriculamos a Claire em um jardim de infância da região, fomos conhecer o local, gostamos dos educadores, contamos a nossa história, a história dela, elas ofereceram qualquer tipo de apoio que precisemos na adaptação. A Claire gostou muito da escola, em pouco tempo já tinha se adaptado as crianças, professores e a rotina.

Com o tempo ela também foi se adaptando a nossa família, primeiro a Pá e a Ink, foram precisos três visitas para ela começar a se abrir, mais algumas para ela se sentir realmente a vontade. Foi muito mais rápido com o Korn e o Wai que na primeira vez já conquistaram ela, conversei com eles antes de apresentar ela e pedi para que não fizessem brincadeiras sobre a paternidade que eu tinha certeza que fariam. A mãe do Phat começou a nos visitar quase todos os dias, também não demorou muito para ela se acostumar. A minha mãe já foi diferente do que eu imaginei, duas semanas depois daquele almoço eu ainda não tinha tido notícias dela, resolvi fazer uma visita sozinho. Quando ela me viu chorou muito, pediu desculpa, disse que o Phat estava certo, que ela deveria ter confiado em mim. Naquele dia chamei os meus pais para jantar na nossa casa, quando eles chegaram a minha mãe se abaixou e a Claire simplesmente a abraçou e mais uma vez ela começou a chorar.
Com o pai do Phat nos nunca tivemos nenhuma esperança, então dois meses depois ele não tinha tido nenhum contato mais nem comigo, nem com a Claire. A mãe dele nos convidou para jantar várias vezes, um dia eu resolvi aceitar, se esse era o jeito dela ter o amor da família inteira eu faria isso por ela. O Phat foi contra, mas foi com a gente mesmo assim. Como já esperávamos o pai dele não falou nada nem olhou para nós o tempo todo. Depois do jantar estávamos todos na sala, a Claire está  brincando com o celular. Vimos ela indo de um para o outro mostrando o bichinho do joguinho dela. Quando percebemos ela tinha se aproximado do pai de Phat que estava lendo um livro.
- Vovô óia.
Ele olhou para ela e todos ficamos em silêncio. O Phat tentou se levantar, mas eu o seguirei. Então o pai dele se abaixou, pegou ela e colocou no seu colo.
- O que é isso?
A Claire começou a mostrar o jogo para ele e assim ela acabou conquistando a todos.




Chego mais cedo do trabalho e o Phat está na porta me esperando, ele faz isso todos os dias desde que nos casamos, só que nos últimos anos ele tem feito isso com a Claire. Eu saio do carro e ela corre até mim e eu pego ela no colo, ele pega a minha bolsa, segura a minha mão e nós entramos.
Hoje é aniversário do Phat, nosso aniversário de cinco anos de casamento, ele me acordou cedo com um café da manhã e me deu de presente uma nova aliança, disse que era para renovar os nossos votos. Eu não dei nada para ele, é uma surpresa para mais tarde.

Estou sentado em uma toalha de piquenique estendida no nosso jardim vendo o Phat brincar com a Claire e com o nosso cachorro, não consigo controlar o sorriso, ele parece um bobo, quando se cansa ele senta ao meu lado, me beija e segura a minha mão.
Com a minha mão livre eu tiro um papel do bolso e coloco na sua mão. Ele me olha, abre o papel e começa a ler.
- Isso é o que eu estou pensando?
- Feliz aniversário.
- Sério!?
Ele me abraça e me beija, um beijo muito demorado.
- Eca pai!
Ele se afasta e olha para a Claire.
- Princesa vem aqui!
Ela corre e senta no colo dele.
- Adivinha princesa? Você vai ganhar um irmãozinho.

Eu consigo sentir a sua felicidade, ele está há mais de um ano falando sobre isso, sobre adotar um menino, eu dei entrada no processo em segredo há alguns meses atrás, conhecer todos na agência de adoção e da assistência social facilitou bastante, como já passamos por todo o processo com a Claire conseguimos pular algumas etapas e conseguimos a aprovação. O papel que eu dei para ele é a ficha de um recém nascido que chegou no lar de adoção há duas semanas, o nosso filho. A nossa vida juntos sempre foi perfeita, mas agora está completa.

Eu fico olhando para ele tão feliz, eu não preciso de mais nada, a sua felicidade é o suficiente para mim.


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É isso gente, obrigada por acompanharem os meus perfeitos PatPran até aqui. Acho que prolongar a história só vai estragar ela. Eu amei escrever ela, espero que tenham gostado também.

Bad Buddy - DepoisOnde histórias criam vida. Descubra agora