No dia seguinte, Tedros presenciou Hermione lançando um silêncio penitencial. Vez ou outra lhe lançava um olhar irritado, desconfiado, triste... Ela não dizia com palavras, mas ele entendia exatamente o motivo. Ele tinha sido grosso com ela da última vez.
Em seu coração, ele se sentia humilhado por ter sido ferido gravemente durante a luta. Se culpava por ser incapaz de duelar e se defender como um príncipe. Achava que talvez fosse fraco e que isso era o motivo indireto do porquê tudo estava indo daquele jeito. Em sua família era o único filho, deveria trazer honra, não vergonha. Sempre escutou isso e temeu não corresponder tal expectativa. Agora, a pessoa que amava iria noivar com outro homem. Estava com o orgulho ferido.
Tedros mandou uma carta por meio da enfermeira para Maria. No dia seguinte ela apareceu e eles discutiram. Não foi bom ela ter mentido sobre esperá-lo, pois o fez se sentir traído e humilhado diante da escola e de seu reino. Ja imaginava nos jornais as notícias de sua noiva comprometida com outro outro enquanto ele nao podia nem levantar de uma cama. Queria que Maria tivesse esperado mais um pouco, não deixando sua mãe ditar as regras como sempre fazia. A garota era uma escrava das vontades da mãe, de sua aprovação. Essa era uma das coisas que mais odiava em sua amada, sua falta de confiança para o que importa, porque para fazer coisas sem noção, ela tinha muita ousadia. Talvez ambos fossem covardes, tanto ela quanto ele em relação aos seus pais. No fim, chegaram juntos ao veredito naquela discussão: oficialmente o namoro mais invejado da escola havia acabado, faltando pouco para a formatura do felizes para sempre.
Hermione soube do término da maneira mais lamentável possível. Quando saiu da aula de etiqueta foi emboscada no banheiro e as amigas de Maria feriram seu rosto com tapas fortes enquanto outras a seguravam. A garota nunca foi tão humilhada. Até então sempre foram empurrões, beliscões, palavras pesadas, brincadeiras de mal gosto em público e etc... mas nunca algo desse nível. A pobre chorou durante toda a noite e de manhã desistiu do café e ficou em seu quarto. Assim que deu o horário de visitar Tedros, se arrastou embora não quisesse. Levou consigo um novo livro na esperança de distrair a mente. Ao andar pelo corredor sentia vergonha do roxo em suas bochechas, dos arranhões também dos olhos inchados e roxos de dor e também de tanto chorar. Aos seus olhos, parecia alguém digna de pena, jamais uma princesa. Não sabia se defender, como reinaria? Tudo era uma pesadelo para Hermione: Tanto seu futuro quanto seu presente. Jamais seria salva por um príncipe, jamais seria amada por qualquer pessoa... A esse ponto, nem ela se amava mais. Seu único final feliz seria escondida em uma livraria sozinha enquanto seu irmão reinasse.
Chegando no quarto de Tedros ela tentou não acordá-lo e se reclinou no sofá próximo a cama fechando os olhos ardentes em busca de alívio. Estranhamente conseguiu sentir um pouco de paz em meio a tantos pensamento negativos. Depois de alguns minutos pegou no sono. Em uma hora ela acordou com a voz de Tedros:
-Quem te fez isso? - ele estava sentado em sua cama tentando se levantar para ver de perto.
-Ahn...? - ela esfregou os olhos marejados e se levantou tentando entender o porquê dele estar tão agitado... ou poder se levantar desse jeito.
-Você foi espancada! - Ele tocou em sua mão e gemeu de dor pelo movimento.
-Não. N-não fui. - Ela segurou sua mão e tentou empurrá-lo para que se deitasse - Você está i-inventando coisas. Fique deitado ou vai piorar. - ela disse preocupada. Se achava patética e nãoqueria assumir que tomou uma surra. Mas, por um instante, seus pensamentos pararam de vaguear e ela vislumbrou o ombro nú do garoto graças às novas ataduras, e instantes depois desviou o olhar por vergonha. Como ela estava sentada perto de seu leito ele ainda pôde segurar sua mão, chamando a atenção da mesma novamente.
-Foi Maria? Como ela pôde? Isso é um nível alto de covardia.
-Ela sabe que eu te contei aquilo?
-Não, mas ela deve ter presumido isso. - pausou - viu só? Eu tinha razão! Foi ela.
- Eu não disse isso.
-Não precisa. - engoliu o seco - Já foi na enfermaria?
- Estamos em uma. - ela tentou e ele franziu a testa em desaprovação- Não, e não vou. Que tipo de princesa leva uma surra? Não tenho honra? - Sua consciência dizia que não tinha.
-Não é justo!! - ele refutou, mas no fundo entendeu o lado da garota. Ele também se sentia humilhado pela luta que o colocará em tal estado.
-Eu mereço.
-Quê? - ele aperta sua mão e contrai o maxilar. Seus olhos sondavam os da garota e só encontravam dor e insegurança. Ele não gostava de como se sentia perto dela. Seu coração doía.
-Eu mereço por ter trazido azar a vida de vocês. Você quase morreu, eu tive tanto medo. E agora não tem sua princesa... - falou baixinho um tanto manhosa - Se não tivesse pedido nada à fada provavelmente as coisas estariam melhores para todos. Eu sei que sou culpada. Ninguém gostaria de mim nem por um milagre. O pior foi te envolver nisso, te jogando uma praga. Voce odiea minha presença e tudo tem dado errado desde que nos aproximamos. Obviamente seremos inimigos. Eu sou uma pedra no seu sapato. Me desculpa... - seus olhos se encheram de lágrimas - de verdade...
De maneira involuntária ele segurou sua cabeça delicadamente e trouxe para sí, escondendo o rosto molhado da garota no seu peito através de um abraço.
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A Fada do banheiro e a maldição do felizes para sempre
RomanceA Fada lançou uma maldição e agora o príncipe mais bonito da escola real está fadado à amar a princesa zoada. Sobre o livro: História curta sem "voltas" e com clichê leve. Começa com "era uma vez" e termina comportado no "felizes para sempre".