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Ria enquanto Georg preparava nosso café da manhã, ele quase queima as panquecas enquanto escutava as novidades que eu contava.

— Ficou crocante!— digo assim que mordo uma parte levemente queimada, rimos e eu jogo um morango em sua direção, ele abre a boca e consegue pegar.

Georg foi uma das pessoas mais incríveis que entraram na minha vida, e quando percebi isso nunca mais deixei saí-lo dela. Ele é minha alma gêmea, o melhor amigo que eu poderia ter.

— Estou atrasado!— diz olhando para o relógio de caveira pendurado na parede, ele coloca seu prato na lava louça e coloca o leite na geladeira.

— Bom serviço!— ele passar por mim e deixa um beijo na minha testa.

— Você também, e cuidado, você ainda não é imortal, Bella!— sorrio e concordo com a cabeça.

— Se sentindo melhor?— pergunto à mulher que chorava sem parar em minha frente.

— Só vou me sentir melhor mesmo se você for comigo reconhecer o corpo, eu não consigo parar de me sentir culpada pelo o que aconteceu!

Ela chorava com vontade, um choro agonizante e repleto de dor, não conseguia negar ajuda com ela naquele estado.

— Vamos nos apressar então!— afirmo e me levanto da cadeira, um pequeno sorriso se forma em seus lábios e ela caminha para fora de minha casa.

Tranco a porta e caminho para o carro da mulher.

— Você não está em condições de dirigir, pode deixar comigo!— afirmo e ela me entrega as chaves.

Dirijo até onde o corpo da garotinha nos aguardava, espero a mulher falar com o pessoal e assinar alguns papéis para reconhecer o corpo.

Fomos guiadas para a sala onde ela estaria, o clima frio era normal aqui, e o cheiro de morte também.

Caminhamos até o saco preto na maca, segurava a mulher pelas costas e o homem abre o zíper.

Aquele rostinho angelical, lábios roxos, cortava meu coração. Na hora que a mãe vê a filha naquela situação, se acaba em lágrimas.

— Pode nos dar um minuto?— pergunto ao homem que concorda com a cabeça e sai.

Me escoro na maca vazia ao lado e fico de longe vendo o sofrimento que a mulher estava passando.

— Preciso que seja forte, querida. Sei que é difícil, mas é necessário!

Pego uma das mãos pequenas da garota, ela ainda estava morna. Fecho meus olhos e digo algumas palavras.

Era como se meu corpo se dissolve-se, como se eu parasse de ser uma coisa física e me tornasse apenas uma sensação.

Vejo a garota brincando em um balanço, me sento ao seu lado e ela me olha.

— Pode me fazer um favor, moça?— pergunta.

— Claro que posso!— respondo sorrindo.

— Fala para minha mãe que a culpa não foi dela, preciso que ela se livre da culpa. Minha amiguinha não sabia que eu tinha alergia à amendoim. Nem minha mãe, minha amiguinha, nem minha professora e nem ninguém tem culpa pelo o que aconteceu comigo!

— Vou falar para ela. Agora eu preciso que você siga seu caminho.

— Lá eu vou poder comer amendoim?

𝗜𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗢𝗧𝗛𝗘𝗥 𝗪𝗢𝗥𝗗 𝖡𝗂𝗅𝗅 𝖪𝖺𝗎𝗅𝗂𝗍𝗓Onde histórias criam vida. Descubra agora