Era sábado à noite e o som da boate perto do meu apartamento fazia com que as paredes tremessem. Era impossível dormir e eu resmunguei baixinho. Talvez você se pergunte o porquê de eu não estar me divertido como as outras garotas universitárias de 21 anos. Bem eu não sei ao certo a resposta, talvez seja a minha timidez e o fato de eu não ter muitos amigos, na verdade a apenas Ana, uma garota do meu período que faz alguns trabalhos comigo, colega seria a melhor palavra. Eu não me relaciono muito bem com as pessoas, acredito que me acostumei a ser sozinha. Quando fico perto de outras pessoas me sinto completamente desconfortável e sem jeito, principalmente pessoas do pessoas do sexo oposto. Nos meus raros encontros era como se eu perdesse a voz, eu não sabia o que fazer com minhas mãos e nem em qual direção olhar. Era um fracasso, por fim chegou o ponto de que eu desisti. Talvez tenha sido pela o fato de eu ter sido criada por avós conversadores em um local que era de certa forma isolado. Mas, eu gostaria de um dia ter uma melhor amiga, um dia eu deixaria alguém real entrar. Então eu preferia a vida virtual, eu possuía boas amigas que conheci na internet e até cheguei a flertar alguns rapazes, era confortável afinal eu não me sentia tímida já que não podiam me ver, eu me tornava extrovertida, a pessoa que eu realmente gostaria de ser.
Na verdade neste exato momento eu estava com o corpo estendido em minha cama navegando em um novo aplicativo de relacionamentos, chamado "Vida virtual". Você poderia ter amigos, paqueras e tudo mais. Meu perfil era simples, na foto de perfil eu estava com vestido vermelho com decote quadrado, meu cabelo loiro escuro emoldurava meu rosto e contornava meus ombros. Meus olhos verdes estavam vibrantes naquela foto entrando em contraste com minha pele alva, aquela realmente parecia-se com a garota que eu fingia ser.
Eu estava deslizando meus dedos pela tela do celular e convidando algumas pessoas para serem meus amigos. Uma garota de cabelos castanhos e grandes olhos cinzentos era a próxima, Juliana era seu nome. Ela parecia ser uma pessoa legal e era da mesma cidade que eu, resolvi adicioná-la. Continuei deslizando os dedos até parar em um rapaz, franzi o cenho perante a imagem do seu perfil. Não dava para ver seu rosto pois ele tampava com uma das suas mãos e com a outra fazia sinal feio para câmera, no seu dedo médio uma tatuagem que parecia ser de um algarismo romano. Ele estava vestindo um moletom cinza, não dava para saber a cor dos seus cabelos pois ele estava de toca e não dava para saber se ele era ou não bonito. Eu iria ignorá-lo, mas resolvi ver seu perfil.
André Fonseca
Não gosto muito de pessoas, elas mentem, elas não verdadeiras. Gosto de pessoas sinceras, que não tem vergonha de falar o que pensam ou o que sentem. Eu sou a verdade nua e crua, você nunca gostará do que realmente se passa pela minha cabeça agora.
Eu fiquei um tanto encabulada com as palavras e nem pensei duas vezes em clicar em adicionar. Digamos que ele despertou certa curiosidade em mim. Eu ouvi meu estômago rosnar e por isso deixei meu celular em cima da cama e fui pegar uma fruta para comer. Quando voltei percebi que havia mensagens.
André: Olá mulher de vermelho (:
Bia: Oi (:
André: Como vai?
Bia: Bem e você?
André: Eu estou bem...
Você é de onde?
Bia: Presidente Prudente e você?
André: São Vicente...
Ele ficou em silêncio e eu fiquei tentando formular alguma pergunta.
André: Estuda, traballha??? O que você faz? :P
Bia: Estudo direito e você?
André: Humm... foda ein
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Totalmente Virtual
Roman d'amourAndré: Qual sua altura? Bia: 1,60 e a sua? André: 1,85... Você é baixinha, mas se você colocar saltos fica na altura da minha boca ;) Sinto meu estômago contorcer-se e um novo sorriso desliza por meus lábios. Bia: E isso teria alguma finalidade? ;...