Capítulo V - Família e Budapeste

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!! Atenção!! Este capítulo faz menção de cenas violentas e explícitas.

POV Narrador

Está escuro e S/N não consegue ver nada para além de um pequeno raio de sol que entra por entre as frechas das tábuas de madeira clara. O silêncio que a rodeia chega a ser ensurdecedor, mas o calor que envolve aquele pequeno espaço faz com que a sua maior preocupação seja a sua desidratação.

O espaço, semelhante a um guarda roupa, não permite que ela esteja de pé. E para além disso, a curta corrente de ferro que a prende ao chão por um dos seus pés, não permite que ela se levante. As suas pernas estão dormentes por serem obrigadas a manterem-se na mesma posição por tanto tempo, e por muito que S/N queira evitar, ela não se consegue focar em mais nada para além da aguda dor que sente nas suas costas.

Hoje foi o pior dos castigos até ao momento, e o grande e profundo corte que percorre toda a superfície das suas costas só o comprova. O local sangra sem parar, e o mundo à sua volta está mais desfocado e silencioso que o normal. A pequena não sabe muito bem porquê, mas o seu corpo começa a ficar mais e mais fraco, pedindo por um sono bem merecido.

Contudo, ela combate esse pedido do seu corpo com todas as forças que tem. Adormecer significa perder o controle do seu corpo e perder a noção do que acontece à sua volta. E já tendo passado por situações muito semelhantes a esta, S/N ficará acordada até ao último momento, até não aguentar mais.

A morena não sabe muito bem há quanto tempo já está ali. Podem ser cinco ou seis horas, ou talvez um ou dois dias. Até agora a única vez que ele a veio ver foi só para lhe deixar um pedaço de pão velho, que ela não perdeu tempo em devorar, e isso não lhe deu muita indicação do tempo ou da hora.

S/N sabe exatamente o que fez para merecer estar ali, mas ela não o conseguiu evitar, foi um pequeno acidente. No entanto, nada é perdoado e ela tem de pagar por todos os pequenos erros que comete, mesmo que sejam acidentes.

Ele deu-lhe o nome de "penalidades", e cada erro que a pequena comete tem uma penalidade diferente. Nenhuma é mais leve que a anterior e por muito que S/N lhe suplique, ele é cada vez mais impiedoso e agressivo.

A morena acorda do seu leve transe quando o pesado barulho das botas contra o chão de madeira se começa a aproximar. Ainda que um pouco ausente da realidade, ela sabe exatamente o que se segue, e automaticamente o seu corpo começa a tremer. Cordas, chicotes e lâminas são arrastadas pelo o chão, e S/N engole em seco quando imagina todas as possibilidades do que ele lhe poderá fazer. Todo este movimento é acompanhado por uma leve música que ele assobiada com maestria e animação.

"Strangers in the night", preenche o ar juntamente com o barulho dos seus passos. Nunca antes na sua vida S/N tinha detestado tanto uma simples música, pois sempre que ele a canta, significa que uma penalidade está para acontecer. Às vezes, enquanto ele lhe bate, corta ou chicoteia, ele canta a música enquanto olha fixamente para os olhos da pequena, e enquanto que os olhos de S/N só traduzem dor e desespero, os dele traduzem felicidade e prazer.

De repente, tudo fica em silêncio, e por incrível que pareça, neste momento, o silêncio assusta-a mais do que qualquer barulho. Quando a porta de madeira subitamente é aberta, S/N encontra os olhos e o sorriso mais aterrorizante que alguma vez viu.

- Olá, minha princesa. - acaricia de forma bruta a sua bochecha - Dormiste um bom sono ? - pergunta, sabendo que a morena não tinha qualquer possibilidade de responder devido ao pano velho que ela tem amarrado à boca - Estou a ver que não. - gargalha altamente - Mal consegues manter os olhos abertos. - grita, fazendo S/N estremecer ainda mais - Mas não te preocupes, princesa, vou fazer tudo ao meu poder para que possas dormir um bom e longo sono. - sorri, revelando os seus dentes completamente brancos

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