"Era você e Isagi"

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                              ANTES

"Seishiro, seu pai e eu estamos nos divorciando."

Nagi supôs que a pior parte dessa notícia foi que seu primeiro pensamento em resposta foi: não tenho tempo para isso. Embora, talvez, e em sua defesa, isso diga mais sobre o casamento de seus pais do que sobre ele mesmo. O divórcio sempre os espreitou, um final previsível e inevitável.

Não era como se Seishiro não se importasse. Ele simplesmente não sabia como se sentir sobre isso. Ele nunca pensou muito em coisas que ainda não aconteceram. E ele não tinha previsto que aconteceria hoje.

Ele também estava atrasado para o treinamento.

Mas eles estavam esperando por uma reação, então ele não podia simplesmente ir embora. Haru tinha aquele olhar de angústia no rosto que precede uma catástrofe. A ruga de suas sobrancelhas estava toda preocupada, como se ele não quisesse que as coisas chegassem a esse ponto. Cauteloso depois de jogar o que acreditava ser uma bomba sobre o filho, na expectativa da dor e dos choros, ele estava pronto para consolar.

Às vezes, Seishiro pensava que seu pai ainda o via quando criança, porque faz anos desde que Seishirou chorou.

Jia, por outro lado... bem, Jia o via mais como Seishiro realmente era, e ele tinha a impressão de que ela não gostava do que via. Para ela, ele não era seu bebê. Ele era apenas o filho dela. E ela poderia amá-lo, mas provavelmente era apenas porque ele era seu sangue.

De certa forma, três estranhos viviam sob o mesmo teto. E Seishiro sentiu vontade de ir embora, pois não tinha certeza se queria saber qual de seus pais ficaria. Eles olharam para ele, no entanto, por isso era impossível escapar.

"Ok," ele disse ao invés, olhando inexpressivamente para a diferença gritante entre seus rostos. Haru queria uma conversa sincera, mas Jia permaneceu ilegível. Eu herdei isso dela, Seishiro percebeu. Seu pai deve ter se cansado de amar alguém tão frio; eles estavam condenados desde o início. "Posso perguntar uma coisa a vocês?"

Haru assentiu. "Sim, queremos que seja uma conversa aberta, afinal. Será uma grande mudança para nós, então queremos tornar isso mais fácil para você."

"Eu vou ficar aqui?"

Por baixo da pergunta, a questão mais premente: com quem?

Seu pai olhou para Jia, "sim, claro. Sabemos que você já tem uma vida aqui, e o rinque também fica bem perto. Então, faria sentido você ficar com sua mãe. Não vou me afastar muito e..."

Seishiro tinha certeza de que suas feições não se contorceram de horror, mas seu pai o tranquilizou de qualquer maneira. "Nos veremos todo fim de semana; Eu irei às suas competições; você pode ficar se sua mãe deixar..."

"O que?" Jia falou, seus olhos grudados nos de Seishiro com a indiferença que os caracterizava. "Você tem algum problema com o arranjo? Porque não está em discussão."

Não, Seishiro cerrou os dentes. Sem problemas, capitã. Ele aprendeu há muito tempo que se comunicar com ela era uma linha de mão única. Falar o que pensava era inútil. "Posso sair agora?"

Haru ficou boquiaberto, inseguro. "O que? É isso?"

A testa de Jia se contraiu. Por um segundo, Seishiro pôde ouvir seus pensamentos: Inacreditável, Seishiro é inacreditável.

Ele tentou não encolher os ombros e desviou o olhar. "Não há mais nada que eu queira perguntar, e estou atrasado para o treino, então..."

"Então a patinação artística é mais importante do que sua família?" Mas, acusou Jia, "talvez você não esteja percebendo a gravidade dessa situação".

(Eternamente) seuOnde histórias criam vida. Descubra agora