Verso 49

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Andei por estradas tão escuras
Sozinha
Minha companhia era só o meu fone
Minhas músicas e uma tristeza de matar

Ninguém se fez presente por muito tempo
Ninguém foi capaz de ver a minha alma
E se viram, se assustaram com a escuridão que havia dentro dela

Sempre estive competindo
Com pessoas agradáveis
Rostos bonitos
Corpos bonitos
E nunca ganhei nenhuma guerra
Nenhuma batalha

Nem precisa me dizer que não sou boa o suficiente
Porque já sei
Eu sempre vou ceder
Eu não tenho resistência

Se não me quiserem por perto
Eu não vou insistir
Não vou ficar

Vou embora
Lamber as minhas feridas
Bem distante de onde possam me ver
Porque eu sei que não posso contar com os outros

Não posso oferecer
O que todos os outros oferecem
Há algo de errado comigo
Não consigo me conectar
Estou quebrada
E não sei onde

Só sei que toda essa multidão me assusta
E eu sempre vou preferir o silêncio
Porque ele permite que a voz da minha cabeça
Fale

Estou sempre conversando comigo mesma
Com os meus medos e inseguranças
Eu tenho as minhas próprias leis
Sou quase um universo que precisa ser decifrado
Até hoje
Ninguém foi capaz de desvendar o quão profunda é minha alma

É assustador confessar que não sei quem eu sou?
Deixou de ser apenas uma crise existencial
É algo perigoso
Que me empurra para o precipício
Lentamente
Há dias
Que só quero acabar com o que essa existência vazia representa

Alguém sempre diz
Que não posso ser assim
Que não posso ficar desse jeito
Como se eu gostasse de não ser normal

Como explico que não posso escolher?
Essa loucura me habita
Sem permissão
Sem consentimento
Sem regras
Ela só domina a minha vida
E me exclui
De qualquer possibilidade de melhora
Ou mudança

Verso De Cada DiaOnde histórias criam vida. Descubra agora