★ CAPÍTULO 1 ★ bom dia, Morioh!

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  — Querida? Vamos, acorde. — minha mãe falou, enquanto me sacodia.

  — Hm...? Tô não, tô não...

  — "Tô não" o quê, menina?! Acorde logo! Oxe! A gente já chegou!

  — O que? — despertando quase completamente, olho para minha mãe que ria de mim.

  — Depois de trinta horas de vôo acordada, não me admira que esteja zureta! Falei pra você dormir, mas não, você estava ocupada demais com seu joguinho. — ela balançou a cabeça, com um sorrisinho.

  — Fazer o que? Eu tava em uma fase muito difícil! Aquele boss era muito roubado!

  — Tá, tá, pelo menos você conseguiu cochilar do aeroporto até aqui. Veja, aquela é nossa casa — ela aponta para a casa, onde o carro estacionou na frente. Não era muito grande, mas também não era pequena, era aconchegante, tinha dois andares e uma frente muito bonita.

Desço do táxi, e olho envolta. A cidade parecia muito pacífica, as ruas eram bom enfeitadas, as casas com uma aparência muito bonita. Acho que essa mudança pode ser muito interessante... Confesso que minha mãe acabou me pegando de surpresa, quando disse que iríamos nos mudar para o Japão. Mas não era de se estranhar, já que ela tinha descendência japonesa, mas era 100% brasileira.

Porém, meus avós insistiram para ela fazer aulas de japonês e de outras línguas também.

Minha mãe vem de família rica, entretanto, sua vida começou a desandar depois que conheceu meu pai. Aos 20 anos, ela ficou grávida de mim, e meus avós a obrigaram a se casar com meu pai, uma ano depois que eu nasci, meu pai começou a mostrar seu verdadeiro catéter.

Voltava para casa bêbado, às vezes ameaçava bater na minha mãe, e ameaça até me matar, e eu tinha apenas um ano de idade. Minha mãe logo o largou, e foi aí que começou o verdadeiro inferno.

Depois de anos sumido, ele reaparecia querendo que minha mãe voltasse para ele, dizendo que mudou e que se arrependia do que fez. E por mais que minha mãe dissesse para ele sumir, ele sempre voltava.

Até que, de uns meses pra cá, ele deu pra ficar seguindo minha mãe pra onde ela ia, ele tentou até se aproximar de mim, mas por sorte, minha mãe interferiu a tempo, ela falou com a polícia, mas não adiantou de muita coisa. Então ela achou que a melhor solução era deixar o Brasil. Assim, meu pai não iria mais nos incomodar.

Mas chega, não quero perder tempo pensando nessas coisas, o que importa é que estamos bem longe dos perigos do Brasil. Olha esta cidade! Tenho a impressão de que vou ter uma ótima vida tranquila aqui.

  — É linda, não é? — minha mãe me abraçou de lado, ela tem um grande sorriso nos lábios.

  — É sim — sorrio também, estou feliz em vê-la assim, fazia tempo que não a via sorrindo desse jeito, espero que seja assim para sempre.

  — Bom, vamos lá! Temos muitas coisas pra arrumar! — ela disse, se virando para o outro lado, parecia estar enxugando uma lágrima.

Não é de se estranhar que ela esteja se sentindo assim, pois eu também estou, finalmente vamos poder viver em paz. E, pelo menos as aulas sofridas de japonês, que tive com minha mãe, vão servir para algo!

  — Anda logo, menina!

  — Aii! Já tô indo!

Ajudei minha mãe a carregar nossas malas para dentro, depois de pegar a última mala, finalmente posso dar uma olhada dentro da casa. Era aconchegante, a sala era espaçosa, e como a casa já vinha mobiliada, não precisaríamos trazer nossos móveis, até porque não ia dar, também, né.

𝘿𝙞𝙖𝙢𝙤𝙣𝙙 𝙞𝙨 𝙐𝙣𝙗𝙧𝙚𝙖𝙠𝙖𝙗𝙡𝙚 (𝙟𝙤𝙨𝙪𝙠𝙚 𝙭 𝙡𝙚𝙞𝙩𝙤𝙧𝙖)Onde histórias criam vida. Descubra agora