Apesar de dirigir vestindo uma blusa de frio de couro, Sakusa sentia o vento gélido entrar pelas frestas de suas mangas ao passo que vários pensamentos invadiam e abandonavam sua mente quase tão rápido quanto como ele dirigia por aquela estrada. Andar de moto sempre fora uma terapia para si, ainda mais em uma estrada tranquila como aquela, onde podia abusar da velocidade sem se preocupar com muitas coisas e, naquele momento, a única coisa que o realmente o preocupava era como agiria assim que chegasse ao seu destino. Sabia que Atsumu estava nervoso — não que ele próprio não estivesse —, portanto, inconscientemente, tentava transparecer tranquilidade, pois sabia que, normalmente, as pessoas se sentiam mais calmas próximas de pessoas tranquilas.
De todas as coisas que Sakusa imaginou que aconteceriam entre ele e Atsumu, ir a um "encontro" era, definitivamente, uma das últimas na lista de probabilidade de realização. Por consequência, não sabia exatamente o que sentir ou como agir, e o fato de não ter controle sobre tais situações e sentimentos, estava começando a fazer com que sentisse certo incômodo, afinal gostava de ter controle sobre tudo o que fazia.
Imaginar que aquilo só estava acontecendo por Atsumu ter visto suas tatuagens era um pouco irônico, visto que, ter suas tatuagens descobertas, era outro tópico bem no final da lista de probabilidade de acontecimento. E, apesar de esconder os desenhos em sua pele, Sakusa gostava de ter seu corpo tatuado, havia traçado seu corpo quase por inteiro justamente para se sentir mais bonito, mas então porque se sentia tão inseguro em exibi-las para os outros? A resposta é bem simples: ele não gosta de ser o centro das atenções, portanto, ter atenção demais sobre si ou sobre seu corpo o deixa desconfortável. Bom, não se essa atenção vier de Atsumu.
Com os pensamentos a mil, a ponto de começar a incomodá-lo, Sakusa colocou em prática um de seus métodos de terapia pessoal cujo acabou aprimorando ao longo dos anos e de muita prática. Um pouco antes de chegar ao seu destino decidiu que deixaria as coisas acontecerem conforme elas devessem, não apressaria nenhum momento e tentaria — dentro do possível —, não ficar ansioso com aquilo, afinal ele não queria estragar nada com Atsumu, queria que a noite fosse perfeita. E, apesar de ser um método instável, pensar que, muito provavelmente, no dia seguinte estaria abraçado com o outro em sua cama, o deixava mais calmo, afinal imaginar que os momentos difíceis passariam rápido e tudo daria certo, fornecia certo conforto e descanso para sua mente.
Ao finalmente estacionar em frente a casa do loiro, Sakusa desceu de sua moto e foi em direção a porta, sendo recepcionado, imediatamente, por Babaloo. O gato conhecia o tilintar de suas chaves, o barulho de seus passos e, principalmente, seu cheiro, dessa forma, toda vez que o moreno ia visitá-lo e ao seu dono, o gato o recebia com vários miados e carinhos de boas-vindas. Às vezes até parecia que o gato era de Sakusa e estava ficando uns dias na casa de Atsumu.
— Ei, bobão, você tá bonito, tomou banho foi? — Sakusa pegou o peludo do chão e o botou entre seus braços ao passo que entrava no primeiro cômodo da casa — Sorte que você solta pouco pelo, se não minha camisa estaria lotada de seus pelos brancos — ouvindo um miado em resposta, Sakusa abraçou mais forte Babaloo e o colocou no chão a fim de ir ao encontro de Atsumu, acabando por encontrá-lo em seu quarto terminando de se arrumar.
O loiro estava de costas enquanto procurava por alguma coisa em cima de sua mesa de centro, não percebendo a presença silenciosa parada em sua porta. Atsumu vestia uma calça jogger preta e uma camisa de mesma cor e estava lindo, no entanto, Sakusa não conseguia desviar seu olhar daqueles glúteos avantajados, extremamente marcados e valorizados por aquela peça de roupa. Instantaneamente, deixou um "uau" silencioso sair de seus lábios e toda sua atenção foi centrada em um único ponto e talvez até sentisse vergonha se fosse capaz de pensar em qualquer outra coisa que não fosse abraçá-lo e tocá-lo.
Para sua salvação, ou não, Babaloo entrou no quarto miando, o que fez Atsumu virar em direção ao gato e se deparar com outro. Antes que pudesse cumprimentar aquele parado em sua porta, se surpreendeu com o elogio recebido, o que deixou suas bochechas tão vermelhas que até, literalmente, esquentaram um pouco.
— Uau — se aproximando, Sakusa repetiu o que antes havia sido dito silenciosamente e pegou no pulso alheio para puxá-lo para mais perto — Você tá tão lindo — o moreno não se referia apenas à vestimenta, mas àquele delineado impecável que Atsumu tinha em seus olhos. Um delineado preto e bem desenhado que destacava seu olhar intenso.
Com um sorriso tímido, o loiro agradeceu pelo elogio, no entanto, antes que pudesse se concentrar em qualquer outra coisa, percebeu, ao olhar para baixo, que os braços do moreno estavam descobertos, cobertos apenas por desenhos escuros, os quais havia pedido para estarem expostos. Avaliando com mais calma do que pôde avaliar anteriormente, Atsumu passava suavemente a ponta de seus dedos pelos traços pretos, analisando cada um de seus mínimos detalhes.
— Tão lindo — Atsumu disse olhando nos olhos do outro. Ele não se referia às tatuagens — Posso ver as outras? — desviou o olhar e voltou a tocá-las. Sakusa, por sua vez, sorriu um tanto envergonhado pensando no loiro vendo seus desenhos mais privados, ainda assim, conseguiu conter a coloração em suas bochechas e transferi-la para o loiro.
— Mais tarde você vê — Atsumu não estava certo se havia entendido a intenção daquela fala, mas teve a confirmação quando ouviu sua finalização — Eu brinco com o Babaloo quando a gente voltar, então vamos? — o coração do loiro quase saiu pela boca, ele realmente havia entendido de forma correta. Concordando com a proposta feita de cabeça baixa, sentiu seu queixo ser puxado delicadamente para cima, tendo uma espécie de déjà vu. No entanto, dessa vez, foi um tanto diferente, visto que recebeu um selinho demorado em seus lábios, o que deixou não só ele, mas Sakusa com o rosto em chamas.
— Vamos — pegando na mão do moreno e indo em direção ao local onde a moto estava estacionada, Atsumu ainda era capaz de sentir sua bochecha vermelha. Ambos tinham a cabeça baixa por estarem com vergonha, essa que, com certeza, iria sumiu totalmente após alguns drinks mais tarde naquela noite.
Escrito com sevawring
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Compression Sleeves
FanfictionMiya estava agindo estranho após descobrir que as meias de compressão usadas por Sakusa eram para esconder tatuagens. Ouvir falas arrogantes do loiro era irritante, mas não escutá-las era preocupante e Sakusa não fazia ideia do que tinha feito.
