03.2 • Posso te beijar?

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No dia seguinte.

Atsumu não conseguia se concentrar no treino. Toda vez que Sakusa tocava na bola as lembranças daquelas lindas tatuagens vinham à tona, fora os pensamentos impróprios que não tinha orgulho de ter. "Será que ele tem tatuagens mais escondidas?", "Porque ele as esconde?", esses eram uns dos questionamentos que rondavam sua mente durante aquela partida. Estava tão distraído que congelou ao vislumbrar parte de uma das tatuagens de Sakusa quando este recepcionou o saque do time adversário, o que fez com que recebesse a bola no rosto e caísse sobre o chão.

Todos do time foram em sua direção, estavam preocupados com seu bem estar, afinal o saque de Kageyama era extremamente potente e poderia, na pior das hipóteses, ter quebrado seu nariz — mesmo que houvesse sido amortecido nos braços de Sakusa. Após ter recebido um saque tão forte e ter acertado o rosto de Atsumu, era para o moreno estar preocupado, não era? Mas ele não estava, na verdade, ele foi o único que não foi em sua direção ao loiro para checar seu estado e sim com vontade de piorá-lo. Estava exausto daquela palhaçada, de ter Atsumu o ignorando e, ainda por cima, com a cabeça em qualquer lugar que não fosse aquela partida.

Apertando as mãos ao lado do corpo, Sakusa tentava segurar sua vontade de gritar com aquele sendo levantado do chão, afinal ele não costumava levantar muito o tom de voz. No entanto, não achava que conseguiria se conter, seu olhar furioso não passou despercebido pelos colegas de time que, assim que notaram que ele estava prestes a explodir, se afastaram, afinal sabiam que ele e Atsumu tinham seus desentendimentos frequentes, só não esperavam que fossem ouvir Sakusa gritar. Eles nunca haviam escutado. O moreno poderia ficar brabo com Atsumu, mas ele nunca gritava, era extremamente contido, apenas o repreendia, contudo, naquele momento ele gostaria até de deixar um tapa naquele maldito rosto bonito de Atsumu.
Se levantando do chão sem olhar para o rosto do outro, o loiro começou a se dirigir para sua posição, como se nada houvesse acontecido. Esse foi seu maior erro.

— Onde você tá indo, porra? Não vai nem olhar na minha cara? — gritou Sakusa, o que atraiu olhares surpresos de todos da quadra.

— Que? — Atsumu sabia o que viria, mas nunca imaginou ouvir um grito como aquele, parecia ter mágoa contida.
— O que eu te fiz, caralho? Você não sabe separar as coisas? Seja lá que porra que eu te fiz, foca no jogo, caralho — Sakusa tinha as bochechas em chamas, não de vergonha, mas de ter gritado com tamanha raiva. Não aguentava mais ser ignorado, pois até onde ele sabia não havia feito nada para que isso acontecesse e ser largado de lado, de certa forma, o deixava desesperado.

— Calma, Omi — Atsumu percebeu como o outro estava nervoso, logo tentou se aproximar e tocar em seu ombro, mas foi instantaneamente afastado e recebido com outro grito.

— Calma é o caralho, vai se foder. Você tá me ignorando porquê? O que eu te fiz, porra? — Se aproximando novamente, mesmo tendo sido afastado, Atsumu segurou no pulso do moreno antes de responder, olhando-o nos olhos como se tentasse dizer para ele se acalmar. Ironicamente Sakusa se acalmou o suficiente para abaixar o tom de voz para as próximas falas.

— Vamos conversar em um lugar mais privado — Atsumu começou a puxá-lo para longe daqueles que ainda o olhavam preocupados, mas ao dar dois passos sentiu Sakusa parar. O moreno sentiu que estava deixando seu coração amolecer pelo toque, não queria ceder tão facilmente — Por favor, acho que você não iria gostar se eu dissesse aqui — Algo no olhar do outro e nos olhares ao redor, fez sakusa bufar e seguir o loiro.

Atsumu tinha sua mente a mil, não esperava que o outro fosse confrontá-lo daquela forma, muito menos que gritaria com ele. Foram poucas as vezes que ouviu Sakusa gritar e todas elas foram em jogo, avisando ou que havia tido um toque no bloqueio ou para alguém ajudá-lo com alguma bola, por exemplo. Estava realmente surpreso por, aparentemente, ter tirado o primeiro grito, presenciado pelo time, daquele que respirava até mais rápido atrás de si enquanto era guiado.

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