VIII - Prorrogação

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- Desacelere! Você está correndo muito rápido. E lembre-se do que lhe disse sobre sua técnica de corrida.

Tristan revirou os olhos, embora Atlas estivesse atrás dele e não pudesse ver.

- Sou atleta profissional. Você devia saber que minha técnica de corrida é perfeita!

- Seus quadris estão atrás de seus pés novamente. - disse Atlas.

Olhando para trás, Tristan notou os olhos de Atlas e sorriu.

- Talvez você devesse se concentrar na minha técnica de corrida e parar de observar meus quadris. - Ele se virou e continuou correndo, desejando retirar sua provocação.

Cérebro viciado em sexo? Ele estava treinando! Não devia trazer isso à tona enquanto corria. Agora eles eram paciente e seu fisioterapeuta, e o que faziam às vezes depois das sessões de treinamento não deveria interferir em seu relacionamento profissional. É claro que eles nunca foram muito profissionais, contudo depois do fiasco de Lydia na semana passada, eles precisavam ser mais cuidadosos. A boba estava sempre por perto, enfiando o nariz onde não devia.

Ela assistiu suas sessões de treinamento no ginásio com olhos desconfiados e cautelosos, como se ela quisesse manter Atlas longe das "garras do mal" de Tristan. Foi um pouco hilário no começo, mas logo se tornou irritante. Tristan já a teria demitido, mas Atlas o convenceu do contrário. Ele estava certo: era mais fácil dela contar às pessoas sobre sua sexualidade se Tristan a demitisse. Mas isso não significava que Tristan estava feliz por ela estar por perto.

- Cuide de seu quadril, e seus pés cuidarão de si mesmos. - disse Atlas, seu tom frio e profissional.

Atlas estava fazendo um grande esforço para ser profissional perto dele. O que quer que Lydia lhe disse claramente o atingiu. Tristan não era estúpido: era óbvio que Atlas queria que essa coisa entre eles acabasse. Obviamente Tristan queria a mesma coisa. Agora eles só tinham que descobrir como parar.

- O movimento dos pés é apenas o resultado final de outras coisas acontecendo mais acima na cadeia cinética. - complementou Atlas.

- Sim, tanto faz. - disse Tristan, olhando ao redor.

O parque estava vazio num horário ridiculamente cedo. Ele deu uma olhada em Atlas e escolheu o caminho que levava para a floresta.

- Tristan... - O aviso na voz de Atlas era inconfundível.

Tristan ignorou e continuou correndo, sabendo que Atlas o seguiria. Ele ficaria chateado, mas o seguiria. Ele sempre fez. Tristan saiu do caminho e parou em uma pequena clareira na floresta. Inclinando o rosto contra o tronco de uma árvore, Tristan fechou os olhos, respirando o cheiro fresco de terra.

- Tristan! - disse Atlas, a voz raivosa.

Um corpo firme pressionou contra Tristan e os lábios familiares se arrastaram por sua bochecha, barba por fazer arranhando sua pele sensível. Tristan estremeceu.

- Você não tem um bom aparelho de barbear? - ele resmungou, recostando-se no calor de Atlas.

Era uma manhã fria; isso foi tudo.

- Você se acha discreto? - Atlas perguntou, sua mão deslizando sob o moletom de Tristan e acariciando sua barriga nua.

"Não. Eu só preciso de seus lábios e mãos em mim." - Tristan fez uma careta com sua linha de pensamento e disse mal-humorado:

- Ninguém obrigou você a me seguir até aqui.

Atlas riu, como se tivesse dito algo engraçado.

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