𝟵

1.3K 164 112
                                    

Devia me sentir envergonhada por dizer isso, porém eu e Damon passamos a noite juntos. Após um jantar meio constrangedor com meu melhor amigo, eu e meu ex dormimos juntos.

Consigo notar o quão essa situação foi vergonhosa após meu sono interrompido, estou encarando o relógio com luz vermelha, algo me acordou, e eu ainda não sei o que.

Tento sessar o barulho dos meus pensamentos, me concentro no barulho da casa, ou de qualquer coisa que me tenha feito acordar no meio da noite.

Escuto a música The Legacy/ Iron Maiden, isso era muito estranho, ninguém em meu bairro escutava esse estilo musical, muito menos minha música favorita da banda.

Tento dormir, mas os solos de guitarra não me deixavam, não por eu achar que estava ruim, mas por não conseguir não escutar aquela obra prima. Me levanto e abro a porta da sacada.

O vento estava gelado, as árvores se rangiam, me encolho em meus próprios braços. Encaro meu carro pois vejo uma luz peculiar vindo dele, vejo que o som dele estava ligado, estava tudo explicado.

Rio da situação, acho que o rádio do meu carro está com mal contato. Vejo Damon dormir tranquilamente de barriga para baixo, deixando em evidência a mulher de chifres que ele tinha tatuado em suas costas. Saio do quarto, desço as escadas na escuridão que a casa estava, abro a porta e caminho até a garagem.

Abro o carro e desligo o som, volto para dentro de casa e tranco a porta, volto para cama. Me ajeito no colchão e sinto as mãos do homem me puxarem para perto de si, me abraçando por trás e colocando sua cabeça em meu pescoço.

Fecho os olhos e sinto meu corpo relaxar completamente, dou um grande suspiro enquanto sentia o edredom macio em contato com minha pele.

Novamente volto a escutar o barulho do som, por algum tempo pensei que fosse coisa da minha cabeça, porém não era, o som estava ligado novamente.

Respiro fundo e me levanto, Damon resmunga por eu sair de seus braços, desço as escadas e novamente vou até o carro. Estava escutando o CD da banda, que ganhei do meu pai há muitos anos atrás, ele sempre me ensinou as melhores músicas, os melhores gêneros musicais.

Novamente desligo o som e volto para o quarto, me jogo sob a cama já começando a ficar de saco cheio da situação. Mas dessa vez nem me dou ao trabalho de fechar os olhos, assim que me levanto novamente o som volta.

Resmungo e me levanto com ódio, desço as escadas batendo os pés e abro a porta.

— Ei— escuto alguém me chamar enquanto ia até o carro, olho em minha volta e não vejo absolutamente ninguém.

Abro a porta do carro e novamente escuto alguém me chamar, desligo o rádio e olho em volta, e novamente ninguém. Tiro o CD e o guardo em sua embalagem original.

Sabia que meu lugar no momento não era aqui fora, consigo sentir isso. Então fecho o carro e corro para dentro, antes que eu pudesse fechar a porta alguém bloqueava minha ação, como se alguém forte o bastante segurasse a porta, me impedindo de fechá-la.

Com muita força feita, finalmente consigo fechar e passar o trinco. Corro para o quarto e novamente deito.

Escuto o som do violão no começo da música, encaro minha mesa de cabeceira, sendo mais específica, encaro o CD que estava ali, que eu havia acabado de colocar. E mesmo assim Iron Maiden continuava a tocar no rádio do meu carro, mesmo não tendo mais como isso acontecer.

Eu não iria mais ir até lá fora, corro para a porta da sacada e a fecho, mas algo me faz abri-la novamente e sair para fora.

Uma neblina escura cobria meu carro, ele até se mexia, parecia que alguém estava pulando dentro, o som estava muito alto, provavelmente no último volume. Meus olhos não conseguiam se desviar daquela cena, já havia dado o tempo da música acabar, mas ela sempre voltava para o começo.

𝗜𝗡 𝗧𝗛𝗘 𝗢𝗧𝗛𝗘𝗥 𝗪𝗢𝗥𝗗 𝖡𝗂𝗅𝗅 𝖪𝖺𝗎𝗅𝗂𝗍𝗓Onde histórias criam vida. Descubra agora