04.2 • Não se atreva a desviar seus olhos de mim

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Andar de moto com Sakusa estava sendo uma experiência de outro mundo. Além de ir todo o caminho com as mãos no abdômen alheio - mesmo que não fosse realmente necessário -, a paz que sentia era inexplicável. Atsumu nunca se sentiu tão livre como se sentia na garupa daquele veículo. A vontade de levantar as mãos e gritar existia, queria poder extravasar seus sentimentos, na companhia de quem gostava, enquanto sentia o vento gélido em suas bochechas, mas não o faria, não naquele momento, teria outras oportunidades e sabia que Sakusa não gostaria, ele era um amigo bem protetor quando queria.

Se agarrando ao corpo do moreno, Atsumu deixou sua bochecha esquerda nas costas alheias e fechou seus olhos, sendo a única coisa o impedindo de confundir aquele momento com um sonho, o vento gélido e cruel em sua bochecha livre. Pensava em como seria a noite dali em diante, pois não sabia como agiriam na frente dos amigos, apenas sabia que teriam mais uma noite naquela boate para reescrever memórias e reviver muitas outras.
Charmant.

Local o qual já eram capazes de avistar de onde se encontravam. Ao chegarem, foram imediatamente notados pelos amigos que os esperavam na fila de entrada. Cada um tinha uma expressão diferente, mas todos tinham um sentimento em comum estampado no rosto: surpresa. Estavam realmente chocados que, além de Atsumu ter chego junto de Sakusa, estava na garupa daquele que sempre negava carona aos amigos por alegar não gostar de carregar ninguém em sua moto.

Como se não fosse surpresa o suficiente, assim que se aproximaram perceberam os desenhos pretos espalhados pelo corpo do moreno. Estavam realmente sem palavras, não sabiam como se sentir, pois apesar de estarem indignados por Sakusa não ter contado quando os fizera, o maldito estava tão bonito com aqueles traços escuros em sua pele, que todos olhavam admirados e questionadores, como se tentassem entender por qual razão algo tão bonito havia sido escondido. Entretanto, antes que qualquer um deles pudesse fazer algum comentário, a surpresa que já havia sido substituída, foi novamente transferida para outro momento chocante: Atsumu e Sakusa estavam de mãos dadas.

O grupo de amigos se aproximou mais do "casal", com a intenção de irritá-los com piadas, além de inúmeras perguntas a respeito das mãos dadas e, principalmente, das tatuagens de Sakusa. No entanto, foram interrompidos pelo grito do segurança, mandando-os agilizar a entrada ou irem para o final da fila, dessa forma, foram obrigados a deixar as provocações e os questionamentos para depois, entrando na boate antes que fossem mandados para o fim daquela fila que parecia ter tudo, menos fim.

Uma vez dentro da boate, além do diálogo se tornar complicado, acabaram se dispersando devido a quantidade enorme de pessoas no lugar. Aquela lotação surpreendeu a todos, visto que não era algo comum quando começaram a frequentar o local, no entanto, tinham em mente que, caso não se encontrassem novamente, ainda sim iriam aproveitar a noite ao máximo, afinal eles mereciam depois de uma longa semana de treinos exaustivos. Atsumu e Sakusa foram um dos únicos que não se perderam devido às mãos dadas, assim, juntos foram até um dos bares mais próximos para se servirem de alguma bebida enquanto aguardavam as pessoas se dispersarem mais pelo local.

Como o local realmente estava mais cheio do que o de costume, acabaram por permanecer sentados no bar jogando bastante conversa fora, compartilhando de algumas doses de álcool que, em pouco tempo, deixou seus rostos avermelhados e suas mentes alteradas o suficiente para culparem-no por qualquer ação ou atitude. Atsumu, no entanto, estava bem mais bêbado do que o outro, pronto para dançar até suas coxas arderem em dor. Assim, se levantou do banco em que estava e se aproximou do ouvido de Sakusa, deixando um beijo lento no local, o que desestabilizou qualquer controle que o moreno havia se esforçado para adquirir naquela noite.

Ao se afastar o suficiente para olhá-lo nos olhos, Atsumu sorriu provocador passando uma mensagem clara com aquele sorriso provocante que, com toda certeza, havia sido entendida: não se atreva a desviar seus olhos de mim.
Com os braços acima da cabeça, junto de um rebolado sutil, Atsumu se afastou e foi em direção a pista de dança. Seu rosto estava vermelho, mas não de vergonha, toda a que tinha já havia sido devorada pelo álcool, este sim que fornecia o rubor em suas bochechas. Seu olhar era intenso, provocador, sensual, assim como aquele sorriso em seu rosto e os movimentos seguintes de seu corpo.

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