Those That the Beast is Looking For

170 6 15
                                    

Disclaimer: eu nunca assisti Rebelde na vida, além de umas cenas soltas no Youtube, e conheço os personagens por meio de tais cenas, e de descrições em wikis, fanfics e afins. Mesmo assim, gosto muito desse trauma, e não achei nenhuma fic usando as personagens da novela ao invés das atrizes, então resolvi escrever isso aqui. A ideia me veio principalmente pela cena em que a Roberta diz pra Lupe que ela é do jeito que é porque é um monstro, e não teve como minha mente não ir parar na trope da Bela e a Fera. De qualquer forma, espero que gostem :)

*****

"Lola, você vai atrasar a gente.”
A voz de Lupita é gentil quando ela fala, mas a meia-irmã bufa com irritação mesmo assim.

“Desculpa, agora é crime querer estar bonita no pior evento do mês?” ela responde, sem tirar os olhos do próprio reflexo no espelho, penteando o cabelo,
"Se eu for forçada a ser jogada pro monstro, quero pelo menos estar arrumadinha.”

“Você não vai ser escolhida,” Lupita diz, revirando os olhos, “mas é obrigatório estar na praça ao meio-dia pro sorteio, e você quase nos atrasa todo mês. Nem precisa de tudo isso, dura no máximo uns quinze minutos.”

"Se você cuidasse pelo menos um pouquinho da própria aparência, de repente algum garoto além do Mascaro te desse bola” Lola agora se levanta do banquinho na frente da penteadeira, passando rapidamente os dedos pelos cabelos longos, “e aliás, não sei porque você não dá valor. Ele é o garoto mais bonito da vila, e um dos nossos melhores caçadores. Queria que ele me olhasse do jeito que olha pra você.”

Lupita desvia o olhar para o chão, de repente se sentindo um pouco desconfortável.

“Lola, eu já disse, não tenho interesse pelo Joaquim,” ela diz, com a voz baixa, “nenhum.”

“Bom, você é que é a boba” Lola passa pela irmã sem nem olhar para ela, com a cabeça erguida e o andar confiante, como sempre, “Não vai ter outra oportunidade como essa. Nenhum outro garoto vai querer você. Se bem que você sempre foi burrinha, mesmo.”

Lupita suspira, de modo triste, e sai no encalço de Lola em direção à praça.
Não era nada novo, a forma como sua meia-irmã lhe tratava, mas nunca deixava de doer. Ela queria que Lola enxergasse o quanto ela a estimava, mas isso parecia impossível a essa altura. A irmã nunca gostara dela, por motivos que nem Lupita sabe ao certo.

Perdida em seus pensamentos, quase não repara quando Mia Colucci aparece ao seu lado, parecendo bem menos animada do que de costume, mas com o visual bem-cuidado como sempre.

"Eu odeio esse dia do mês,” resmunga a loira, sem nem falar bom-dia.

“Eu também não sou muito fã, mas fazer o que, Mia?” responde Lupita, cansada, “Somos todos obrigados a comparecer.” 

"Eu sei,” Mia distraídamente chuta uma pedrinha no meio do caminho, sem olhar aonde ela vai parar, “é só que... é tão errado. É o nosso próprio povo que a gente está jogando pra morrer. Nossos  vizinhos, e mercadores, e amigos. Isso não te incomoda?”

“É claro que incomoda,” Lupita estremece ao se lembrar de todas as pessoas que ela viu entrar na floresta, todas elas tremendo e chorando, sem exceção, para nunca mais voltar, e tenta não pensar na possibilidade real e concreta de ser um de seus amigos a ser sorteado na próxima vez.

"Sinceramente, é uma sorte Electi ser grande e populosa o suficiente pra esse negócio de sorteio uma vez por mês,” continua Mia, indignada, “porque senão já estaríamos morando numa vila fantasma. Será que não tem como... sei lá, como se comunicar com esse monstro, de alguma forma? Arranjar um acordo?”

"O sorteio já é um acordo,” lembra Lupita, “Eu odeio isso, mas se não fizéssemos isso todo mês, ele entraria aqui e mataria a todos nós. Ou pelo menos é o que o prefeito diz.”

Savirroni - Bark at the MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora