7. Um ponto final

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- Eu machuquei você?- Robert perguntou uns minutos depois deitado ao meu lado. Fiz que não. Ele sorriu torto para mim, beijando meu rosto.- O que acha de um banho na hidro agora?
Gemi, preguiçosa.
- Eu acho que vou acabar dormindo na banheira.
- Eu cuido de você se isso acontecer.- mais um beijo em meu rosto.
- Eu preciso ficar em posição, não posso dormir.- falei bocejando, ficar de vigília naquela noite ia ser osso.
- Hoje não. Seja apenas minha namorada,amanhã você volta a ser a detetive linha dura.- brincou cheirando meu pescoço.- Vou preparar o seu banho.
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- Me deixe entrar!
- Não posso, Sr. Michael.- abri os olhos assustada,encarando o peitoral de Robert, ao ouvir a voz de Emma na porta do quarto.
- Desde quando eu não posso entrar no quarto do Robert,Emma?- a voz de Michael também chegou até mim. Que péssimo jeito de se acordar.
- Ora, Sr. Michael ele está acompanhado. Tenha um pouco de bom senso.
- E daí? Quantas vezes eu já entrei aí com ele acompanhado?- sentei na cama olhando para Robert adormecido. Claro que eu sabia que ele ficava com muitas mulheres, mas ouvir desta forma, era ... Nojento.- Você acha mesmo que está aí é alguém especial? Para,Emma, eu preciso que ele acorde,vai chegar atrasado na reunião.
- Me desculpe...
- Ele já vai.- gritei me levantando.
Robert sentou assustado.
- O que foi?- perguntou fazendo uma careta para a luz.
- Acho melhor você levantar antes que o seu dono arrombe a porta do quarto.- cuspi indo para o closet.
Dentro do cômodo ouvi a porta ser aberta e Robert falar algo com seu assessor. Poucos minutos depois ele apareceu na minha frente.
Claro que estava irresistível. Com o cabelo revirado e olhos inchados.
- Bom dia.- disse manhoso. Mas o espírito de sexo matinal tinha sido arrancado de mim.
- Bom dia.- falei seca.- De acordo com a sua agenda você tem uma reunião hoje antes de começar a gravar. Não vou te acompanhar, mas Jackson vai.
Robert olhou sério para mim, o sorriso sumindo.
- O que houve?- perguntou preocupado.
Eu não consegui  fingir que não era nada.
- Eu não vou ser mais uma na sua cama, ok? Se você achou que ia se aproveitar...
- Hey... O que é isso?- perguntou vindo até mim. Colocando as mãos em minha cintura.- Mais uma em minha cama? Da onde você tirou isso, Rebeca?
- Pergunte ao seu assessor.
- Rebe...
- Robert,anda logo.- a voz de Michael me fez rolar os olhos.
- Vai logo.
Ele hesitou. Ficou alguns instantes me olhando, até que tocou meu rosto e perguntou:
- Eu posso beijar você?
Ele me desarmava daquele jeito. A forma como era respeitoso na maioria das vezes me deixava vulnerável.
Não respondi. Fiquei na ponta dos pés e lhe deu um selinho demorado.
- Tenha um bom dia.- falei olhando em seus olhos.
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- Está preparada para conhecer sua sogra?- Ana perguntou enquanto tomávamos café, dois dias depois de eu ter transado com Robert.
- Ela não é minha sogra , você sabe disso.- resmunguei bebericando minha xícara.
Minha amiga sorriu para mim.
- Sabe eu vou esperar você me contar.
Rolei meus olhos.
- Preciso mesmo?- perguntei bufando.
- Ele mete bem?- perguntou a descarada comendo um pão de queijo.
Dei de ombros. Lembrando da sensação que foi tê-lo sobre mim e dentro de mim. Inclusive, na noite anterior tinha sido...
- Safada!- Ana guinchou, me assustando.- Você está lembrando de como foi? Olha esse sorriso idiota no seu rosto. Está apaixonada.
Fechei minha cara.
- Não viaja, Ana Carla.- era apenas sexo.
- Pensa que me engana,conheço voce muito bem.
Sim, ela conhecia. Mas eu não estava apaixonada. Estávamos juntos a menos de um mês. Isso não existe. E nem estávamos juntos de verdade, só agora que as coisas estavam mais intensas.
- Nos só estamos transando,ok?- frisei.- Não é nada demais. Apenas sexo. Eu não posso deixar que isso afete o meu desempenho nessa missão.
Ana pareceu entenderia meu ponto de vista.
- A vida do seu garanhão depende disso.- e como dependia. – Inclusive,você saberia que ontem mesmo ele andou se pegando com Jackson no camarim dele?
Entornei meu café, olhando para ela alarmada.
- Como é?
Ana soltou uma gargalhada, como ela podia rir?
- Por que?- exigi saber.
- Você não consegue imaginar? Jackson passa a maior parte do tempo roxo de ciúmes e ontem  Robert achou que era uma boa ideia passar numa loja de lingerie e comprar algo para você usar, pediu passar pra pegar- ela parou por um instante. Se dando conta que tinha estragado uma surpresa.- Perdão, quando ele te entrega finja que está emocionada... Então você já sabe o que houve ne. “Ela não é sua namorada”, “ você não tem nada com isso, Jackson” , “ Fique longe da minha mulher” e então os dois se grudaram e Jackson foi ... “demitido”.
- Da corporação?- meu estômago despencou.
- Não. Do trabalho dele no set.
Eu estava... Horrorizada e ... Lisonjeada. Nunca dois homens bonitos- por que eu não podia dizer que Jackson era feio, brigaram por mim.
- Isso está saindo do controle.
- Você precisa conversar com o Jackson, Rebeca. Colocar um ponto final nisso.
- Mas eu já conversei! Ele vai comprar minha parte no apartamento, o que mais ele precisa pra entender que acabou?
- Eu não sei amiga.
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“ Precisamos conversar.”- cliquei em enviar a mensagem para Jackson.
Dois minutos depois a resposta chegou.
“ Te espero hoje a noite em casa”
Em casa. Na casa dele. Eu já não morava mais lá.
Quando Robert chegou, Ana estava sentada na nossa cama e eu terminando de colocar o meu brinco. Ele me olhou de cima a baixo, eu não estava vestida como a Rebeca modelo, estava vestida como a Rebeca detetive. Com meu habitual jeans, camiseta e tênis. Não tinha por que me produzir.
- Onde você vai?
- Boa noite bonitão.- Ana acenou para ele.- Preparado para passar a noite comigo?
Robert franziu o cenho.
- Com você? Por que?
Achei melhor explicar mais ou menos.
- Eu tenho um compromisso, não pretendo demorar.- me inclinei  para ele, beijando seus lábios.- Eu já volto.
Sai do quarto a tempo de ouvir Ana perguntar “ Vamos beber algo na sua piscina?”
Dirigir até o condomínio onde morei por três anos foi estranho. O porteiro acenou para mim quando entrei e estacionei na vaga que foi minha por um tempo.
- Oi , Rebeca. Que bom ver você, voltou para casa?
Sabe aquela vizinha fofoqueira que todo mundo tem? Pois, é. Ali estava ela, Dona Rosa.
- Oi, não voltei não. Apenas vim buscar algumas coisas.- sorri sem graça enquanto tocava a campainha.
Jackson logo abriu a porta. Ele estava... Bem arrumado. Usava uma camisa social e calça preta, a barba feita e o cheiro do seu perfume, que outrora me deixava ensandecida, chegou até mim me deixando um pouco enjoada. Era muito... Forte.
- Oi.- ele disse daquela forma que beirava a sedução.- Entra. Eu fiz uma jantar pra gente. Lasanha de camarão, do jeito que você gosta.
Olhei ao redor, ele tinha preparado o ambiente para um jantar romântico. Eu tinha que sair dali.
- Eu só vim conversar, Jackson.- falei desconfortável.- Não posso demorar, Robert está...
- Ele se vira sozinho por uma noite.- disse com aversão.- ele nem acredita que estão tentando mata-lo. Senta, Rebeca. Por favor.
Como podia um lugar que me fazia tão bem, de repente me deixar agoniada daquela forma. Eu não pertencia mais ali.
- Não da.- cortei.- Eu só vim pra dizer que você tem que parar de provocar o Robert. Ok? Nós dois não temos mais nada. E você está comprometendo nossa missão com todo esse seu ciúme sem sentido.
Jackson me ignorou, indo abrir o vinho que estava sobre a mesa.
- Você gostou?- perguntou. O maxilar travado. Acompanhei seus passos, eu sabia o quanto explosivo ele era.
- Do que?
- Da lingerie que ele comprou pra você.
- Ele não me deu nada. E eu não entendo o que você tem haver com isso.
Meu ex namorado sorriu,debochado.
- Ele já viu você com seus moletons e pijama de flanela?- ele serviu uma taça de vinho. Estreitei meus olhos.- Aposto que não, né? Ele não te conhece de verdade e quando conhecer ele não vai gostar. Você não pertence ao mundo dele,Rebeca.
Sim. Eu sabia muito bem disso.
Robert e eu éramos incompatíveis de várias maneiras. Nossos mundos não se cruzaram em momento algum se não fosse aquela missão.
- Eu não quero mais nada com você.- pontuei, ignorando a alfinetada que ele deu em mim. Jackson parou de tomar o seu vinho.- E isso não tem nada haver com Robert Pattinson, tem haver com você ser um homem tão frágil que não suportou o fato de que sua namorada poderia ganhar a promoção que você tanto almeja. Você me fez escolher entre duas coisas que eu amanhã muito...
- Não me amava tanto assim.- me interrompeu batendo a taça sobre a mesa. Quando voltou a me olhar a fúria delineava seus olhos.- Se me amasse tinha preferido estar comigo. Mas você escolheu ...
- Eu não deveria escolher. Você não tinha o direito de me colocar nessa situação. Se nós terminamos foi por culpa sua. Eu te amava. Muito. Mas agora... Eu sinto que tomei a decisão certa.
- Quando essa missão acabar você vai ficar sozinha.- Jackson cuspiu. Dei um passo para trás.- Você não tem mais ninguém além de mim, Rebeca. Ninguém.
- Eu prefiro estar sozinha do que ter que viver sendo sua sombra.
Não esperei uma resposta,abri a porta e sai.
Eu esperava que aquela conversa fosse o ponto final que ele precisava.
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Jackson conseguiu me deixar irritada. Furiosa. Entrei na mansão de Robert pisando firme, tudo já estava escuro quando subi pela escada.
- Oi.- falei ao encontrar Ana na sala de tv que ficava em frente ao quarto que eu dividia com Robert.
Minha amiga olhou para mim,me sondando.
- Como foi?- perguntou voltando sua atenção para o filme que passava.
Sentei ao seu lado no sofá.
- Tenso,como eu imaginei que seria.- peguei um pouco da pipoca que ela comia.- Emma fez isso para você?
Ana sorriu para mim.
- Ela é uma senhorinha maravilhosa.
Eu sorri também.
- É sim.
- Eu quero detalhes.- Ana ergueu as sobrancelhas para mim.
Dei de ombros e falei tudo o que tinha acontecido. O quanto Jackson tinha sido idiota e o quanto eu achava que ele tinha razão.
- Não caia na pilha dele.- Ana disse limpando as mãos.- Ele é um otario e você uma gostosa, agora eu vou embora. Dei a desculpa que amanhã você tem uma sessão fotográfica depois do almoço para ficar te esperando. Mas na verdade temos uma reunião com toda equipe na casa de Welinton. Ah... Seu namorado vampiro está emburrado desde que você saiu. Boa sorte.
É claro que estava. Conhecendo minha amiga ela não tinha dito uma palavra sobre onde eu estava.
Desliguei a tv e acompanhei Ana até a saída, trancando tudo e voltando para o quarto.
Robert, para a minha surpresa,não estava dormindo. Estava sentando na  espreguiçadeira na sacada e... Não... Ele não estava...
- Você está fumando maconha, Robert?
Ele me olhou com as sobrancelhas erguidas.
- Estou. Você quer?- ele ofereceu o baseado para mim enquanto apertava os lábios e logo depois soltava a fumaça.
- Eu devia fazer você comer essa merda.- Falei tirando aquilo dele e jogando no chão, pisando em cima.
- Hey! Era o meu último!- reclamou, os olhos azuis vermelhos.
- E eu acho muito bom ser o último se não eu te levo em cana.- grunhi.
Robert me olhou por dois segundos antes de cair a rir como uma hiena desgovernada. Ótimo,ele estava chapado.
- Você não tem vergonha?- perguntei. Mesmo sabendo que um sermão agora só faria ele rir mais ainda de mim eu não resisti.- Você é uma figura pública,adolescentes t você como exemplo. Como pode fazer isso?
Algo dentro dele pareceu se ascender.
- Eu tenho uma vida antes de ser uma figura pública, sabia?- disse sério de um jeito que eu nunca tinha visto.- É injusto que eu tenha que ser perfeito só por escolher fazer o que eu amo.
Ok. Um maconheiro filosofando era tudo o que eu precisava para o meu fim de noite.
- Vamos dormir.- falei encerrando o assunto.
- Eu tô com fome.- ele disse franzindo os lábios,seu momento filósofo esquecido.
- O que você quer comer?- eu também estava com fome, não comia nada desde cedo.
A malícia pintou seus olhos.
- Quero comer você.- ele sibilou para mim. Avançando contra mim,grudando nossas bocas.
Bom,eu nunca tinha transado com alguém chapado. Veremos como vai ser.

Sob Fogo Cruzado | ROBERT PATTINSONOnde histórias criam vida. Descubra agora