Capítulo Quatro

119 15 0
                                    

Tom era um homem muito bonito. Seus cabelos eram negros, entretanto, ele tinha alguns fios brancos devido ao estresse. Ele tinha olhos profundamente castanhos escuros da cor de madeira lisa. Ele era dois palmos mais alto que Draco e sempre estava vestindo algo bastante casual.

No momento que Draco entrou na cozinha, ele tomava um pouco de chá de mirtilo que Pansy havia deixado pronto no bule.

- Eu não esperava que você voltasse para Slytherin antes de sexta-feira. - Draco deixou seu caderno e prancheta sob a bancada, se servindo de um copo de água gelada.

- Eu estou de viagem, precisava resolver algo antes. - Tom parecia distante. Já não bastasse ser socialmente e emocionalmente distante, Draco percebeu que havia algo mais diferente nele.

- Você quer falar algo, não quer? - Draco nem fez questão de virar. - Acho que imagino o que é.

Ele se lembrou dos beijos trocados. Da felicidade que sentiu quando flores e presentes invadiam sua sala nos primeiros messes de namoro. Das madrugadas que eles passavam sentados na varanda da casa de Tom, planejando uma vida inteira. Viagens, jantares... Tom o fazia feliz em todas as esferas possíveis.

Draco esfregou o local onde ele costumava usar a aliança de namoro. Ele havia parado de usá-la fazia algum tempo, devido a falta de compromisso de ambos.

Sua cama começou a ficar mais vazia. Sua rotina não tinha mais aquele brilho que ele proporcionava no inicio.

Seria bom terminar? Seria. Mas era o costume que os prendia ali. O costume de ver um rosto familiar quando se acorda, quando se deita.

Era bastante burocrático uma nova pessoa na sua rotina, Draco pensou. Ele não era mais um jovem em busca de experiencias. Ele queria um amor fixo, alguém para confiar, para contar seus segredos e fazer planos sem se importar com um fim.

Era sonhador da parte dele, mas era o que ele queria.

Tom bebeu um gole de chá.

- Eu sinto que se eu continuar com isso, irei te machucar. Mas do que eu já te machuquei.

- Nós nos machucamos. Eu também tenho culpa. - Draco respondeu, sem se virar ainda.

- Eu digo que você fez minha vida feliz no tempo que você esteve nela. - Tom arriscou um sorriso. - Mas sinto também que você não me pertence.

- Como é a sensação de fazer seu relacionamento desmoronar e não fazer nada para salvá-lo?

- Impotente. - Tom não esperou para pensar. A resposta era clara, era óbvia.

- Tudo bem.- Draco suspirou fundo, tentando afastar algumas lágrimas. - Você vai viajar para onde agora?

- Japão. Algumas semanas planejando alguns projetos. Por favor, não tenha raiva de mim.

- Tenho raiva mais de mim do que de você. Aliás, não há culpados aqui. Apenas acabou algo que não era certo.

- Aprecio sua maturidade.

- E eu aprecio sua sinceridade. - Draco respondeu, tristonho. - Eu vou fazer um pacote das suas coisas que tem lá em casa.

- Pode ficar com os casacos. Eles certamente não vão mais entrar em mim. E você combina com alguns.

Draco sorriu, entretanto, Tom não viu esse sorriso.

Ele se levantou da cadeira e se aproximou de Draco. O puxou para um abraço longo e profundo, onde sentiu seu coração fraquejar lentamente.

- Sua infelicidade era saber que ele deixou o homem da sua vida escapar.

Mas Draco era forte: Tinha uma carreira pela frente, era bonito e era uma pessoa maravilhosa. Ele iria encontrar alguém que o entenderia melhor do que ele.

Mary Me?Onde histórias criam vida. Descubra agora