Verso 56

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As pessoas se tocam e estão tão vazias que dá para ouvir seus tinidos de longe. Todos querem parecer o que não são. Ninguém está seguindo em frente. Fingem, usando a máscara que lhes convém, para aparentar que estão bem, mas não estão. Essas mesmas pessoas vazias são as que prometem amor, amizade e apoio as outras, quando são incapazes de abastecerem a si próprios de alguma felicidade. 

No escuro de seus quartos estão presos em seus próprios infernos pessoais. O sorriso que chega até seus lábios é vazio, as promessas que fazem são só palavras ocas. Ninguém se importa de verdade. Fazem textões nas redes sociais a fim de lacrar, massageando suas próprias vaidades. Na verdade não estão nem aí para a dor do outro. Querem ser estrelas mas não possuem luz própria.

Se viver nunca fez sentido, hoje faz ainda menos. Estamos caminhando rumo à um colapso mundial nas relações humanas.  Ser autossuficiente foi o pontapé de uma destruição em massa. O calor, a sensação de acolhimento ou de esperança de que tudo poderia ficar bem, foi-se. Não há mais nada para nos agarrarmos além da excêntrica futilidade de não valorizar o que realmente somos, ou o quantos sofreríamos menos se parássemos de mentir para nós mesmos. Projetamos um modelo de vida que sequer existe, para agradar gente semelhantemente vazia. 

Deus ou o diabo não irá destruir o mundo. Seremos nós mesmos, com a nossa persistente loucura de acharmos que significamos alguma coisa nesse universo imensurável.

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