Severus acordou sentindo algo gelado em volta dos seus pulsos, ouvindo um barulho de corrente e um falatório.
Seu corpo parecia relaxado demais, sua mente não pensava em absolutamente nada. Parecia que ele estava sobre efeito de drogas, e era relaxante pra caralho.
Porém assim que seu corpo finalmente acordou, um choque percorreu por seu corpo.
Estava num salão, grande, muito grande. Ele estava de joelho e seus pulsos estavam acorrentados numa espécie de madeira ou algo assim. Tinha milhares de outras pessoas alí, e a maioria eram adolescentes.
Depois do choque veio a confusão. Se lembrava muito bem do que aconteceu antes de estar aqui. James lhe matou, ele morreu, então o que estava fazendo lá?
As outras pessoas pareciam pensar a mesma coisa, algumas ainda estavam surpresas, outras pareciam ter acabado de "acordar" e muitas estavam confusas, Severus era uma delas.
De repente todos ouviram um barulho alto de uma porta pesada se abrindo. Olharam para trás e viram...
O falatório ficou ainda maior, o medo de todos alí cresceu, era possível ouvir gritos agudos de garotas.
Por uma porta pesada que parecia ser de pedra (e com a aparência acabada) passou uma figura preta misturada com cinza, ela lembrava um dementador porém tinha a silhueta um pouco feminina. Ela não tinha rosto, ou pelo menos não parecia ter, era possível ver um pedaço do crânio dela, completamente amarelado. Não tinha olhos, porém se ela virasse a cabeça em sua direção parecia que ela te olhava no fundo da alma, aterrorizante...
Ela carregava uma foice consigo, parecia estar velha e desgastada. Ela não tinha pés pois flutuava, a parte de baixo do seu "manto" parecia ter sido comida por cupins o queimada em fogo.
Severus sentiu os pelos que ele nem sabia que tinha se arrepiarem. Ela andava tranquilamente no meio dos "prisioneiros". Quando ela passava perto de um deles, o mesmo gritava de medo e tentava se afastar, porém parecia que seus joelhos estavam grudados no chão.
Ela passou do passou perto de Severus, olhando para si. Podia jurar que tinha visto um brilho vermelho rápido no meio daquela escuridão.
Todos alí sentia-se apavorados, aquela figura tinha uma aparência horrível de dar calafrios até em morto (literalmente).
Assim que ela chegou perto da primeira fileira de prisioneiros, ela se virou para olhar a todos. Severus queria sair dali o mais rápido possível, parecia que aquela coisa estava lhe olhando n fundo da alma, e não sabia se os outros estavam assim também.
Sua garganta estava seca, seu corpo estava pesado e seus joelhos doíam, seus pulsos estavam pedindo socorro.
- Bem-vindos, queridos suicidas! - A voz dela era feminina e grave, parecia uma mulher idosa e persuasiva de filmes duvidosos. - Acredito que todos estão confusos e...com medo. - Tocou no queixo da pessoa mais próxima de si com a foice, diria que aquele rapaz tinha uns 20 anos. O coitado urinou nas próprias calças de tanto medo. - Acho que eu deveria me apresentar, certo? - Ela literalmente voou em cima de uma pedra bem alta que possivelmente cairia a qualquer momento. - Sou a mamãe de vocês, a querida e desajada Morte!
Severus franziu as sombracelhas. "Que porra essa velha está falando?"
- Ora, achei que fossem mais inteligentes...- Bufou entendiada. - Bem...você! - Apontou para uma garota ruiva que estava nas primeiras fileiras. Ela era muito parecida com...Lily? - Se enforcou numa árvore, que ironicamente era a favorita do seu único e melhor amigo, que amor! - Susurrou irônica.
Severus achou que estava vendo coisas, porque aquela garota que a tal Morte estava falando era extremamente parecida com Lily, porém ela estava de costas e não conseguia vê-la direito. Mal prestou atenção no que a Morte dizia.
- E você bebeu produtos de limpeza de propósito...essa ideia já estava ultrapassada, meu anjo. - Abanou as mãos. - Eu sou a Morte, a temida pelos santos e adorada pelos mortos, ou seja, vocês! - Viu que nenhum deles parecia assustado. - Ah, eu estou muito velha pra joguinhos...- Saiu de cima da pedra e começou a andar entre as fileiras. - Todos aqui se deixaram levar pela voz maldita da cabeça de vocês, certo...e a dúvida que todos tem aqui é "Eu não morri?". Sim, você morreu, porém eu sou extremamente caridosa e consegui entrar em acordo com o Destino e com a Vida.
Todos pareciam confusos e surpresos, mesmo não entendendo direito o que estava acontecendo.
- Morte, Destino, Vida e Magia, essas são as entidades que poucos teram a sorte de saber que realmente existem. Eu sou a morte, minha irmã é a Vida, Destino é um bocó que adora pregar peças e a Magia...bem, é a Magia. - Ela se sentou numa espécie de "palco que tinha alí". Era estranho como todos pareciam ficar extremamente focados quando ela falava algo. - Todos vocês que estão aqui deveriam ser felizes, deveriam ter dito a vida que merecem...toda vez que um ser humano nasce, nós decidimos como será sua vida, eu decido quais serão os problemas que ele irá enfrentar e o Destino decide como ele viver, a Vida dá a ele a vida, obviamente, e a Magia decide se ele será um trouxa ou não, as vezes ela é bem inútil. O problema é que o Destino sempre diz que irá fazer uma coisa e faz outra...ela é muito mais traiçoeiro que toda a humanidade junta...
"Vocês foram planejados para serem felizes, e foi isso que todos nós combinamos, porém o Destino novamente mudou a vida de vocês...ele os tornou suicidas, mudou completamente a história de vocês, fez vocês terem traumas que não deveriam ter. Eu deveria ficar feliz, porque cada vez que alguém morre eu fico mais poderosa, porém eu posso ser tudo, menos injusta. O Destino favorece aqueles que são podres por dentro, estupradores, bandidos, pedófilos, assaninos e outras milhares de coisas abomináveis! Eu nunca fiz nada com essss atitudes do Destino, porém isso já estava passando dos limites. Cada vez mais a taxa de pessoas que se suicidaram aumenta, e eu sei que isso não foi combinado porque a Vida nunca aceitaria que isso acontecesse. Então, vocês tem duas escolhes: renascer ou finalmente morrer. Não direi nada que possa interferir na escolha de vocês, mas garanto que suas vidas não seram as mesmas caso escolham renascer."
Isso foi confuso pra caralho, nenhum deles entendeu nada. A confusão era estampada em seus rostos, porém a Morte seguiu calada, parecendo um estátua.
Cada um deles tinha um pensamento diferente. Alguns pareciam estar mais atraídos pelo "renascer" do que "finalmente morrer", outros estavam cansados demais pra pensar em outra opção a não ser morrer.
Severus estava num dilema consigo mesmo, não era burro e sabia que aquilo alí era qualquer coisa, menos uma alucinação. Seu corpo e mente estavam vivos demais para que aquilo não fosse real. Sua mente gritava para descansar (morrer), mas seu coração dizia para renascer, não entendia o que isso queria dizer, porém o seu coração parecia falar mais alto.
- Bom, o tempo acabou. Sejam felizes e descansem. - O que a morte queria dizer com aquele discurso sem sentido era que se os sentimentos deles escolhessem morrer, eles iriam realmente morrer e não teriam a chance de terem uma vida diferente, já os que escolhessem renascer iriam para um universo paralelo que fariam eles felizes, sem os traumas de sua vida passada. É confuso de entender, eu sei.
Seus sentimentos sempre dizem o que você realmente quer, pode tentar se enganar o quanto quiser, porém seu coração sempre falará a verdade.
As correntes se quebraram e seus pulsos foram soltos, Severus soltou um suspiro de alívio ao sentir que estava "livre", porém sua felicidade durou pouco. Uma espécie de escorregador se abriu em baixo de si, lhe fazendo cair dentro dele.
A última coisa que ele lembra era uma luz extremamente branca. Ficou tão nervoso que começou a chorar feito um bebê, e então apagou.
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Para Onde Vão os Suicidas?
Mystery / Thriller[PAUSADA] Cansado era a palavra que definia Severus. Após a morte de Lily se sentia perdido, sem rumo, pois o único motivo a qual ele estava vivo era ela, sua melhor amiga. Ela sempre lhe disse que ele deveria ver o lado bom da vida e não pensar em...