VII - Segundo Tempo

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Tristan acordou com os sons dos pássaros cantando do lado da janela. Ele estava meio esparramado em cima de algo grande e quente, e algo macio fazia cócegas em seu nariz. Ele abriu os olhos e piscou algumas vezes antes que tudo ficasse em foco.

Ele estava aconchegado sobre Atlas, seu braço e perna pendurados no corpo do outro homem e seu rosto pressionado na axila dele. Tristan inalou com cuidado. Deveria ser nojento. Mas não era. O cheiro quente, masculino e almiscarado era bom. Ele inalou novamente, saboreando o quão bom seu corpo se sentia. Bem descansado, bem fodido e confortável.

Tristan olhou Atlas, que ainda dormia. A luz do sol matinal destacou os pequenos destaques dourados em seu rico cabelo castanho. Tristan ficou fascinado. Ele nunca tinha visto um cabelo como o dele antes: parecia castanho a maior parte do tempo, mas em certa luz seu cabelo poderia assumir um tom um pouco mais vermelho ou dourado. Então o seu cérebro sonolento registrou algo muito mais importante: eles passaram a noite juntos.

Atlas estava tão nu quanto Tristan, que mordeu o lábio. Tudo isso era muito estranho. Ele nunca acordou com um homem em sua cama e nunca trouxera um homem para seu quarto; seria o fim de sua carreira. Ele sempre tivera sexo anônimo com estranhos sem rosto em clubes escuros. Ele nunca esteve disposto a arriscar sua carreira por uma foda, e ainda estava com tanto medo de ser descoberto que não deixou nenhum de seus amantes do sexo masculino dar uma boa olhada no seu rosto.

Talvez alguns o chamassem de covarde. Talvez ele fosse covarde, mas era prático. Ele havia trabalhado tanto para chegar onde estava; seria tolice perder tudo por causa do sexo. Transar com mulheres podia não ser satisfatório - parecia um trabalho, na melhor das hipóteses - mas ele era forçado a fazer por causa das aparências, de vez em quando, e ele nunca levou mulheres para casa também. Então, apesar de tudo, essa era a primeira vez que ele dormia com alguém.

Os olhos de Tristan percorreram o corpo de Atlas e lambeu os lábios. Ele mentiu quando disse a Atlas que Bernie era o homem mais gostoso que já tinha visto. Ben era classicamente bonito, sua aparência fazia a maioria dos atores de Hollywood empalidecer em comparação, mas Tristan nunca se sentiu tonto com o desejo de ter Ben nu e em cima dele.

- Eu não esperava ser acordado com um abraço.

O olhar de Tristan voltou para o rosto de Atlas, uma onda de constrangimento lhe atingiu ao encontrar olhos cinzas muito alertas. De repente, ele ficou muito consciente de seu braço e perna pendurados sobre o corpo de Atlas e o fato de que sua cabeça estava aninhada na axila dele. Tristan não se afastou; se fizesse, isso provaria que havia algo errado com seu comportamento. Ele não era responsável por suas ações enquanto dormia.

Inalando com cuidado, ele tentou pensar em algo mordaz para dizer e não conseguiu. Ele não tinha ideia de como se comportar nessa situação. Esta foi sua primeira manhã depois. Tristan decidiu que não gostava das manhãs seguintes. Ele definitivamente não gostava de quão vulnerável e inseguro se sentia. Os olhos de Atlas sempre pareciam ver através dele e agora Tristan parecia um livro aberto.

- Eu não sou carinhoso. - disse ele com uma carranca. - Estava apenas com frio.

Atlas o olhou por um momento, mas não comentou.

- Como está sua virilha? - ele perguntou em vez disso.

Gemendo, Tristan revirou os olhos.

- Sério?

- Sim. Este é o meu trabalho. - Atlas se desvencilhou dos membros de Tristan e sentou-se. Seus dedos começaram a cutucar e amassar os músculos da virilha de Tristan experimentalmente. - Alguma dor?

Olhando para o teto, Tristan se perguntou o que Atlas faria se reclamasse que havia uma dor em seu pênis.

- Não.

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