Mesmo depois de tudo eu ainda segui minha escolha

fora da minha vida

Hanabe

Dou um pulo pela manhã, pulo mesmo, cai da cama e bati minha cabeça. Encaro Sanzu pela enésima vez. Ele quase quer rir. Se ele fizer isso eu mato ele. Mas me sinto aliviada de acordar e não estar em outro lugar com um garotinho me chamando de mãe ou com a arma apontada para alguém.

Sanzu* eu odeio que você tenha que sair dessa posição super confortável. — ele diz penteando os cabelos com os dedos — Mas eu não estou afim de ver você assim.

Hanabe* Como se você nunca tivesse visto uma calcinha. — Digo me sentando e espreguiçando.

     Estralo meu corpo todos, assim que me levanto, aperto um dos botões da secretaria. Peço um pouco de atraso na reunião hoje. Vou para o banheiro, faço um coque e escovo os dentes, coloco a lente no olho esquerdo, faço meu skin care. Sanzu faz também, até onde eu sei ele nunca fez isso nem eu. Só que aqui na Coreia ao que parece isso é costume.

Sanzu* Está tudo bem? — Ele diz enxaguando o rosto.

Hanabe* Tirando a insônia e o medo de acordar em outro lugar. Tá tudo ótimo. — Digo fazendo o mesmo.

    Ele vai para o quarto dele, caminho até meu closet, pego um conjunto de terno feminino, coloco, não vou por a terceira parte hoje. Está calor. Coloco um coturno e faço uma maquiagem pra esconder as olheiras e algumas cicatrizes mais escuras. Pega a merda do grampo e coloco no cabelo. Odeio esse grampo, odeio que eu tenha que usar essa merda por três meses onde eu vou.

    Encaro meu reflexo como todas as manhãs, analiso meu corpo, está como ontem, nenhuma cicatriz nova, nenhuma mudança, encaro meu rosto ainda é meu rosto de vinte anos. Viro me olho de costas. Está tudo igualzinho. Caminho até a porta de correr do meu quarto, ainda estou na minha casa, verifico as datas no relógio e no telefone, respiro fundo e sinto o cheiro do café. Não sai daqui. Ainda estou no meu presente, não estou tentando matar ninguém, e não estou sozinha. Não matei o Ran e não deixei o Izana morrer por causa de mim. Está ótimo. Está tudo bem, mesmo que minhas mãos estejam tremendo pra caralho toda vez que eu lembro que eu posso ir involuntariamente para qualquer lugar entre o passado e o futuro agora. Eu não fiquei em coma porque eu levei meia dúzia de tiros, fiquei em coma porque o Takemichi me jogou no futuro, Fiquei três meses naquele inferno. Eu queria matar qualquer um. Odiei isso. Por isso eu não consigo dormir em paz mais. Ainda tenho a merda das lembranças daquela porra toda.

     As batidas na porta me tiram do vácuo que estou. Limpo a garganta e mudo a expressão.

Hanabe* Quem é?

" Kokonoi"

Hanabe* Entre. — Digo tentando esquecer todo o caos que não sai da minha cabeça.

   Ele entra e já se joga no sofá. Ele me analisa e suspira.

Kokonoi* até quando você vai ter que usar isso na cabeça? — ele pergunta.

Hanabe* Até eu matar todos do meu clã por me obrigar a usar esse espinho pesado no coque. — Digo enfiando a mão debaixo de uma mesa de canto perto da janela e pego uma caixa de cigarro.

Kokonoi* Você tem várias dessa espalhadas pela casa não é? — ao meu ver é muito mais fácil fazer assim do que deixar tudo em um só lugar.

    89% dos moradores dessa casa fumam. Então eu espalhei maços por todos os lugares escondidos.

Hanabe* O que te traz às...— Verifico as horas — Nove e três da manhã no meu quarto?

Kokonoi* Dê um jeito nos cães que você alimenta! — Demoro a enteder mas sei quem é. — Não aguento mais ter que fazer isso.

Hanabe* Até onde eu sei, o Izana só chega amanhã, o hanma, Chifuyu e Inup estão no Japão. — Digo abotoando a camiseta. — Izana, Kakucho e Baji, não estão aqui.

Kokonoi* Estou falando do seu trio de psicopatas! — ele parece cansado — eu sei que você não manda na gente mas eu não aguento mais lidar com eles quebrando um vaso milenar a cada briguinha deles, prejuízo faz mal pra minha saúde.

   As vezes eu esqueço que dinheiro está em primeiro lugar na vida dele. Mas eu não sabia que eles estavam brigando.

  Bom fui tomar café, me sentei na mesa em silêncio, Assim que como meu primeiro pedaço de omelete encaro todos. Pareço uma atração de circo?

Hanabe* O que foi? — encarei eles e ran sorri.

Ran* E que você está tão calma. Está tão...bonita hoje.

Sanju* Cuidado, se ela for nadar você morrer afogado. Cãozinho. — Continuo em silêncio.

Ran* como se Cão de caça foi melhor né? — Reviro os olhos.

Rindou* Vocês estão acabando com meu café. Vou matar vocês hoje se continuarem assim!

Hanabe* Você dois querem um quarto? — Digo encarando eles — eu sei que um não gosta do outro mas podem não gostar um do outro de uma forma que não afete os outros.

Rindou* Eu já disse que te amo hoje? — ele diz aliviado.

Ran* Até você!? Onde caralho você enfiou seu senso de irmão!

Hanabe* Parem. — digo seria — Vamos parar com isso. Eu acho que temos mais coisas importantes para discutir.

Ran* Como a lista de meio metro de altura de futuro marido que você tem na sua sala? — Qual é desse bico?

Hanabe* O que vocês tem hoje! Que porra! Eu tenho que lidar com isso, tenho que fazer essa merda.

Ran* E precisa ser com alguém feio? Eu vi os candidatos. Todos são feios.

Hanabe* Meus Deus. Eu não quero falar sobre isso. — Digo tomando café.

Rindou* Você podia rever as regras do clã. Precisa mesmo se casar?

Hanabe* Eu não quero me casar. Não gosto da ideia de dormir com uma pessoa pelo resto da vida. — até me arrepiei.

Sanzu* Então se você pudesse ter sete maridos você se casava? Que Egoísta.

    Eu reviro os olhos.

Hanabe* Por que não? Eu gosto da ideia. Eu não enjoaria tão facilmente.

Kokonoi* Sinto pena do Mikey e do Draken. — ele diz e eu encaro ele. — Ah é tópico sensível?

Hanabe* Não. — Digo sorrindo — mas não gosto de ouvir de alguém sobre minhas fodas mais problemáticas.

Ran* Você não quebraria coração de ninguém né? Eles que inventaram uma coisa que você não é...— ele diz me dando um morango.

  Como e respiro fundo.

Hanabe* E é por isso que eu não vou mais fingir demência. — digo sorrindo — agora parem de ficar na nostalgia e vamos. Nosso último dia na Coreia é de trabalho por vinte  meses.

   Me levanto e saio primeiro, acendo um cigarro e por um segundo me pergunto se o Takemichi está fazendo o trabalho dele em deixa o Ken e o manjiro em segurança. Bom... Eles não são mais da minha conta...

Não são mais parte da minha vida...