Segunda-feira, no intervalo das aulas eu esperava Caleb no pátio. Quando ele veio a mim, reconheci de longe Pablo e Lola passando no corredor. Os olhos de todos aparentemente estavam neles. Não era comum. Eles deveriam estar na escola agrícola, apesar de não ter visto seus pais também.
- Isso significa que não vieram de férias - disse mostrando os dois.
- Explicado o tempo que Pablo disse ter aqui - Respondeu.
- Hoje vamos aos Travessos. Eles são a ajuda que precisamos se seremos surpreendidos! - falei a Caleb.
- Ótimo, estou curioso quanto a habilidade de Lola - disse Caleb.
Vieram em nossa direção.- Olá guerreiros! - Disse Pablo com muita simpatia.
- Olá novos amigos - respondi cumprimentando os dois.
Pablo fez questão de me abraçar. Caleb o tratava bem, mas eu sabia que sentiu ciúme desde o primeiro momento.
- Nos dêem boas vindas! - disse Lola sorrindo.
- Bem vindos! - Caleb respondeu.
- Hoje dividiremos experiência de caça então? - perguntou Pablo se sentando ao meu lado.
- Parece que sim. - eu disse e prossegui: - Vão morar aqui então?
- Só o necessário - disse Lola. - Necessário para? - Caleb.
- Mais tarde contamos e iremos retribuir o convite.
- Quanto mistério Pablo - Lola em risos. Acabou o intervalo. Acabou o assunto.
- Nos vemos nos portões da província as três - falei saindo na frente.Sai de casa em Bartô, mas puxando Coronel. Chegando nos portões estavam só esperando por mim, mas cheguei pontualmente.
- Sem atrasos - brinquei.
- Obrigado por lembrar de mim - Lola tomou as rédeas de Coronel.
Ela não levava armas.
- Ainda vou precisar de você! - sorri. Avançamos pela estrada de ferro com destino a cachoeira. Dois a frente e dois atrás. Lola me contava sobre o reino de Fasso, me falou sobre seus pais que eram produtores, sobre tér dezesseis anos e Pablo dezessete, falou sobre possuírem sangue de aventureiros.
Não podia deixar de ouvir Caleb e Pablo a nossa frente falando sobre nosso reino, os bons lugares para cavalgar, para caçar, sobre as meninas da escola, e sobre mim.
Chegamos a uns quinze minutos da trilha e deixamos os cavalos. Não queria correr o risco de perder eles para os travessos.
Continuamos andando até a trilha e conversando. Nossa curiosidade foi morta quando Lola acertou uma ratazana com um lance de punhal a mais ou menos cinquenta pés.- A desvantagem é que elas não voltam - falou enquanto se dirigia ao animal.
Carregava dois punhais na lateral das botas. - Então você é ninja - Caleb falou com a maior cara de bobo.
- Não, só gosto de lâminas. É o que fazemos de melhor - ela riu e olhou para Pablo. - Embora ele prefira armas.
Pablo levava dois revólveres pequenos com um encaixe no cano bem curioso.
- É prático. Não precisa afiar lâminas. Melhores em distâncias. Derrubam qual-quer coi-sa - respondeu.
- Convencido! - Lola sorriu zoando ele.
Pegamos a trilha e em instantes chegamos a cachoeira. A arapuca estava no mesmo lugar, intacta. Aparentemente tudo estava normal. Fizemos a primeira e demorou muito tempo.
- Não está normal Caleb.
- Até parece que sumiram - me respondeu.Desfizemos a armadilha e saímos numa caça um pouco mais ousada. Verificamos cada tronco, e entulhos, possíveis toca de travessos. Petrúcio não teria visitas, ligaria para ele mais tarde.
- Nada - Falou Pablo.
- Não vamos perder o dia - eu respondi. - Vamos além.Abrimos caminho a mata para uma próxima nascente, mas agora para derrubar qualquer animal.
- Quem derrubar mais e o maior vence! - Lola.
- Bom desafio - respondi.Pablo começou e acertou um pássaro. E descobri que aquele prolongamento na arma silenciava o som.
Lola pegou um cervo. E um macaco.
Caleb pegou um lobo e um pássaro.
Peguei uma cobra, e um lagarto.
Lola, um pássaro e uma cobra.
Pablo, um gato estranho.
Eu, um gato e um lobo.- Desconheço esse lugar - olhei a volta, era mais escuro, havia bem mais sons de animais, mas escondidos. A quantidade de cobras também era maior.
- Acha melhor voltar? - Lola respondeu.
- Não, agora que está interessante - eu disse sorrindo.
- Silêncio, escutem! - sussurrou Caleb.
- É um rosnar bem familiar - disse Pablo. - Parece de um Tro..
Antes que pudesse terminar fomos surpreendidos pelo enorme troll que deu um salto em nosso meio. O primeiro que vejo em pêlos e osso. E Pablo reconheceu rosnar?
Pablo acertou o primeiro tiro na perna do monstro. Ele pulou para cima em investida errando uma patada.
Lola fez um punhal cravar no peito dele tirando muito sangue enquanto se movia, quando foi para o lado dela Caleb o derrubou com uma flecha nas costas. Agora Caleb era alvo. Acertei uma flecha que atravessou o pescoço, mas não o parou. Pablo se posicionou com impulso acertou as costas do troll que caiu. Lola cravou outro punhal na garganta, onde eu pisei e Pablo o acertou com um tiro no meio da fronte.
Tudo isso aconteceu em menos que três minutos, posso apostar. Pegamos as armas de volta nos posicionando.- Alguém se machucou? - perguntei. - Todos bem! - Lola respondeu.
- Será que tem mais? - Caleb.
- Parados não descobriremos - Pablo deu o primeiro passo para a direção que o troll veio.Olhamos tudo e não achamos mais nada. Nem rastros, nem fogueiras, nem carcaças, nem trolls.
Voltamos a trilha.
- O que faz um troll pra esse lado? Tão próximo da província? - disse eu.- Buscando comida talvez - respondeu Lola. - Como são bem irracionais não parece haver outros motivos.
- Como reconheceu Pablo? - perguntei.
- É o que iríamos contar - respondeu ele. - Somos aventureiros mesmo! Caçamos por esporte, seres maiores e mais perigosos que travessos. Exploramos lugares estranhos, entramos onde não entram. Já vi trolls várias vezes, já matamos eles dormindo, acordados. Entramos em cavernas de orcs.
- É nossa herança, vovô nos deu e capacitou - completou Lola. - Ele quem nos falou sobre certos acontecimentos estranhos por aqui.Enquanto chegávamos aos cavalos Pablo e Lola contaram que estavam ali para explorar. Disseram que a província parecia não ter pessoas que fizessem isso e Fasso estava chato. Tinham coleções de artigos de caça, ou amuletos. Falaram sobre o Desconhecido e sobre alguns vilarejos nas montanhas. Eram histórias que seu avô havia compartilhado com eles. Quando chegamos a Royal, Lola falou:
- Pensem bem, vocês são os únicos aqui que parecem gostar de algo do tipo. Confiamos em vocês.
- E vocês, são nossos convidados! - Completou Pablo.
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Mais um capítulo pra conferirem ❤❤Não esqueçam do feedback, quem não comenta ou deixa votos chama no chat, Facebook sei lá. Só quero saber que estão lendo! Abrassuh
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Entre Quatro Reinos
FantasíaO ideal da aventura é que ela perdure enquanto puder alimentar as mentes. Na antiguidade celta o que não faltava eram aventuras, lugares a explorar e seres a descobrir. A convivência entre seres mágicos, os quase extintos vikings e os homens era uma...