Capítulo 2

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Sophia
2014
- Não chora.- falei para as duas à minha frente e tentando controlar o meu próprio choro.
- Eu vou sentir tanta saudades- Vitória falou.
- Eu também.- eu e Débora falamos ao mesmo tempo.
Nos abraçamos e eu comecei a chorar um pouco. Débora percebeu e se afastou um pouco com uma careta e disse.
- Ainda está doendo.- Débora resmungou fazendo um gesto com a perna e percebi que ela estava tentando mudar de assunto. Vitória secou uma lágrima do meu rosto e depois acabamos rindo.
Depois da Débora ter acordado eu e a Vic às oito horas da manhã dizendo que tínhamos que comemorar antes de eu embarcar, a última coisa que pensei que ela fosse querer fazer seria uma tatuagem. Mas lá estávamos nós às nove da manhã para ela fazer a tão sonhada tatuagem, rimos demais de como ela ficou resmungando toda vez que a agulha tocava sua pele. Depois fomos para a minha casa acabar de arrumar as minhas coisas. Meus avós também iriam comigo, mas iriamos fazer uma surpresa para os meus pais e chegaríamos antes do que eles pensavam. E agora estávamos as cinco no aeroporto nos despedindo. Meus avós já estavam perto da entrada de embarque só esperando eu acabar de me despedir das minha amigas.
- Eu amo vocês.- falei sorrindo.
- Esses últimos anos foram incríveis.- Débora disse.
- Para de falar como se fosse um adeus.- falei fechando a expressão.
- E não é.- Vic falou.- Vamos nos encontrar de novo daqui a uns anos. Lembra que vamos todas morar no mesmo prédio?- perguntou sorrindo.
- E em agosto eu estou em Los Angeles, lembra?- Débora falou.
- Mas eu já vou estar em Nova York.- falei dando uma murchada.
Estava com medo de perder as minhas melhores amigas. Essa era a verdade.
- Vocês não lembram do nosso combinado de morarmos no mesmo prédio?- Vitória perguntou sorrindo.
- Você vai estar casada até lá, Vic. Nem vai ligar para a gente.- ela me olhou feio, dei de ombros.- Tenho certeza que logo, logo o Pedro vai te pedir em casamento.- falei sorrindo e cutucando a barriga dela que se esquivou da cosquinha.
- Será?- ela perguntou meio envergonhada.
- É óbvio Vic. Nunca vi um garoto tão apaixonado por uma garota tanto quanto ele é por você.- falei e Débora concordou.
- Eu já vi.- Vitória falou rindo e olhando para Débora que a acompanhou.
- Não entendi.- Olhei confusa para as duas que riram ainda mais.
Antes que eu pudesse responder, o locutor anunciou que era a última chamada para o meu voo.
- É isso.- falei e abracei as duas de novo.- Eu amo vocês.
- Também amamos você.- elas falaram juntas.
- Vamos Sophia.- escutei a voz do meu avô e o toque gentil dele nas minhas costas.- Tchau meninas.- ele acenou para elas que acenaram de volta.
- Tchau meninas.- falei me soltando delas e pegando minha bolsa que estava ao meu lado no chão.
- Tchau Soph.- falaram juntas.
Me virei e tentei abrir um sorriso. Sei que nunca vai ser um adeus, mas vou sentir muita falta de estar com elas todos os dias. Mas agora estamos começando uma nova fase das nossas vidas e inevitavelmente vamos acabar nos afastando um pouco, mas sempre vamos ser amigas e tenho certeza que daqui a uns anos vamos morar no mesmo prédio como combinamos.
Sorri para a minha vó quando cheguei perto dela e a mesma me abraçou de lado me levando para dentro da sala de embarque. Esperamos meia hora para finalmente entrar no avião.
- Meu assento é o da janela vovó?- perguntei e ela assentiu.
Sentei e olhei para a janela completamente ansiosa para ver meus pais e meus irmãos. E claro. Ele. Meu coração acelerou na mesma hora.
- Está nervosa?- minha avó perguntou.
- Não vovó. Estou ótima.- ela assentiu sorrindo de lado.
Será que ela sabe? É claro que não, sempre escondi muito bem minha paixonite pelo Rodrigo. Rodrigo, só de pensar nele sinto meu estômago revirar e as famosas borboletas.
Achei mesmo que era só uma paixão de infância e que isso iria passar, mas depois do último natal que eu fui passar com os meus pais percebi que não era apenas uma paixão de criança. Eu realmente amo ele de uma forma que nem consigo explicar em palavras, mas sabia que nunca seria correspondida. Ele só me via como a irmã do seu melhor amigo e afilhada dos seus pais. Eu tinha que entender isso de uma vez por todas.
Suspirei pegando os fones na minha bolsa e ligando a televisão, para procurar um filme. Seria uma viagem longa e não queria passar o tempo todo da viagem, me lamentando que o Rodrigo nunca vai me enxergar.
Coloquei no novo filme do Thor. Doze horas de voo, pelos menos vou matar umas duas vendo esse filme, pensei apertando o play.
- Sophia.- senti alguém me chamando e abri os olhos meio sem entender.
Olhei de um lado para o outro e percebi que o avião estava parado. Quando eu peguei no sono? Lembro de ter visto o filme do Thor todo e depois cliquei em Dezesseis Luas, mas não lembro de nada do filme. Touché, foi nessa hora que dormi.
- Já chegamos, querida.- minha vó falou e eu me levantei.
- Graças a Deus.- falei me espreguiçando.- Não aguentava mais. Demorou muito.- completei mordendo o lábio para conter uma risada e ela me olhou também tentando conter a risada.
- Mas é muita cara de pau mesmo. Você dormiu a viagem inteira mocinha.- vovó falou e eu acabei rindo.
Pegamos as malas que estavam conosco e saímos do avião guiadas pelas comissárias simpáticas que nos desejaram um bom passeio, sorri para elas.
- Sophia vai ao banheiro lavar esse rosto enquanto eu e seu avô vamos pegar as malas.- minha avó falou apontando para o banheiro.
- Vó, eu quero ajudar vocês com as malas.- falei.
- Tem certeza que quer chegar com essa cara amassada? Vai que tem um menino bonito lá te esperando?- ela falou sugestivamente e eu corei.
Será que ela sabe?
- Lívia.- Meu avô falou em repreensão e ela fez um gesto para ele ficar quieto.
- Vai querida.- ela falou me empurrando de novo e eu assenti envergonhada.
Quase corri para o banheiro e quando me olhei no espelho percebi que estava horrível mesmo. Meu cabelo estava bagunçado e em alguns cantos do meu rosto se via o amassado pelo tempo que eu dormi. Abri minha bolsa e peguei minha escova e minha necessaire penteei meu cabelo e depois joguei um pouco de água no rosto. Peguei meu rímel e meu blush e passei.
- Bem melhor.- falei me olhando no espelho.
Saí do banheiro e encontrei meus avós parados na porta esperando.
- Perfeita.- minha vó falou, sorri.
- Vamos.- meu avô falou.
Senti meu coração acelerar. Depois de meses eu veria minha família e o Rodrigo de novo. Estava com saudades.
Pegamos o táxi na porta do aeroporto e falamos o endereço. Peguei meu celular e tinha mensagem do Noah e das meninas. Abri primeiro a do Noah, ele disse que estava morrendo de saudades e que ele e o Brian estavam contando as horas para eu chegar amanhã, respondi que também estava muito ansiosa. Por que você demorou tanto para responder? Foi a mensagem seguinte dele. Estava arrumando as malas, respondi. Pulei para a mensagem das meninas perguntando se eu tinha chegado, respondi que estava no táxi indo para casa. Elas me desejaram boa sorte com o Rodrigo. Vou precisar, respondi e bloqueei o celular.
Encostei a cabeça na janela e fiquei olhando para a praia. Eu, Noah e Rodrigo sempre fugimos para brincar. Meu peito apertou com a saudade. Não sabia o quanto senti falta desse lugar até agora. Eram tantas lembranças. Olhei para a outra janela na hora que passamos por uma sorveteria que vende somente gelato, quando estava chateada Noah e Rodrigo sempre me traziam aqui e deixavam eu comer quantos sorvetes eu queria. Eles me mimaram bastante, ri comigo mesma. Voltei a olhar para a praia vendo algumas pessoas passarem por ela, um pouco mais agasalhadas. Olhei para o céu e estava fechando o tempo. A noite costuma fazer frio em Los Angeles, nessa época do ano.
Quando o carro virou à direita e começou a passar por casas muito bonitas percebi que estava bem perto de casa. Senti minhas mãos suarem. Será que meus pais vão gostar da surpresa? Passamos pela casa branca ao lado da dos meus pais e me senti ainda mais ansiosa quando vi os três coqueiros que a minha mãe plantou na entrada da casa. O carro virou e paramos em frente a ela. Minha vó disse que ele poderia subir na garagem e foi o que o motorista fez.
Que nostalgia.
Ela está exatamente como eu me lembrava. A grama estava bem verde e parecia ter sido aparada a pouco tempo. Desci do carro olhando para a minha casa. Ela ainda tinha a mesma cor pastel de sempre. A melhor casa do mundo, era grande, bonita e que ainda ficava praticamente do lado da praia.
A casa dos meus pais não mudou nada, desde a formação dela muito antes do Noah nascer, composta por dois andares, sendo predominantemente de madeira, ela possuía uma garagem grande logo na entrada e ao lado um pouco para trás se encontrava a porta principal. No segundo andar possuia três janelas grandes que davam para a rua e mais algumas para os lados. Era uma casa bem grande com seis quartos. A área da piscina nos fundos parecia mais aquelas piscinas de clube pagos.
Mas o melhor era a praia. Apenas dois quarteirões poderia ser visto o mar e a praia privada do bairro rico em que a casa dos meus pais se encontravam.
Vi meu avô pagando o taxista e fui até a mala tirar as bagagens, quando tirei tudo olhei para minha vó com um sorriso gigante e ela assentiu quando viu a minha pergunta muda para entrar. Ela assentiu e eu praticamente corri para dentro de casa. Abri a porta sem fazer barulho e escutei algumas vozes vindo da sala. Andei pelo pequeno corredor entre a sala e a porta e virei a direita encontrando Noah e Rodrigo jogando no sofá.
- Podíamos fazer alguma coisa quando a Soph chegar amanhã.- Rodrigo falou e percebi que até a voz dele tem efeito sobre mim quando me senti arrepiar.
- Como o que?- Noah perguntou.
- Podíamos levar ela para praia e depois tomar um sorvete ou para o parque. Sabe que ela adora.- Noah concordou e eu decidi me fazer presente nesse momento.
- Ou podemos fazer todas as opções.- Falei e eles pularam do sofá pelo susto.
- Pimentinha.- Noah gritou pulando por cima do sofá e correndo até mim.
Ele me levantou e girou comigo. Comecei a rir e o abracei.
- Nunca mais vou deixar você ficar tanto tempo longe de mim.- Noah disse e senti pela voz dele como estava emocionado.
- Mas não era você que dizia que precisava de um tempo longe de mim?- falei e ele me soltou um pouco para me encarar, mas sem tirar os braços da minha cintura.
- Se eu falei isso eu estava alucinando. Nunca mais vou deixar você sair de baixo das minhas asas.- ele falou me abraçando apertado de novo e eu ri.- Mas porque você não avisou que vinha antes? Mamãe, papai e Brian foram ao mercado comprar as coisas para o almoço que íamos fazer amanhã.
- Íamos?- perguntei levantando a sobrancelha.
- A mamãe. Você entendeu.- Noah revirou os olhos.- Cadê suas malas?- ele perguntou olhando de um lado para o outro.
- Ai meu Deus. Vamos ajudar a vovó e o vovô.- falei apontando para o lado de fora e começando a andar.
- Vovó e vovô também vieram?- assenti e Noah abriu um sorriso enorme e colocou a mão na frente do meu corpo.- Deixa que eu ajudo eles. Você deve estar cansada. Bem-vinda de volta Pimentinha.- Noah me deu um beijo no rosto.
Sorri e ele saiu de casa. Escutei ele gritar vovó e sorri ainda mais.
- Não vai falar comigo?- pulei com o susto e me virei lentamente para o Rodrigo, meu coração acelerou tanto que acho que estou tendo um infarto.- Só o Noah ganha um beijo e um abraço?- e para completar minha sentença de morte abriu um sorriso.
- Claro que você ganha também.- falei rápido. Até mais que um abraço se você quiser, pensei enquanto me aproximava dele e ficava na ponta dos pés para abraçá-lo.
Ele se abaixou um pouco e envolveu minha cintura com os braços. Senti meu corpo inteiro reagir quando ele colocou o rosto na curva do meu pescoço e respirou fundo.
- Que saudade de você Soph.- ele disse e me levantou me abraçando mais apertado.
- Eu também senti Rodrigo.- falei escondendo meu rosto no seu pescoço e inspirei seu cheiro.
- O que está acontecendo aqui?- escutamos o Noah.
Rodrigo riu abafado no meu pescoço e mais um arrepio passou pelo meu corpo. Noah você às vezes é um estraga prazeres, pensei.
- Estamos nos abraçando Noah.- falei me virando para ele.
- E precisa abraçar desse jeito?- ele falou gesticulando exasperadamente.
- Que jeito Noah?- perguntei cruzando os braços e encarando ele.
Ele me encarou por cinco segundos e bufou. Depois olhou para o Rodrigo sério.
- Vou levar sua mala para o seu quarto.- Noah disse ainda olhando para o Rodrigo e depois saiu.
- Acho melhor eu ajudar ele.- Rodrigo falou e eu me virei para ele.
- Rodrigo não estávamos fazendo nada demais.- infelizmente, pensei.
- Eu sei Soph, mas você sabe como o Noah é por sua causa. Ele só tem medo de que alguém machuque a irmãzinha dele.- falou rindo encostando o dedo no meu nariz e acabei seguindo ele rindo.
- Eu não sou mais criança.- falei revirando os olhos.
- Eu sei bem disso.- ele me olhou de cima a baixo e eu corei.
- Rodrigo me ajuda com as malas.- Noah gritou.
- Estou indo.- Rodrigo falou.- O dever me chama.- ri com a piada.
Rodrigo se aproximou bastante de mim ainda sorrindo e se inclinou um pouco me dando um beijo no rosto.
- Que bom que você voltou. Esse lugar fica muito sem graça sem você, Tinker.- sorriu e se afastou me deixando com um sorriso de orelha a orelha no rosto. 

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