05.1 • Separados eram completos estranhos

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Mais cedo naquela noite.

A mistura entre o gosto do álcool e da nicotina presente nas línguas que juntas dançavam apressadamente entre as paredes daquelas bocas, caracterizava mais um dos beijos que estavam compartilhando naquela noite. Sakusa tinha Atsumu sentado em seu colo enquanto, com ele em seus braços, tentava ir em direção ao quarto derrubando o mínimo de coisas possíveis pelo caminho, no entanto, as peças de roupa espalhadas pelo chão, assim como os objetos que uma vez estavam sobre aquela mesa de centro, indicavam como não havia tido sucesso em sua tentativa.

Todo o ambiente era local para se beijarem. Era como se não fossem capazes de esperar chegar ao quarto e aquela urgência em seus movimentos só provava tal hipótese. Por onde passavam derrubavam alguma coisa ou deixavam algo para trás, como um rastro de suas ações que apenas provava como pouco se importavam com as consequências, apenas queriam se aproveitar o máximo possível.

Quando finalmente entraram no quarto tão procurado, Sakusa abriu a porta com uma das mãos enquanto Atsumu a fechou com um dos pés e foi, subitamente, jogado sobre o colchão macio que dormia todas as noites. Em questão de segundos Sakusa já estava sobre si, beijando cada canto de seu pescoço e explorando cada pedaço de seu corpo com suas mãos grandes e quentes.

Quando pensou que finalmente conseguiriam a privacidade que gostariam, Sakusa ouviu um miado agudo e sentiu uma leve mordida em sua canela: Babaloo olhava-os com uma expressão que tinham certeza ser de indignação devido a estar sendo esquecido pela casa. Uma risada escapou a garganta do moreno enquanto Atsumu — deitado de costas no colchão com o outro saindo de cima de si —, tinha as mãos sobre o rosto e reclamava, o mais silenciosamente possível, por Babaloo tê-los atrapalhado.

— Ei, relaxa, a gente pode pôr ele pra fora depois — puxando o gato para seu colo e deitando-se ao lado de Atsumu, Sakusa apertou as bochechas do loiro enquanto tentava confortá-lo — Só vamos ficar com ele mais um pouco, temos a noite toda pela frente — assentindo com a cabeça, mas ainda com um bico no rosto, Atsumu tirou outra risada de Sakusa, mas começou a acariciar Babaloo junto do moreno, afinal era seu gato.

Após passarem alguns minutos com o bichano, que para ambos pareceram mais horas, colocaram-o para fora do quarto, ao lado de seus potes de comida e água, e então voltaram para a cama. Primeiramente compartilharam de um longo abraço, como se o objetivo fosse ter certeza de que não estavam sonhando ou simplesmente sendo enganados por uma peça pregada pela mente. Dessa forma, a fim de continuar o que haviam começado diversas vezes, mas não puderam dar a direção que queriam por falta de privacidade, Atsumu puxou Sakusa para o centro da cama e se sentou sobre seu colo, inclinando o tronco para frente, em direção aos lábios alheios.

Com aquele primeiro beijo daquela parte da noite, foram capazes de compartilhar tudo o que sentiam e, assim como no fim de uma vida têm-se a teoria de que um filme passa pela mente com memórias vividas, um com as memórias que tinham um do outro, percorria ambas as mentes, afinal, apesar de vivos, estavam finalizando um ciclo sozinhos para começar um juntos. Estavam finalmente completos.

Enquanto Atsumu passava os dedos pela pele exposta do moreno deitado ao seu lado e associava cada uma de suas sardas com pequenas estrelas, não pôde deixar de pensar em como o destino podia ser irônico. Durante todo aquele tempo que passaram brigando, nunca imaginou que realmente fossem ficar juntos e que seu maior desejo se realizaria.

Era engraçado não saber do futuro, mas ter certeza que ficariam juntos para sempre era mais engraçado ainda. Como ele podia ter tanta certeza de algo que não tinha como controlar? Bom, mesmo sem saber o que aconteceria posteriormente, além do fato de não escreverem suas histórias, ainda assim ambos sabiam que os trilhos para o futuro, apesar de serem construídos por outra pessoa e poderem ser feitos de forma diferente do esperado, não precisavam de mais nada além da companhia e amor um do outro para se sentirem completos.

Afinal, separados eram completos estranhos, mas juntos eram estranhamente completos.

Escrito com sevawring

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