Cap.13 - Cyberpunk

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Quando chegam na cidade, estava amanhecendo, V já estava acordado e havia tomado seu café da manhã, Gabs e Anelise se aprontavam e logo os 3 sairiam juntos

G: V, agora temos que encontrar quem?
V: Emilly, é uma amiga do Eighty.... eu não sei o que ela pode ter de informação, mas o Eighty disse para falarmos com ela
G: Hmm.... ele disse se ela é bonita?
V: E isso realmente é importante?

Apesar do design Vintage do trem que haviam pego, a cidade de Nova Tokyo contrastava totalmente, havia androides caminhando pelas ruas, tudo era muito mais mecanizado e avançado, era a metrópole que tomava conta daquele país, depois de uma grande evolução socio-econômica e a libertação de androides, agora as raças andavam por ai despreocupadas, o que fazia com que ninguém estranhasse um demônio andando junto do detetive. 

A: Mas o Eighty não falou mais nenhuma informação dessa garota?
V: Ele disse o nome de um bar só...
A: Que é....? Desembucha logo! Você tá sempre enrolando pra falar
G: Verdade, fica fazendo suspense, coisa chata! Fala tudo logo V!
V: Ele me passou por mensagem, vamos para o Seventh Heaven... ele disse que é um bar onde mercenários se encontram para negociar e conseguir novos contratos
A: Contratos?
G: Não igual o dele, contrato pra matar alguém, não é?
A: Ah tá.... é, era meio óbvio mesmo.... então é isso!
V: Sim... é um local de muita informação... eu evito aquele lugar na verdade
A: Por que?
V: Digamos que.... já tive problemas com o dono.... e sou um detetive... ex policial... o pessoal de lá não gosta muito de mim
A: Hmm...

Gabs ficava olhando para V e solta uma leve risada um tanto maliciosa

G: Ei V.... ainda tem a sua roupa de policial?
V: Sim, acha que pode ser útil? O colete?
G: Talvez.... mas e as algemas?
V: Sim mas.... meu objetivo não é prender o Killrain
Anelise suspira
A: Você é inocente, né V?
V: Que?
A: Não é do Killrain que ela está falando...
V: A-ah.... 

V olha para Gabs e balança a cabeça logo em seguida

V: Foca na missão! Vamos conseguir informações!

Quando chegavam pelos subúrbios, as ruas começavam a parecer um pouco menos movimentadas, conforme andavam, recebiam mais olhares e o detetive não era besta, percebia que algo parecia estranho, a quantidade de pessoas diminuiam, enquanto Gabs e Anelise batiam papo atrás dele, ele escuta um som estranho mas familiar, como o som do gatilho de sua arma poucos segundos antes de disparar e então é isso, um disparo, ensurdecedor para o detetive

E: Bosta! Eu errei! Não acredito nisso!
Archian suspira
A: Eu te falei... seria muito mais fácil se tivéssemos feito uma emboscada de verdade
E: Que emboscada, eu gosto é da caçada! Tu tá muito pacífico Arco, vamo lá! Agora que a brincadeira começa!! hahahaha!!
Emilly se levanta, estava no topo de um prédio, com um rifle de longo alcance em sua mão, uma sniper e ela quem havia disparado contra o grupo
A: Mais uma vez.... eu não posso só fazer o meu trabalho?
E: Vem comigo vai! Eu ainda vou te ensinar a usar uma arma!! - Diz a garota, conforme corria, pulando para o próximo prédio, um pulo de aproximadamente uns 10m de distância
A: ..... Essa garota é tão irritante que me me faz querer quebrar o pescoço dela.... o Eighty vai me pagar por deixar de babá dessa peste....

V: M-merda!
A: V-V?! Que porra foi essa?! Atiraram na gente? Agora o dilúvio tá usando armas?!
G: Ué, quem disse que não usariam?
Gabs não parecia surpresa ou preocupada, mas olhava V, curiosa 
G: Você tá bem?....
V: Não.... é.... eu não expliquei, até porque nem eu sei direito como funciona, mas, a merda do meu contrato, eu consigo escutar muito melhor as coisas
A: Como um cachorro?!
G: Não são os gatos que escutam melhor?
V: Sei lá! Não importa! O barulho de uma sniper é alto demais... isso me dá uma puta dor de cabeça....
Anelise olha para o buraco de bala na parede
A: Fala sério.... vamos nos infiltrar em algum lugar!
V: Quem quer que seja, quer uma briga aqui.... ou ele não tem muita precisão.... - V se levanta e olha para os prédios - Está lá em cima, em algum desses....

No fundo de sua alma, V parecia escutar vozes que diziam para ele algo... dizia para se concentrar, ele poderia escutar para onde foram, e então ele fecha os olhos, por alguns segundos, quando abre novamente, parecia visualizar e olha para outra direção

V: Veio dali.... eu posso ver....
G: U-Uau..... - Gabs parecia realmente surpresa, arregala os olhos ao ver aquilo, encarando V
A: Pode ver? - Anelise acompanha V com o olhar
G: Seu olho... tá mudando de cor....
V: É.... eu posso ver o rastro do som que ficou... como um fantasma cortando todas as outras ondas sonoras.... espera....

O olho esquerdo de V não estava mais verde, parecia que a cor magenta aos poucos tentava tomar conta, V estava usando uma parcela muito pequena de sua habilidade e precisaria aprender a desenvolvê-la

Detetive aperta os olhos e parece ver bem distante, no topo dos prédios, algo como uma leve fumaça se movimentando.... poderiam ser ondas sonoras? Se fosse, elas pareciam se dividir, uma para um lado e a outra parava

V: Eu acho que são eles....
A: Opa opa! Eles?!
G: Pera, eles?!
V: Eu tô vendo duas coisas, não sei explicar.... só.... confiam em mim?
A: Tá, né?
V: Temos que nos dividir.... Anelise, você vai pelos becos, toma cuidado, tenta ficar fora do alcance dos prédios! Se conseguir passar por dentro das lojas, melhor! Vamos tentar cercar algum prédio e tomar conta, mas fica esperta... se são dois, foi só um tiro, então o outro provavelmente não usa uma sniper também, ele pode estar de guarda-costas, pode ser algum especialista em corpo a corpo
A: Beleza, essa é minha especialidade mesmo!
V: Gabs, você vem comigo.... outro correu para o que me parece ser.... um novo ângulo de tiro, esse se afastou, provavelmente é o nosso atirador.... eu vou precisar de você nessa
G: Hmm.... vamos ficar a sós?.... tá na hora da festa então hahahaha! A coisa vai esquentar!

Gabs ri, assim que abre as mãos, parecia que seus dedos envolviam pequenas chamas e sua mão aquecia

A:  Você é mesmo ocultista, não é?
G: Ocu o que? Eu só gosto de me divertir! Hahaha
V: Vamos logo! 

Logo V corre, puxando sua arma, apesar da dor de cabeça, ele sabia que poderia precisar, se enfrentaria algum atirador, ao menos deveria ficar esperto, enquanto Anelise corre para os becos ao lado deles, tentando prestar atenção, armada com sua adaga, ela recitava algumas palavras, puxando alguns utensílios de seus bolsos, ela esmaga tudo em sua mão e passa na adaga, que parecia se iluminar.

G: V, você tem um plano?
V: Eu.... não consigo localizar direito ele.... mas está acima dos prédios, temos que nos movimentar por baixo, se ficarmos perto das paredes.... vamos dificultar pra o mercenário, e damos duas opções pra ele... ou desce e tenta um confronto mais direto, ou se aproxima de um prédio mais perto
G: Tá.... e tá confiando na sua habilidade pra isso?
V: Sim...
G: E como sabe que ele não foi atrás da Anelise?
V:.... Eu estou confiando nela também... e não quero que ela possa se ferir... você é um demônio, vai aguentar um tiro se precisar... Ela... eu já não sei
G: Espera, você tá nos colocando como iscas para ela fugir?!

V solta uma pequena risada e fica em silêncio, apertando o passo
G: Ei! V! - Resmunga Gabs, que solta um sorriso, ela pela primeira vez via um pedaço de empatia, de confiança para elas, vindo do detetive, mas ainda estava insegura.

No mundo terreno, as habilidades de um demônio eram extremamente diminuídas, apenas demônios absurdamente poderosos conseguiam manter suas habilidades, e Gabslandarth não era um.... era uma vergonha para seu pai, um rei, enquanto ela não conseguia fazer nada mais do que um demônio de rank baixo, o que nunca fez sentido para os outros, esse era um dos motivos de sua fuga, seu sangue, tinha algo ali, e ela queria descobrir, e assim como V, precisava aprender, naquele mundo, como liberar suas habilidades, com isso em mente, Gabs fica séria, como V nunca antes viu, começava a andar mais à frente, acelerando seus passos, delicados como uma princesa, logo silenciosos, mas com uma expressão mortal, como o demônio que era.

E: Que merda, até que o rapaz não é tão burro, né? Esse tal de V.... aaah, que saco... hmm?
Emilly começa a receber uma ligação
E: Eighty? Qual foi? Eu tô no meio de um trabalho, eu tava com o vagabundo na minha mira, ia explodir a cabeça dele aqui e tu me atrapalhou porra!
8: Que? Tu tá trabalhando? Nem me avisou? Como tá o Archian?
E: É, é! Ele tá lá, tá ligado? Hmm.... - Emilly tentava mirar
8: Ou! Me responde direito pirralha!
E: OPA OPA! PIRRALHA É TEU TOBA! Tu se acha todo espertão ai, hacker sem criatividade, usa o nome de uma bola de bilhar?!
8: Epa epa, tu é mais velha que eu e quando decidiu usar um corpo, quis usar um corpo de uma CRIANÇA?!
E: AH EIGHTY, VÁ TOMAR NO C-
8: RESPEITA QUEM PAGA TEU SALÁRIO PIRANHA!
E:....... nhe nhe nhe, bla bla bla, fala muito e fala nada.... qual é o problema? Agiliza ae, se a caçada fugir, você quem vai me pagar mesmo!
8: Você vai receber um amigo meu, beleza? V é o nome dele
E: Pera.... que?!
8: O que não entendeu? Tá dando glitch nessa sua cabeça ae?
E: Não, porra.... pera.... Ele é um cara de cabelo rosa... andando com uma gostosona ruiva e outra de cabelinho curto?
8: Olha, se a ruiva é gostosona, eu acredito em você, mas é bem por ai
E: Porra....

O tom de voz de Emilly saia preocupado

8: Qual foi Emilly?
E: Eu tô com ele na mira da tua sniper....
8: Pera... que?
E: Ele é meu alvo! Me pagaram pra matar ele porra! Tu é burro?!
8: Não, tu falou.... A MINHA SNIPER?! EMILLY!!
E: É, ESCOLHE AGORA, OU TU ME PAGA POR QUEBRAR ESSA CAÇADA OU EU EXPLODO OS MIOLOS DESSE BABACA AGORA!
8: Eu te pago!
E: Eita o.o

Emilly se surpreende, Eighty não pensa duas vezes, sem dúvida V era importante para o Eighty de alguma forma.


Anelise caminhava sorrateira pelos becos, quando dá de frente com o homem de cabelos prateados, ele a encarava e em uma de suas mãos, segurava uma espada

An: Ah, maravilhoso.... você é o mercenário.... quer o que com a gente? - Disse Anelise, conforme levantava sua adaga e assumia sua posição de luta
Ar: Não sou um mercenário.... somos Cyberpunks... e a caçada vale uma grana boa...
An: É tudo por dinheiro então, né?
Ar: Por ai...
An: Vocês não tem princípios... tenho nojo!

Com essas palavras, Anelise parte para cima de Archian, em um pulo, ela sobe mais alto do que o comum, seus olhos verdes pareciam se iluminar e sua adaga vai rapidamente em um corte direto para o rosto dele, Archian facilmente defende com sua espada e a chuta para trás

An: Argh.... - Arfa Anelise
Ar: Você pode usar o ritual que quiser.... não é você quem eu quero
An: Estão.... atrás do V, não é?! - Ainda ofegante, falava entre seus dentes
Ar: V?... Que criativo.... - Archian resmunga com irônia e se aproxima lentamente, passo a passo, colocando sua espada apoiada em seu ombro

Em um ataque direto, Anelise parte para cima dele e com sua adaga, se aproxima em um corte vertical, de baixo para cima, mas Archian segura a adaga em sua lâmina, sem pensar duas vezes, sua espada parte de seu ombro em um ataque direto contra Anelise, batendo com tudo o punho de sua espada contra a têmpora de Anelise, que tenta se defender mas apaga na mesma hora

Ar: .... Ela não é tão idiota.... - Archian olha para a própria mão e percebe seu sangue, Anelise havia encantado sua adaga e aquele corte parecia se abrir lentamente e corroer mais e mais sua pele
Ar: Tsk.... é pequena, sabe brigar... mas ainda muito impulsiva...

O rapaz continua sua caminhada atrás do detetive.


G: V.... alguma sugestão?
V: Ele parou de se mover.... vamos subir devagar

V e Gabs subiam as escadas dos prédios, V estava à frente, armado e preparado, pronto para disparar em qualquer movimentação, com seu olho, ele não conseguia visualizar nada até chegar na porta do terraço, ao abrí-la devagar, ele percebe movimentação, olha para Gabs e faz sinal de silêncio, então ambos saem, e dão de frente com a garota, Emilly, os encarando e apontando a arma

E: Você que é o tal do V! Né?
V: Isso.... e você, é?....
E: Seguinte cabeça rosa, eu tenho uma caçada pelo seu corpinho ai estatelado e jogado lá no rio... a gente pode negociar se tu quiser...
V: Faz isso com todos seus alvos?.... Cyberpunk...
E: He he.... você tá ligado então, né?.... Nah nah! Só faço isso porque é pedido do meu amigo
V: Seu amigo?

Gabs prestava atenção na conversa, mas não havia saído ainda para fora do prédio, estava de olho para ver se era alguma armadilha, se alguém viria por trás deles

E: Isso ai... o nosso trilha-rede, o Eighty falou que tu é o namoradinho dele, mas se eu não sair com uma grana DA BOA daqui... eu vou te matar igual
V: H-hmm.... O Eighty é seu amigo?.... - V solta um pequeno sorriso de canto - Certo... quanto?
E: Quero 50 mil, pode mandar!
V: Beleza.... - Com uma mão, V pega seu celular, ainda apontando a arma para ela e sem tirar os olhos dela
E: Fácil, em?
V: Quanto te pagaram para vir atrás de mim?
E: O triplo dessa merda ai!
V: Então eu te pago o quádruplo pra me ajudar a caçar quem te contratou
E: Hmm.... Agora estamos conversando.... paga uma parte agora!
V: Transferência já foi feita...

Assim que Emilly percebe que a transferência foi recebida pelo seu neuro-identificador, ela abaixa a arma

E: Beleza, contrato fechado maluco! Deixa eu chamar meu brother lá que deve tá macetando tua amiga... seguinte, a parada é que o cara me contratou lá na Seventh Heaven, e lá a gente não pode causar treta, tamo devendo uma grana pro Cleitin lá e espero que o Eighty faça você pagar essa bosta também!
V: Hmpf.... A Anelise sabe se virar.... e eu tenho certeza que posso aprender algumas coisas com vocês.... - Enfim V abaixa a arma - Gabs, chega ai!
G: Hmm.... - desconfiada, Gabslandarth sai, encarando Emilly e vai se aproximando dela junto de V - Eu me chamo Gabslandarth
E: Eu sou -
V: Emilly, não é?.... o Eighty me disse pra vir te encontrar
E: Hehehe, gostei de você! Mas fica esperto.... se me pagarem mais, tua cabeça vai implodir igual fogo de artifício!

V sorri, um sorriso irônico, já lidou com Cyberpunks antes e sabia como tudo era sobre negociação, então sabia que a ameaça era real, naquele mundo de Cyberpunks, qualquer um poderia ser um aliado.... contanto que pagasse mais.

V: Começa falando Emilly, como o cara que te contratou chegou em você?... 
E: Beleza.... só... deixa.... eu..... Ô ARCO, O MALUCO É GENTE BOA, CHEGA AI, VAMO COMÊ O CU DELES AGORA NÃO, BELEZA?! CHEGA PRA GENTE BATER UM PAPO, PARA DE MACETAR A LOIRINHA AI, TRÁS PRA NÓIS!
V: Eh.... - V fica incomodado como Emilly apenas gritava, e seu jeito de falar, mas tentava relevar, enquanto a olhava, com seu celular, ao ter feito a transferência, tentava escanear ela
G: Fala sério.... quantos anos tu tem criança? - Gabs ficava irritada, ainda mais com a idéia que alguém poderia ter machucado Anelise, falava sério
E: Eu? Oxi, e isso te importa porra?.... Tenho 26 anos de pura gostosura, tá ligado? Esse corpinho todo aqui saiu caro porra! O meu medicânico fez no precin, se tu tiver afim, a gente pode te deixar delicinha também!
G: Não preciso dessas coisas artificiais....
E: E você grandão?
V: Eu -
G: Ele também não precisa...

V olha para Gabs e ri de leve

E: Tá certo.... ih caraio, o maluco tem fetiche em chifruda.... Ô ARCO, FICA NA BOA EM, ELE VAI QUERER CAVALGAR NO TEU CHIFRE! hahahahaha!!!!! ENFIM, BORA LÁ, senta ai criançada que lá vem história!

Emilly começaria a contar como alguém do dilúvio foi atrás dela para caçar V, e ali mais uma pista era deixado por Killrain, mais um rastro na sua trilha de sangue.

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