Um, dois, três, quatro voltas pelo central park em pleno inverno. Eram seis da manhã e eu só não queria voltar para casa, não queria encarar meus cômodos vazios e muito menos pedir desculpas para minha mãe e voltar para onde eu morava com ela.
Às vezes, como nesse exato momento, me sinto perdidamente sozinha. Tudo está um caos, ainda mais agora que ela descobriu a traição do meu pai, e isso modificou um pouco o meu cérebro.
Meu pai sempre foi a figura em que me espelhei, inteligente, atencioso, me ensinou tudo que eu sei, as pessoas sempre falavam que éramos muito parecidos.
Ele era professor de inglês no High School e simplesmente estava tendo um caso com a mãe de uma das alunas. O pior é descobrir que meu pai, Ivan Peters, já havia tentando se divorciar várias vezes, mas minha mãe sempre o ameaçou, desde que eu era pequena.
Minha mãe, Gardênia Holges, já que nos proibiu de dizer o sobrenome do meu pai associado ao seu nome, ficou furiosa, e agora está mais rígida e impossível de controlar. Quer de qualquer maneira me tirar da faculdade, por conta do meu curso de letras igualzinho ao do meu pai, mas eu não vou sair.
Comprei um apartamento já faz alguns meses, eu não fazia ideia que precisaria me mudar tão cedo da casa dos meus pais então estou sobrevivendo sem mobília e apenas um colchão no meio da sala vazia.
Desde que descobrimos eu não tenho respondido as mensagens de nenhum dos dois.
Só quero um espaço pessoal para digerir tudo isso, mas ela não me deixa respirar.Posso até ter nascido em um ambiente privilegiado ( e digamos que esse ambiente privilegiado tenha me deixado nesse momento apenas com o dinheiro da poupança, sem um emprego e a mensalidade da faculdade para pagar), com pais com boa condição financeira, mas eles nunca estiveram por perto. Sempre priorizaram o trabalho e em parte acho que estavam certos.
Ou eu não teria todas as coisas que posso ter acesso hoje em dia, mas é confuso, e complicado, e eu sei que preciso dar um jeito e encontrar um emprego logo.
Cinco, seis... doze voltas. Meus joelhos não aguentavam mais. Estava ficando difícil respirar com o vento frio no meu rosto, nem os exercícios físicos pareciam conseguir esquentar os ossos.
— Bloom? Correndo no meio desse frio? Vai acabar adoecendo! — Vejo Flora se aproximar e balanço a cabeça.
Flora Barker estudou comigo no High School, ela sempre foi a representante de turma, sempre esteve a frente de tudo ( e agora não é diferente, ainda age como se tivesse alguma responsabilidade com os colegas).
Receber a preocupação de outra pessoa me deixa sempre desconfortável, é por isso que sempre finjo não estar perdida em mim mesma.
— Só umas voltas para eu não perder o pique — Abro um sorriso e meu nariz estava vermelho pelo vento frio já que parei de movimentar meu corpo.
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Era Um Adeus Naquele Inverno
RomanceElsa Summers, adora o inverno. Uma mulher de personalidade e a menos extrovertida da família. Elsa gosta da vida que leva, é formada em administração e no momento cursa artes cênicas, no inverno dá aula de patinação no gelo para crianças e consegui...