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Dazai estava incrédulo, chateado e triste. Passou fome pela tarde toda para pagar a passagem e agora tinha perdido o ônibus. Suspirou, se controlando para não chorar ali mesmo. E então um toque em seu ombro o lembrou que não estava sozinho.

── Que merda... Dazai, você tá com fome? A gente pode comer alguma coisa aqui perto e depois você vê como volta pra casa. ── Se espreguiçou ── Eu não tenho mais clientela hoje.

Dazai sentiu as bochechas esquentarem e ficou meio acanhado de aceitar. Mas como não sabia dizer não pra ninguém, acabou aceitando. ── Hum... Pode ser.

Andaram um pouco, compraram qualquer besteira que servisse para forrar o estômago e começaram a comer enquanto jogavam conversa fora.

── Então você faz faculdade de fotografia, Dazai?

── É, eu faço sim. ── Disse Dazai sem tirar os olhos de suas batatas fritas, fingindo estar muito ocupado brincando com uma delas. Ficava muito sem graça quando perguntavam sobre seus gostos. ── Eu nunca pensei em me tornar um fotógrafo profissional, mas sempre elogiaram as minhas habilidades nas fotos. Então, não sei, talvez eu dê uma chance, sabe? É algo que eu gosto de fazer e... Aí, desculpa se falei muito. ── Droga, falou demais. Será que Chuuya estava incomodado?

Quando levantou o olhar, algo completamente oposto do que pensava acontecia: o ruivo lhe olhava fixamente com olhos brilhantes, parecendo genuinamente interessado no assunto. ── Hum, tava incomodando mesmo. ── o tom irônico era claro em sua voz ── Algum dia você tira uma foto minha pra eu ver se ela ficou bonita.

O moreno riu fraco, sentindo a sensação de estar incomodando se dissipando. Chuuya realmente fazia os outros confortáveis perto de si.

── Então, você já terminou de comer?

── Oi?

── Perguntei se você já terminou de comer.

── Ah, ainda não.

Os dois se silenciaram. Chuuya batucava a mesa em um ritmo que lembrava violão, ou guitarra, Dazai não conseguia saber, mas gostou da melodia. Começou a escurecer e a pequena lanchonete foi se esvaziando, e eles voltaram a conversar, mas depois uma garçonete lhes disse para se retirarem, porque já estavam fechando.

── Ah, nos desculpe! ── Já disse Chuuya de antemão ── A gente 'tava incomodando? ── a moça disse que não ── Vamos embora logo, Dazai.

Chuuya pagou e saiu junto de Dazai, e o moreno citou um parque ali perto, com um objetivo claro em sua voz. Uma pena que Chuuya negou...

Dazai ainda não tinha um jeito de voltar pra casa.

── Ai, caramba... Eu ainda não tenho um jeito de voltar, aquele ônibus era o último da linha!

Chuuya não respondeu nada, parecendo pensativo.

── Já sei! ── praticamente gritou, o que assustou o ruivo ── Chuuya, dá pra você me dar uma carona?!

── Para de gritar, porra! ── bagunçou os cabelos rubros ── não, não dá.

── Ah não! ── o tom infantil na voz do moreno  era irritante ── Você me disse que não tinha mais clientes hoje! ── Cruzou os braços, de forma birrenta.

── Cruzes, Dazai... ── Revirou os olhos. ── Eu te levo pra sua casa sim, se você pagar.

── Mas Chuuya- ── O citado o interrompeu, dizendo que já estava escuro e que eles deviam se apressar.

ᴛᴀᴛᴛᴏ ─ sᴏᴜᴋᴏᴋᴜOnde histórias criam vida. Descubra agora