Sophia
- Você não vale nada. Você e as prostitutas são a mesma coisa.- gritava na frente dos amigos dele que riam da situação.
Estavam os três tão bêbados que me surpreenderia se algum deles conseguisse ficar dois segundos em pé.
Mais uma vez eu tinha chegado do trabalho e o encontrado bêbado com seus amigos. Isso vem acontecendo tanto ultimamente que nem me lembro quando começou.
No momento ele estava brigando comigo porque eu tinha saído de vestido. Sendo que ele tinha me visto de manhã e não tinha reclamado.
Eu sempre vou de calça, mas hoje estava particularmente quente e decidi colocar um vestido que ia até os joelhos. Ele nunca implicava com esse vestido, mas no seu estado alcoolizado acho que dessa vez vai ser diferente. Ele continuava rindo e me insultando de qualquer coisa que sua mente debilitada se lembrasse naquela hora.
Sei que não sou a namorada perfeita, mas eu tento. Realmente tento. Mas acho que nunca vou estar aos pés dele.
- Por favor. Vamos conversar.- peço, na verdade imploro.
- Conversar? Eu não tenho nada pra falar com você, Sophia.- gritou e eu me encolhi.- Vai logo lá pra cima e tira essa roupa. Já falei para você não usar elas.- gritou outra vez e veio para cima de mim, recuei e corri para o quarto.- Isso mesmo, lugar de mulher decente é dentro de casa e fica pronta que daqui a pouco eu vou subir.- escutei mais uma vez a risada dos seus dois amigos e me tranquei no quarto chorando.
Tirei o vestido e uma vontade imensa de rasgá-lo me invadiu, mas lembrei que foi o Noah que me deu e parei. Joguei ele longe. Peguei um roupão e coloquei saindo do quarto para tomar banho.
Um dos amigos dele estava parado do lado de fora do banheiro e parecia estar me esperando.
- Licença.- pedi, mas ele parou em frente a porta.
- Quer dar uma rapidinha no banheiro?- perguntou e senti o cheiro do álcool em cada sílaba.
Fiquei surpresa. Eles sempre fizeram perguntas totalmente inconvenientes, mas nunca chegaram a tentar nada e só de imaginar que ele realmente pensou que eu transaria com ele fez um bile se formar na minha garganta e tenho certeza que se ele não saísse da minha frente naquele momento eu vomitaria.
E foi esse nojo que me deu coragem para dizer uma coisa que eu não teria coragem de falar se ele estivesse sóbrio.
- Se você não sair da minha frente agora eu juro que enfio sua cabeça na privada.- vi ele levantar os braços e voltar aos tropeços para sala, respirei aliviada.
Entrei no banheiro correndo e me tranquei. Estava com tanto medo. Abracei meu corpo e respirei fundo um par de vezes para acalmar meu coração. Quando senti que estava mais calma tirei a roupa e entrei no chuveiro. Fiquei um bom tempo lá chorando silenciosamente. Depois me vesti e corri para o quarto me trancando assim que entrei.
Mais tarde naquela noite quando ele subiu estava tão bêbado que não conseguia nem ficar em pé direito, coloquei ele na cama e dei graças a Deus que ele não tinha forças. Respirei fundo pensando que finalmente poderia descer e comer alguma coisa. Já que eu não fazia isso desde a hora do almoço, mas quando ameacei sair da cama sua mão me puxou de volta.
Pensei que ele estava tão bêbado que apagaria no momento que encostasse na cama. Ledo engano. Ele puxava meu braço com força e me derrubou na cama ao lado dele. Senti o gosto de álcool enquanto ele esfregava o rosto no meu.
- Você não é nem um pouco bonita e sexy. Tem que dar graças a Deus que eu te escolhi, podia agora está com a mulher que eu quisesse.- falou lambendo o meu pescoço e tentei ao máximo não começar a chorar.
Senti ele abaixar as calças e tirar meu short e depois rasgar a minha calcinha. Gemi de dor quando ele entrou em mim com força.
- Cala a boca. Nem sabe ser uma puta obediente.- falou.
Virei o rosto deixando ele fazer o que quisesse e rezando para que acabasse logo. Ele sempre dizia que eu não poderia me mexer na hora das relações, que mulheres decentes deixavam os namorados/maridos livres e que sempre iria doer. Infelizmente eu não tenho o que fazer, loirinha. Era o que ele falava todas as vezes.
Eu nunca tive nenhuma experiência antes dele, então acreditava no que ele falava, mas às vezes a minha única vontade era pedir para ele parar. Doía tanto.
Mas todas as vezes que pedi ele ficou bem irritado, saia de casa e sumia por horas e quando voltava estava com algum perfume de mulher. Ele dizia que se eu não quisesse ficar com ele tinha outras que queriam. Eu tinha e tenho tanto medo de perdê-lo. Eu o amo e só de pensar em ficar sem ele uma dor horrível se apossa do meu corpo. Desde aquele dia eu deixo ele fazer o que quiser e na hora que quiser.
Gemi de dor mais uma vez e ele me olhou irritado. Não tenho noção de quanto tempo durou, só sei que ele gemia arrastado e se empurrava cada vez mais forte para dentro de mim. Quando pareceu estar satisfeito, saiu de cima de mim e se deitou de novo ao meu lado.
- Nem pra isso você serve.- falou e logo depois dormiu.
Virei para o lado e chorei silenciosamente. Estava sentindo tanta dor, passei as mãos entre as minhas pernas e senti o sangue. Me levantei meio cambaleando e fui para o banheiro tomar um banho.
Sentei-me no chão com a água caindo em cima de mim e fiquei quietinha chorando. Escutei um grito do lado de fora do banheiro e a porta abrindo com violência. Ele me olhou com raiva e veio na minha direção.
Quando chegou até mim começou a gritar e me sacudir. Minha mente só gritava, por favor não. Cheguei o máximo possível para trás até que senti que não tinha mais para onde fugir. Ele levantou a mão e…
- Sophia.- alguém gritou meu nome e finalmente abri os olhos.
Jake estava parado na minha frente me olhando assustado.
Então eu não estou lá. Olhei em volta e vi meu apartamento. Respirei fundo e tentei acalmar a tremedeira que estava correndo pelo meu corpo.
- Soph, o que aconteceu? Foi aquele pesadelo de novo?- ele perguntou assustado tocando meu rosto.
Ele nem sabia quais eram os meus pesadelos. Somente sabia que eu tinha pesadelos que não suportava falar sobre. Respirei fundo. Eu preciso contar, mas não agora.
Olhei em volta e percebi que ainda estávamos no meu sofá.
- Foi.- sussurrei.
- Você quer alguma coisa?- eu via nos seus olhos que ele queria me perguntar o que tanto me angustiava.
Eu já não tinha esses sonhos há algum tempo. Queria que nunca mais acontecesse, mas sei que nem tudo que a gente quer se realiza.
- Nada. Só quero que você me abrace forte.- ele dá um sorriso triste deitando no sofá e me puxa para cima dele, depois me abraçou forte enterrando o rosto nos meus cabelos.
- Nunca vou me cansar desse cheiro.- murmurou com o rosto ainda no meu cabelo, eu olhei para ele e dei um meio sorriso.- Quando você quiser me contar saiba que eu estou aqui.- falou olhando no fundo dos meus olhos.
- Eu sei.- dei um selinho nele.- Obrigada por isso de verdade.- falei sorrindo.
- Quer tentar dormir mais um pouco?- perguntou e eu assenti.
Ele me pegou no colo e me levou para o meu quarto, me colocou deitada na cama e deitou do meu lado, me puxando logo depois para o seu peito.
- Pode dormir tranquila.- sussurrou e eu levantei a cabeça.- Eu estou aqui para te proteger.- completou sorrindo.
- Obrigada.- abri um sorriso gigante e com os olhos cheios de lágrimas.
Ele deu um beijo na minha testa e eu envolvi o braço na sua cintura e o apertei forte. Dormi um tempo depois me sentindo protegida nos braços dele.
Acordei no dia seguinte com o barulho de alguma coisa caindo e alguém praguejando alguma coisa. Passei a mão no lado que o Jake geralmente dorme e encontrei o vazio como esperava, abri os olhos e bocejei. Levantei-me e fui para o banheiro. Me olhei no espelho e respirei fundo, depois daquele sonho confesso que fiquei abalada, mas não vou deixar nada me abalar, nunca mais. Eu estou no controle da minha vida. Sorri para o meu reflexo.
- Eu quero, eu posso e eu vou conseguir.- repeti o meu mantra para o meu reflexo e sai do banheiro.
Quando cheguei na cozinha a primeira coisa que vi foi o Jake sem camisa e apenas de cueca brigando com o fogão.
- Você fica tão gostoso tentando fazer comida.- falei dando ênfase no tentando e ele pulou de susto, eu só consegui rir. Ele revirou os olhos e voltou a se concentrar na frigideira.
Jake realmente era péssimo na cozinha. Minhas panelas imploravam para ele nunca mais mexer nelas desde que ele conseguiu queimar um ovo cozido e fora as outras coisas que ele se arriscou a fazer que ele sempre acaba queimando tudo ou sai extremamente ruim.
Resolvi deixar ele continuar a fazer o que estivesse fazendo e fui até a geladeira pegar suco. Quando voltei, não aguentei e apertei a bunda dele. Jake tomou outro susto e sorriu de lado.
- Acordou animada hein.
- Com um homem desses em casa eu tenho que acordar.- falei me sentando em uma cadeira.
Ele riu e colocou a comida na minha frente. Bacon e ovos, típica comida americana e ele sabe o quanto eu amo. O bacon estava um pouco queimado e o ovo estava com uma aparência meio duvidosa, mas abri um sorriso e peguei um bacon, logo levando a boca.
- Sophia.- ele me chamou e levantei a cabeça. Jake me encarava sério.
- O que houve?- perguntei começando a ficar preocupada.
- Preciso te contar uma coisa.
- Pode falar.- estava começando a ficar nervosa.
- Sabe aquela mensagem que eu recebi ontem?- assenti.- Eu menti. Eu disse que era minha irmã, mas não era.
- Por que mentiu?- perguntei tentando manter minha voz calma, mas por dentro eu estava um misto de sensações.
Por favor, de novo não. Eu não sei se aguento ser enganada mais uma vez.
- Fiquei com medo da sua reação.- ele falou de cabeça baixa.
- Quem te mandou mensagem?- perguntei mesmo sabendo exatamente quem tinha sido.
- Amanda.- ele sussurrou.
- Eu imaginei. O que ela queria?- perguntei cruzando os braços.
- Me falar a cor do vestido dela.- me olhou.- Você está brava?
- Claro que estou.- decidi ser sincera.- Mas o que me deixa brava é a sua mentira. Você sabe que eu odeio mentiras.- falei levantando e começando a andar pela cozinha.
- Desculpa Soph.- senti ele atrás de mim.- Não sei o que me deu.
- Eu te falei que isso não daria certo.- falei me virando para ele e gesticulando nos dois.
- Claro que vai, Soph. Eu quero muito que dê, você não quer?- ele perguntou, chegando perto e segurando minha cintura.- Sei que errei e que deveria ter contado na hora, mas fiquei com medo do que você ia achar e eu não posso parar de falar com ela agora. Tem o casamento do Benjamin e somos padrinho e…- coloquei a mão na frente dele para interromper.
- Eu sei que ela sempre vai fazer parte da sua vida. É inevitável. Eu só não quero que esconda as coisas de mim. Nunca mais.- falei séria.
- Nunca mais. Isso quer dizer que me perdoa?- ele perguntou sorrindo e eu assenti.
Ele me puxou e me beijou intensamente. Me entreguei ao beijo. O celular dele começou a tocar e ele puxou me mostrando. Estava escrito mãe na tela.
- Eu preciso atender.- assenti e fui pegar o sal.
Ele não precisava ter mentido. Sei que não ia gostar na hora, mas não falaria nada. Sei que eles são os padrinhos do Benjamin e ocasionalmente precisam conversar. O que me deixou chateada mesmo foi a mentira e ele achar que reagiria mal.
Calma Sophia vocês já se resolveram e você já perdoou, minha cabeça me lembrou.
Assenti mesmo sem motivo e sentei de novo voltando a comer. Jake voltou para a cozinha nesse momento e estava com um sorriso no rosto.
- O que ela queria?- perguntei dando um meio sorriso.
- Ela vai passar um tempo no Rio e gostaria de te conhecer.- falou sorrindo, e meu sorriso morreu. Mas tratei de colocar outro no rosto e perguntei.
- Como ela sabe sobre mim?- perguntei curiosa e ele ficou meio vermelho.
- Talvez eu tenha comentado um pouco sobre você para a Cecília?
Cecília era a irmã mais nova e rebelde dele. Jake me contou que ela nunca teve uma relação boa com a mãe, porque Cecília sempre quis ser livre e não aceitava as coisas que a mãe falava que era bom para ela.
Já Jake sempre foi muito devoto à mãe. As duas únicas coisas que eu sei que o Jake não fez pensando no que a sua mãe ia achar foi aceitar o emprego na minha empresa e terminar seu noivado de não sei quantos anos com a Amanda. O que tenho certeza que Celine não deve ter gostado nem um pouco, porque sempre quis que o filho assumisse o negócio da família e se casasse com a Amanda.
- E talvez ela tenha deixado - escapar sem querer em uma reunião de família?- sai dos meus pensamentos com a voz dele que fazia uma carinha engraçada, parecendo estar com medo de levar uma bronca.
- Tudo bem Jake.- falei sorrindo e ele respirou aliviado.
- Você topa jantar com a minha mãe? Ela quer muito te conhecer.- engoli em seco.
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The Girls Club: A Decisão
Romance25 anos, a idade de ouro. Imagina ser CEO de uma das maiores companhias do mercado, aos 25 anos. Sophia Cooper conseguiu isso. Sendo CEO da Cooper's Corporate uma das maiores empresas do mercado, conseguindo tudo com seu esforço mediante ao trabalho...