Capítulo 3

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Sophia
Dias atuais
Rodrigo me encarava e eu só conseguia pensar que não sabia mais como respirar, meu coração batia tão rápido que podia sentir no ouvido. Como que depois de tantos anos ele ainda conseguia me deixar como aquela menina de quinze anos?
E ainda por cima estava ainda mais bonito do que me lembrava. Parecia que tinha pegado Sol, seus cabelos que já eram loiros estavam mais realçados do que nunca, sua pele estava começando a ter um toque dourado e para completar aqueles olhos azuis hipnotizantes. Eu sempre me perdi neles.
Como agora.
Minha cabeça estava cheia demais lembrando da nossa infância maravilhosa e da minha adolescência/adulta conturbada, mas ele sempre esteve lá em quase todas as lembranças da minha vida.
- Sophia.- Débora sussurrou e apertou a minha mão.
Eu engoli em seco duas vezes e abaixei os olhos respirando fundo. Seja profissional. Lembre-se de sempre esconder o que você realmente sente, pensei. Depois ergui a cabeça abrindo um sorriso enorme.
- Pode se apresentar Rodrigo.- meu pai falou e chegou um pouco para o lado e o Rodrigo agradeceu e encarou a tela.
- Bom tarde.- senti um arrepio passar por todo meu corpo. Tinham exatamente três anos que eu não o via e era ridículo que meu corpo ainda reagisse dessa forma a ele.- Meu nome é Rodrigo e sou formado em arquitetura. Sou filho do Leonardo, como Charles falou.- continuou apontando para o meu pai.- Sempre trabalhei na área desde a época da faculdade.- ele sorriu e eu desviei os olhos.- Estava ansioso para conhecer vocês e espero que possamos ter um ótimo relacionamento. Saibam que minhas portas sempre estarão abertas para todos.
Manu, Henry, Jake e Débora se apresentaram e eu fiquei quieta sem dizer nenhuma palavra. Percebi que meu pai me encarava, mas continuei sem falar. Só conseguia pensar que tinha deixado bem claro para todos que não queria vê-lo nunca mais e agora isso? Respirei fundo doida para sair o mais rápido possível daquela sala.
- Quando você vai chegar?- escutei a Débora perguntar e encarei ela que me olhou de esguelha.
- Acho que devo chegar para a festa de comemoração de 5 anos.- falou ainda sorrindo.
Ótimo. Ele vai chegar em um mês.
- Que bom.- Débora falou e percebi que ela me encarou, mas não estava mais olhando para ela e sim para a mesa a minha frente.
- Qual vai ser o tema da festa?- perguntou.- Quero comprar a roupa antes.
- Preto e branco.- Débora falou.
- Que legal. Tenho várias lembranças boas de festas preto e branco.- falou e eu levantei a cabeça percebendo que ele estava dando aquele sorriso de lado que eu adorava e me encarava.
Corei até o último fio de cabelo. Não acredito que ele se lembra disso.
Eu, Rodrigo e Noah crescemos juntos, porque nossos pais sempre foram melhores amigos e de vez em quando eles faziam festas. Essa lembrança que o Rodrigo acabou de citar é de quando eu tinha dez e ele onze anos. Meu pai me levou em uma festa que era a mesma temática da que eu daria, e eu me lembro que eu, Noah e Rodrigo estávamos brincando no jardim e uma menina chegou para brincar também, mas ela só queria brincar com o Rodrigo. Eu como já gostava dele naquela época (mas não entendia), fiquei com ciúmes e disse para ela que ele era o meu namorado e fiquei o resto da noite grudada com ele. Noah não gostou nem um pouco, mas ele sempre teve muito ciúmes de mim, então não conta.
Sai do meu transe quando senti alguém me cutucar. Era a Débora.
- Temos mais alguma pauta para ser tratada?- perguntei querendo acabar com aquela reunião o mais rápido possível e todos negaram.- Melhor encerrarmos. Tenho dezenas de coisas para fazer.- falei começando a me levantar, mas Rodrigo voltou a falar e eu me obriguei a ficar onde eu estava. Eu estava completamente arrepiada e quando ele começou a falar de novo só piorou.
- Antes de desligar queria dar os parabéns para vocês por terem conseguido os investidores. E queria dizer que estou muito ansioso para trabalhar com cada um de vocês.- ele olhou para todos e demorou um pouco mais em mim, senti que meu coração errou uma batida.- Tenham um ótimo final de tarde pessoal, nos vemos em breve.- Rodrigo falou sorrindo.
-Bom dia.- respondemos todos juntos e depois ele desapareceu e meu pai voltou desejando um ótimo dia para todos também.
Ainda não estou acreditando no que acabou de acontecer. Ele sabe muito bem que não quero vê-lo. Deixei bem claro isso quando fui embora. Então porque? Por que agora? O que ele quer? Ele só precisava ficar bem longe de mim. Era a única coisa que eu pedi.
- Sophia.- Catarina me chamou e nem percebi que já estava na frente da minha sala.- Pedro, daquela loja de materiais ligou e pediu para você retornar para ele. É para falar sobre orçamentos.- ela disse tudo de uma vez e eu não estava com cabeça nenhuma para isso.
- Diz para ele me mandar o orçamento por e-mail, por favor.- falei querendo desesperadamente me trancar na minha sala.
- Soph.- ela segurou meu braço.- Você está bem?- encarei ela e a mesma parecia preocupada.
- Ótima. Não se preocupe.- falei sorrindo.
Ela assentiu, mas parecia não acreditar. Ela me olhou mais uma vez como que dizendo que se eu precisasse poderia contar com ela e soltou meu braço me deixando entrar na sala. Fechei a porta e sentei na minha mesa olhando para aquele projeto sem saber o que fazer. Quando peguei o mouse para colocar em cima de uma coluna para ajustá-la, senti meu celular vibrar e peguei vendo que era uma ligação do Noah, respirei fundo e atendi.
- De zero a dez o quanto você está irritada por eu não ter te contado?- foi a primeira coisa que ele perguntou.
- Doze.- respondi meio ríspida.
- Droga. E se eu te falar que você é minha irmã preferida, melhora?- ele perguntou e eu quis rir, mas consegui me segurar.
- Eu sou sua única irmã.- falei para não dar o braço a torcer.
- Merda. Tinha esquecido disso.
Ficamos um tempo mudos no telefone e quase pensei que ele teria desligado quando ele voltou a falar.
- Desculpa não ter falado, mas o papai achou que era melhor. Algo como ser profissional e tal. Sabe como ele é.- suspirei, sei sim murmurei.- E também acho que já passou muito tempo. Três anos que você não fala e que não deixa nem pronunciarmos o nome dele perto de você, Pimentinha. Isso não é normal.
- Noah eu disse com todas as letras que não queria mais vê-lo. Vocês tinham que respeitar isso.- falei voltando a ficar irritada.
- Como vamos respeitar se nem sabemos o que aconteceu?
Ele tinha razão, nunca dei uma explicação. Só disse que terminamos e que estava voltando para o Brasil e nunca mais voltei, nem para natal, aniversários ou qualquer tipo de comemoração. Sabia que era uma decisão radical e que eles não entendiam, mas era o melhor que eu podia fazer por todos.
- Sophia você não vem pra casa a três anos. Sabe como isso é doloroso para todo mundo? Todo feriado estamos incompletos. Mamãe e papai ficam preocupados se você está bem.- lágrimas começaram a embaçar meus olhos. Se ele soubessem que isso me machucava tanto ou mais do que machucava eles...- Você foge do Rodrigo como o diabo foge da cruz. Eu não sei o que aconteceu, porque ele não sabe o que houve e você não me conta.
- Chega Noah.- falei limpando a primeira lágrima teimosa que desceu. Aquele assunto estava querendo me fazer lembrar de tudo o que eu lutei tanto para abafar.- Não quero mais falar sobre ele. Vocês querem que ele venha para cá? Tudo bem, mas isso não quer dizer que preciso falar com ele.- meu peito se comprime com a minha frase. Como vou conseguir ver e estar perto dele todo dia?
- Eu só queria que você confiasse em mim o suficiente para me contar.- senti pela voz dele como ficou magoado.
- Desculpa big brother. Eu só não quero falar dele, por favor.- falei me culpando por ter falado desse jeito com ele.
- Está vendo? Você nem consegue dizer o nome dele.
- Noah.- falei o nome dele como uma advertência.
- Parei.- ele falou e senti o sorriso na sua voz. Escutei uma voz no fundo e ele falou algo para a pessoa que não deu para entender direito.- Vou ter que ir Soph. O-que-não-deve-ser-nomeado está me chamando. Te amo Pimentinha.
- Também te amo, big brother.- desliguei o celular e olhei para a papelada em cima da minha mesa.- Vamos lá.
Comecei a separar os papéis de orçamentos e os das plantas. Quando estava tudo organizado escutei batidas na minha porta.
- Posso entrar?- Débora colocou a cabeça para dentro.
- Claro.- falei sorrindo.
- Atrapalho?- perguntou e percebi que estava um pouco mais séria que o normal.
- Claro que não.- falei apontando para a cadeira na frente da minha mesa.- O que aconteceu?- perguntei quando ela sentou e só ficou me encarando.
- Estava na minha sala tentando fazer a sala que a cliente me pediu em todos os tons quentes que existe- fiz uma careta.- e simplesmente não conseguia me concentrar.- ela falou ainda me encarando.
- Por que?- perguntei e sinceramente não estava entendendo nada.
- Porque não conseguia parar de pensar em como você parecia desesperada com a chegada do Rodrigo.- ela falou e toda minha preocupação foi por terra.
- Esqueci. Tenho várias coisas para fazer.- falei abrindo meu notebook. Tentando fugir de ter que falar sobre ele de novo.
- É isso que você faz.- fiquei muda olhando ainda para o notebook que estava ligando.- Percebi assim que entrei nessa sala que você estava na sua concha. Me fala Soph. O que de verdade aconteceu com você? Entre você e o Rodrigo?- perguntou e eu encarei ela sem saber o que responder.
Ela me encarava esperando a resposta que eu não podia e não queria dar. Então virei para o notebook mais uma vez e falei.
- Eu não quero falar sobre isso.
- Você não pode me esconder isso para sempre, Soph. Droga, eu sou sua melhor amiga.- ela falou exasperada e eu olhei para ela.- O que aconteceu com você na faculdade?
Fleches completamente aleatórios começaram a rondar a minha cabeça. A minha chegada na faculdade, quando conheci a Ingrid, minha primeira festa, a primeira vez que provei bebida alcoólica, as noites de filmes com o Rodrigo, Liam, Oliver, James e Tyler, minha primeira vez, meu primeiro apartamento, primeira briga e o hospital. Todas essas coisas vieram na minha cabeça como uma enxurrada e eu não queria sofrer lembrando de tudo outra vez.
- Eu não quero falar sobre isso.- repeti em um tom que queria dizer que o assunto estava encerrado.
- Sophia conversa comigo, por favor.- ela implorou.
- Estamos em horário de trabalho. Preciso trabalhar.- falei séria.
- Sério que você vai fazer isso?- não consegui encará-la.- Desculpa senhora Sophia.- ela falou debochada e eu fechei os olhos com força.
- Desculpa, mas não consigo.- falei e abri os olhos, tentei transmitir para ela no olhar como aquilo me fazia mal.- Desculpa.- ela assentiu e levantou derrotada.
- Eu sei que você está fugindo da minha pergunta, então não vou mais insistir.- ela falou da porta e depois saiu, parecia realmente chateada.
- Como sempre magoando todo mundo. Parabéns Sophia.- murmurei empurrando os papéis que estavam na minha frente que foram parar no chão.
Levantei uns segundos depois e os arrumei tentando voltar ao trabalho. Comecei a olhar as plantas do hospital e anotar o que poderíamos fazer para falar com os engenheiros. Estava tão concentrada nisso que só parei quando senti meu celular vibrar. Peguei e vi que tinha uma ligação perdida do Jake e uma mensagem.
Jake: Vamos embora? Estou com fome.
Olhei para o notebook e percebi que já eram sete horas da noite. Todo mundo já foi embora, tenho certeza. Realmente precisava comer, mesmo não estando com nem um pouco de fome.
Peguei minha bolsa e sai da sala.
- Você ainda está aqui?- perguntei retoricamente quando vi Catarina ainda sentada na mesa.
- Você sabe que se você fica até mais tarde eu fico também.- ela respondeu dando de ombros.
- Obrigada.- falei realmente emocionada.- Pode ir. E amanhã pode chegar mais tarde.- completei sorrindo.
- Mas...- segurei as mãos dela.
- Eu me viro.- falei sorrindo e depois larguei andando até a sala do Jake.- Agora vai logo antes que mude de ideia.- completei sorrindo.
- Já fui.- escutei a risada na sua voz.
Quando cheguei na porta da sala do Jake, bati e escutei um entra. Ele estava falando no telefone e sorria. Ele levantou um dedo pedindo tempo. Eu assenti e sentei na cadeira de frente para a mesa dele com o celular na mão e decidi entrar no instagram.
Fiquei olhando os stories até que parou no do Noah e a foto que aparecia era dele e do Rodrigo em algum restaurante. Os dois usavam camisas formais e sorriam para foto, a foto era de ontem. Na legenda estava escrito: curtindo com meu irmão, sorri minimamente. Os dois pareciam tão felizes e despreocupados. Rodrigo segurava uma garrafa de vinho e sua camisa estava dobrada até o cotovelo. Ele estava tão lindo e relaxado que eu senti meu coração acelerar. Droga, Sophia, meu cérebro gritou e saí do storie rapidamente bloqueando o celular.
Voltei minha atenção para o homem à minha frente. Tentando tirar a imagem daqueles braços fortes naquela camisa, suspirei.
Até que fui despertada por uma parte da conversa que rolava na minha frente.
- Para com isso, Benjamin. Você sabe que meu namoro com a Amanda não começou assim.- Jake falou ainda sorrindo.
Claro que ele iria falar da Amanda. Afinal de contas eles são melhores amigos e ainda espera que eles voltem um dia. Eu ainda não o conhecia e esperava de verdade que ele gostasse de mim. Sei como a opinião dele importa para o Jake, mas também sei que vai ser uma tarefa difícil pelo que o Jake já me falou. Ele adora a Amanda.
- Vou levar a Sophia.- ele falou e o olhei espantada, mas ele não me olhava de volta.- Sim, a Sophia. Eu te falei dela cara.- uma pausa.- Eu sei que sou o padrinho junto com a Amanda. Fica tranquilo.- mais uma pausa.- Agora preciso ir. Vou jantar.- pausa.- Manda um beijo pra Lu. Tchau.
- Desculpa atrapalhar a conversa. É que vi sua mensagem e vim logo para podermos ir embora.- falei rápido, mesmo ainda um pouco assustada pelo rumo da conversa.
- Você nunca atrapalha.- falou empurrou a cadeira para trás em um convite mudo.
Sorri de lado e caminhei até ele. Sentei-me com uma perna de cada lado do seu corpo e apoiei os joelhos na cadeira. Ele apoiou as mãos nos meus quadris e me trouxe para mais perto, enquanto isso minhas mãos foram diretas para sua nuca e comecei a brincar com seus cabelos, olhei no fundo dos seus olhos. Às vezes a intensidade do olhar dele me assustava, por isso desviei o olhar.
- Você está bem?- Jake perguntou.
- Estou.- respondi brincando com o botão da blusa dele.
- Olha pra mim, Soph.- Jake pediu e eu o olhei.- Você quer ir no casamento do Benjamin comigo?- olhei para ele assustada.
Eu sinceramente não imaginei que ele me chamaria para ir e nem sei se eu quero ir. Sei que a família dele vai estar lá e não sei se me sinto confortável em conhecê-los sem nem estarmos namorando.
- Eu não sei se é uma boa ideia.- resolvi ser sincera.
- Por que não?- perguntou me analisando.
- Porque a sua família vai estar lá e não sei se vou me sentir confortável de conhecê-los sem estarmos de verdade em um relacionamento. Isso é um passo muito importante.- resolvi expor o que estava sentindo.
- Por isso acho que é perfeito você ir.- olhei para ele sem entender.- Soph, eu já deixei muito claro minhas intenções com você. Eu quero que isso dê certo, mas preciso que você queira também.
- E a Amanda?- perguntei e senti ele ficar tenso.
Ela era uma das coisas que mais me preocupavam. Eu acho que o Jake ainda pode sentir algo por ela mesmo que não assuma nem para ele mesmo.
- Ela foi e continua sendo importante para mim, Soph. Mas agora de um jeito diferente.- respirou fundo e eu ainda o encarava fixamente não acreditando completamente no que ele disse.- Eu quero ficar com você, mas você precisa abaixar um pouco esse muro para eu tentar pular.- completou rindo pela brincadeira e fazendo um carinho no meu rosto.
- Eu sei, mas é tão difícil. Tenho medo de me magoar de novo.- falei o que estava no fundo da minha alma.
Depois de tudo que aconteceu eu quis me blindar. Não deixar mais nenhum homem se aproximar de mim. Fiquei com vários homens desde que cheguei no Brasil e para todos eles falei a mesma coisa que iriam ser apenas sexo e que eles nunca esperassem mais nada de mim. E sempre que eu via que estava começando a rolar um interesse maior eu terminava, mas não sei o motivo de com o Jake ser diferente.
Eu sempre soube que ele sentia algo a mais por mim até antes mesmo de ficarmos juntos e mesmo assim deixei que ele continuasse na minha vida. Eu tentei afastar ele de todas as formas possíveis e impossíveis, mas ele sempre continuou lá. Acho que às vezes ele me fazia lembrar dele.
Essa luta que eles travaram para sempre conseguir arrancar o melhor de mim era boa, mas ao mesmo tempo muito ruim. Porque alguém no final sempre acabava magoado e geralmente era eu.
Voltei a realidade quando o Jake voltou a falar.
- Eu entendo.- falou sorrindo de lado.- Por causa desse medo que você tem, acaba se fechando. Não sei o que aconteceu com você, mas entendo que é como uma defesa. Como uma muralha que você construiu.- concordei.- Mas eu quero que você entenda uma coisa.- falou me olhando firme.- Eu não pretendo te machucar da forma que eles te machucaram e nem de nenhuma outra forma. Eu sei o que eu sinto por você e não vou desistir tão facilmente. Eu vou lutar por você, acho que sempre vou lutar por você.- completou e passou o dedo por cima dos meus lábios, senti um nó se formar na minha garganta.
Agora lembrei porque nunca consegui tirar ele da minha vida. Ele era tão bom e carinhoso comigo que não conseguia deixá-lo ir, mesmo sabendo que eu não mereço alguém como ele.
- Eu não mereço você.- verbalizei o que estava pensando e o abracei escondendo meu rosto no seu pescoço.
- Acho que é o contrário.- respondeu e eu levantei a cabeça tentando engolir aquele nó.
- Nem por um momento pense que você não é bom o suficiente. Você é um dos melhores homens que já conheci.- falei acariciando seu rosto.
- E você é a melhor mulher.- falou fazendo um carinho no meu rosto.
Fiquei olhando para ele por alguns segundos antes de avançar e o beijar. Ele sorriu entre o beijo e me apertou contra o corpo. Jake sempre foi maravilhoso e esperou o meu tempo, mesmo não entendendo. Ele confiou em mim e acho que ele merece a mesma confiança. Então naquele exato momento tomei minha decisão.
- Eu vou tentar abaixar minha muralha.- falei decidida.
- Sério?- perguntou sorrindo e eu só consegui concordar.
Depois que eu confirmei, ele abriu o sorriso mais lindo que eu já vi e se levantou comigo ainda enroscada nele.
- Jake.- dei um gritinho pelo susto do momento, e apoiei minhas mãos no seu ombro para me firmar.
Ele me sentou na ponta da mesa e me deu um beijo de tirar o fôlego. Durante o beijo não consegui nem me lembrar que estávamos no escritório e ainda por cima que algum funcionário poderia entrar a qualquer momento e pegar os dois sócios da empresa se pegando em cima da mesa.
- Então isso quer dizer que estamos namorando?- perguntou quando interrompeu o beijo e desceu a boca para o meu pescoço.
- Isso quer dizer que vamos tentar.- falei sorrindo.
Ainda estava meio desnorteada por causa do beijo e ele se aproveitou para beijar e morder meu pescoço sabendo que esse é meu ponto fraco. Ele me paga.
- Mas eu vou poder te beijar no escritório?- ia dizer que não por causa dos funcionários, mas neste momento ele encontrou um ponto e mordeu e eu só consegui gemer e concordar de novo. Senti ele sorrir contra o meu pescoço.
- Isso é trapaça.- falei rindo.
- Cada um joga com as artimanhas que tem.- falou dando de ombros.
- Artimanhas?- perguntei retoricamente e comecei a rir.
- Gosto de te ver assim rindo.- falou.
Abri um sorriso para ele.
- Jake só vamos com calma, tudo bem?- pedi ficando séria.
- Eu sei que você precisa de um tempo Soph.- falou fazendo um carinho no meu rosto.- Para quem esperou 2 anos, mas um tempo não é nada demais.- falou rindo.
- Ei.- bati no braço dele.
- Eu estou mentindo?- perguntou e eu fiz bico.
- Vai no casamento comigo?- ele perguntou sorrindo e eu assenti.
Ele sorriu ainda mais e se aproximou para me dar um selinho quando a porta abriu. A secretária dele entrou com uma pasta na mão e ficou estática quando nos viu nessa situação. Eu pulei de cima da mesa na hora.
- Ohh meu Deus desculpa senhor Jake.- ela falou e ele me olhou triunfante, eu o fuzilei com o olhar.- Eu não sabia que a senhora estava aqui.- ela falou toda envergonhada.
- Já estavamos de saída.- falei e tenho certeza que estava corada.- E por favor, não precisa me chamar de senhora.
- Marta estamos indo embora. Pode ir também.- Jake falou ainda rindo e eu dei um soco na barriga dele.- Isso dói.- revirei os olhos sabendo que era mentira.
- Vamos logo.- falei chegando na porta, mas parei quando Marta segurou meu braço.
- Eu acho que vocês fazem um belo casal.- ela disse e tenho certeza que fiquei corada.
- Está vendo? Até a minha secretária acha isso.- Jake falou sorrindo e piscou para ela.
- Cala a boca.- sai da sala dele escondendo um sorriso.
Talvez eles estivessem certos. Jake me faz bem então o que poderia dar errado?

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