Aprendendo A Dominação Da Água

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    Passaram-se algumas semanas... Nós temos alguma coisa. Acho que podemos ser um casal. A gente não dá um nome para o que temos. Na verdade, a gente só se curte e é muito bom. A gente se cuida e se trata bem. Mas a gente esconde isso da tribo. Não sabemos como eles vão reagir.
     Foi algo conversado entre nós e não queremos estragar o que temos. Melhor ser feliz do que ter que aguentar todo mundo tacando pedras. Pelo menos, estamos felizes entre nós. As convenções antigas não existem mais. Quando estamos só nós duas, só temos nós e ponto. Isso que importa.
     Bom, sobre nossos treinos, Cheryl está bem melhor do que eu agora em dominação de água. Ela está mexendo ali na frente e formando pequenas ondas. Eu só consigo fazer a água tremer. Ela é bem melhor, mas ela é a Avatar, né? Claro que ela seria bem melhor que eu! Eu só ensinei como ela poderia acessar o que ela precisava.
     Na verdade, eu não sei mais quem está ensinando quem. Ela é muito boa no que faz e eu não sinto inveja dela por isso. Ela é o caminho e a sabedoria! Não é? O que me faz pensar no que eu vou ajudar ela na luta, no futuro, sei lá. Tipo, ela disse que tinha que me achar. Acho que devo ajudar além disso, né? Ou é só nisso?
     Mas... Eu mal sei dobrar água! Só ensinei ela a fazer o início, mas ela já está ali quase fazendo ondas gigantescas. É muito estranho! Como eu posso ajudar a Avatar na luta contra a poderosa Nação do Fogo, se eu não sei mexer numa aguinha?
     Eu fico olhando para água e fazendo força para ela se mover. Ela não se move e eu fico meio carrancuda. Que saco! Eu queria fazer ondas, também! Ondas grandes, poderosas, que derrubam navios! Fazer todos aqueles malditos da Nação do Fogo morrerem afogados!
     De repente, sinto algo me atingir nas costas. Olho para trás e não vejo nada. Olho para os lados meio desconfiada. Hum... Sei não!
     — Que foi? — Cheryl me olha de lado, parecendo estar curiosa.
     — Alguma coisa me atingiu nas costas. Você viu o que foi? — Fico desconfiada do que pode ser.
    — Eu não vi nada, estava aqui fazendo ondas. — Ela dá de ombros.
    — Deve ser coisa da minha cabeça. — Também dou de ombros e volto a olhar para água com a cara carrancuda.
     Sinto algo bater nas minhas costas de novo, mas dessa vez eu tava mais atenta e vi quando a Cheryl fez um movimento com as mãos e depois algo atingiu minhas costas.
     — Você! Você está jogando neve em mim, sua sem vergonha! — Olho para ela meio que sorrindo e meio que bicuda.
     — Joguei e jogo de novo. Olha! — Ela faz outro movimento com as mãos e joga uma bolinha de neve em mim.
     — Você vai ver! — Eu pego um montinho de neve e faço uma bolinha, jogando nela.
     — Você não me acerta, ruim de mira. — Ela gargalha quando desvia da bolinha.
     — Volta aqui! Vai vendo, eu vou te pegar e você vai se ver comigo! — Eu começo a correr atrás dela.
    — Pega nada! Você é péssima nisso, Toni. Horrível demais! — Ela fica rindo e eu não sei se fico brava ou se começo a rir junto.
     — Vou mostrar para você quem é ruim! Volta aqui! — Eu corro atrás dela e quando tô quase tocando o braço dela, quando llevo um escorregão daqueles, batendo as costas no chão.
     — Toni, você está bem? Você se machucou? — Eu olho para ela e ela está toda preocupada, o que me faz pensar que ela está muito fofa assim.
     — Eu tô bem. — Sorrio para ela, enquanto ela fica me olhando preocupada. — Sério, eu tô bem!
     — Mesmo? Não machucou nada? — Ela continua com aquele olhar preocupado.
     — Machucou aqui. — Eu aponto para minha boca e faço beicinho.
     — Ah, aí eu posso curar! — Ela sorri e me dá um selinho.
     — Ainda não curou. — Eu continuo fazendo biquinho.
     — E agora? — Ela dá outro selinho.
     — Não! — Eu continuo...
     Aí quando ela vem para me dar outro selinho, eu coloco as mãos no rosto dela e beijo ela. Ela retribui o beijo com a mesma intensidade e calor.
    É estranho! Toda vez que nos beijamos, é como se eu me queimasse por dentro. É como se o fogo que, nela, existe viesse para mim e ficasse aqui dentro. Eu me sinto quentinha. É um calor que mistura o sentimental com o sexual.
     Eu sou virgem e aqui se fala pouco sobre essas coisas. Mas eu já li sobre. Tipo, só um pouco. O que eu li é que o sexual é quando um homem e uma mulher sentem desejo um pelo outro. E eu sinto desejo por ela. E um dia a gente vai fazer algo além de só beijar. Né?
     Eu não quero fazer isso agora, agora! Mas eu tenho desejo de sentir mais, ir além do beijo porque sinto essa chama. E esse fogo aqui dentro só aumenta isso. Eu só sei que um dia a gente vai fazer mais. Sei lá...
     — Como acha que eu estou me saindo? — Ela me olha com uma carinha quando a gente se solta e ela nem deve imaginar que eu fiquei pensando pornografia enquanto beijava ela.
     — Eu acho que você vai ter que começar a me ensinar a dominação de água. Você já faz ondas, já faz bolinhas de neve. Eu só consigo fazer a neve se mover e nem consigo fazer ondas. Talvez só quando eu estou nervosa. — Eu dou de ombros, enquanto olho para água.
     — Talvez você só precise encontrar seu ponto de equilíbrio. Foi assim que eu consegui. Você não quer tentar? — Ela me lança um olhar de vamos lá.
     — Pode ser... Não sei se vai dar certo, mas vou tentar, né? — Dou de ombros e vamos até à beira d'água.
     — Feche os olhos e tente encontrar o seu equilíbrio. Esqueça tudo e todos. É só você e a água. Foi assim que eu fiz. — Ela fala em um tom calmo e simples, o que me faz saber que é a Avatar que está falando comigo.
     Olho para a água e ela se movimenta para lá e para cá. Acompanho o movimento, movimentando as pontas dos dedos para lá e para cá. Começo a sentir dentro de mim a água fazendo parte de mim. É tão simples e tão de dentro de mim. Eu sou a água e a água sou eu.
     Movimento minhas mãos no ritmo da água. Sei o que quero que ela faça. Quero que ela seja uma grande onda e que fique parada. Olho para a água e penso que ela vai ser uma onda grande e parada. Sim, grande e parada.
     A água começa a se formar. É rápido, mas para mim parece devagar. Consigo ver as gotículas se unindo e sei para onde elas devem ir. Então, na minha frente, se forma uma onda grande e parada. Ela fica ali na minha frente, enquanto eu respiro calmamente.
      — Você conseguiu, Toni! — Cheryl toca no meu braço e eu olho para ela sorrindo.
     — Eu consegui, eu consegui! — Estou em êxtase.
     — Parabéns, eu sabia que você conseguiria! — Ela também parece estar em êxtase.
     Olho para a onda. Ela ainda está ali intacta, mesmo estando em êxtase. Consegui manter a concentração. Eu mantive o foco, pois encontrei meu equilíbrio. Cheryl estava certa.
     — Obrigada por me ajudar. — Dou um selinho nela, muito feliz, enquanto a onda se desfaz.
     — Você me ajudou e eu só retribuí. — Ela sorri e faz carinho no meu rosto.
     — Eu gosto muito de você. — Deixo a emoção do momento falar alto e digo sem pensar.
     — Eu também gosto muito de você, minha linda. — Ela me dá um beijo bem profundo.
     Sinto que acho mesmo que estou descobrindo o que é o amor, pois ele é o companheirismo igual nós tivemos agora e ele é mais que isso, como quando eu sinto fogo dentro de mim.

Daylight (REPOSTAGEM MELHORADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora